terça-feira, 6 de julho de 2010

1982: Itália põe fim a sonho do Brasil


Ricardo Acampora

Mais uma vez o futebol brasileiro tinha se renovado e a nova geração de excelentes jogadores permitiu que o técnico Telê Santana selecionasse um grupo excepcional para a Copa da Espanha de 82.

O time de Telê não teve dificuldades em se classificar, despachando nas eliminatórias a Venezuela e Bolívia.

Para o Mundial, a Fifa aumentou o número de participantes de 16 para 24, de modo a refletir o crescente número de inscrições e acomodar interesses financeiros e políticos.

A Copa já tinha se tornado um negócio bilionário, atraindo a maior audiência entre os eventos esportivos existentes.

Mais jogos

Com o aumento do número de participantes, na Copa da Espanha foram disputadas 52 partidas, em comparação com as 38 da Copa de 78.

Os 24 países foram dividos em 6 grupos, cabendo ao Brasil encabeçar o grupo 6, ao lado de URSS, Escócia e Nova Zelândia.

O time de Telê contava com o talento de jogadores como Leandro, Júnior, Zico, Sócrates, Falcão e Toninho Cerezo.

No jogo de abertura, a Argentina, campeã mundial, foi derrotada por 1 a 0 pela Bélgica. Esta partida marcou a estréia em Copas do Mundo de Diego Maradona, a grande estrela mundial de sua geração.

No dia seguinte, o Brasil começou a campanha contra a União Soviética. O time jogou mal, com uma defesa insegura, que permitiu que os soviéticos abrissem o placar, com um gol do meio-de-campo Bal, em falha do goleiro Valdir Peres.

No segundo tempo, o Brasil continuou errando muito e o árbitro espanhol, Ausgusto Lamo, deixou de marcar um pênalti em favor dos soviéticos, cometido pelo zagueiro Luisinho, do Atlético Mineiro.

A criatividade dos atacantes brasileiros acabou garantindo a vitória de virada. O empate veio com um belo gol de Sócrates, que, depois de driblar dois adversários, desferiu um potente chute de direita no ângulo do goleiro Dasaev.

O ponta Éder fez o gol da vitória a dois minutos do fim, com outro chute forte, de fora da área.

Escócia

No segundo jogo, contra a Escócia, o Brasil mostrou mais tranqüilidade. Nem o gol dos escoceses, aos 18 minutos de jogo, abalou o time. O Brasil seguiu dominando e os gols foram saindo normalmente.

Primeiro Zico, em cobrança perfeita de falta. Em seguida o zagueiro Oscar fez de cabeça, depois Éder, encobrindo o goleiro escocês Rough. O meia Falcão fechou o placar a três minutos do final. Resultado: 4 a 1 para o Brasil.

No último jogo das oitavas, nova goleada brasileira. Desta vez, o time venceu a Nova Zelândia por quatro a zero, com dois gols de Zico, um de Falcão e outro do centroavante Serginho.

Na próxima fase, o Brasil teria que deixar Sevilha e iria à Barcelona formar o grupo C com a Itália e a Argentina.

Os argentinos, campeões do mundo, pareciam ser os adversários mais perigosos. Os italianos faziam uma péssima campanha, tendo marcado apenas dois gols nos três empates que conseguiram na primeira fase (0 a 0 contra Polônia e um a um contra o Peru e Camarões).

Mas os italianos surpreenderam ao vencer os argentinos por 2 a 1. Contra o Brasil, a Argentina voltou a jogar mal e a seleção brasileira não perdoou, vencendo por 3 a 1, com gols de Zico, Junior e Serginho, com Ramon Diaz descontando.

Os campeões mundiais estavam eliminados e o jovem Diego Maradona perdeu a cabeça atingindo deslealmente o meio-de-campo Batista. Como resultado, foi expulso de campo.

Brasil eliminado

No dia 5 de julho, o Brasil voltava ao campo do pequeno estádio do Sarriá, para decidir a classificação contra a Itália. Para o Brasil, o empate era suficiente.

Mas logo aos 5 minutos de jogo, o centroavante Paolo Rossi abriu o placar para a Itália. O Brasil empataria aos 12 minutos com Sócrates, finalizando um passe de Zico.

Paolo Rossi voltou a marcar aos 25 minutos, aproveitando uma falha de Cerezo numa saída de bola equivocada. Depois de muito batalhar, o Brasil voltou a empatar no segundo tempo com Falcão, dando a impressão de que a classificação estava garantida.

Mas o time de Telê não sabia se defender para segurar um resultado e, instintivamente, continuou atacando, dando chances à Itália. Aos 29 minutos, o artilheiro Rossi marcou o último gol da partida e pôs fim ao sonho de mais um título brasileiro.

O Brasil, eleito pela imprensa internacional especializada como o melhor time da Copa, estava eliminado da Copa de 82.

Semifinais

A Itália seguia para as semifinais, junto com a França, a Alemanha e a Polônia.

Os italianos, empolgados com as vitórias sobre Brasil e Argentina, nem pareciam o mesmo time que começara timidamente o mundial. Com outros dois gols do oportunista Paolo Rossi, a Itália não deu chances aos poloneses. O placar de dois a zero colocava a Itália na final contra a Alemanha.

A outra semifinal entre França e Alemanha acabou sendo considerada a melhor partida daquele mundial.

No lado alemão, craques como o lateral Briegel, o meio-de-campo Paul Breitner e os atacantes Littbarski e Rummenigge, além do excelente goleiro Schumacher.

A França não ficava atrás, com Amoros na lateral direita e o excelente Trésor comandando o miolo da zaga. No meio-de-campo brilhava o talento do baixinho Girese e de Tiganá. No ataque, os ótimos ponteiros Six e Rocheteau eram liderados pelo fabuloso Michel Platini.

Depois de um empate de um a um no tempo normal, o jogo foi levado a uma prorrogação de 30 minutos.

Os franceses fizeram dois gols e cometeram o mesmo erro da seleção brasileira: continuaram atacando, permitindo que os alemães empatassem em 3 a 3.

Pela primeira vez na hisitória das Copas, uma partida teria que ser decidida em cobrança de pênaltis. Prevaleceu a Alemanha que marcou cinco, contra quatro dos franceses.

Final

Alemanha e Itália fizeram a grande final. Os italianos entraram com muita raça e não deram chance aos alemães.

Final do jogo: três para a Itália (gols de Paolo Rossi, Tardelli e Altobelli) e um para a Alemanha (Paul Breitner). A Itália conseguiu, assim, seu tricampeonato, igualando a marca brasileira.

Paolo Rossi, o "carrasco" do Brasil, tornou-se artilheiro da Copa de 82, com seis gols.

Para o Brasil, sobrou o consolo de ter pela primeira vez um juiz apitando uma final de Copa do Mundo, o árbitro Arnaldo César Coelho.

Para muitos, a Copa de 82 marcou o fim da era do chamado futebol arte. A partir daí, prevaleceriam o preparo físico e os rígidos esquemas táticos defensivos, que acabariam por tirar o brilho do espetáculo.

Times como a França de Platini e o Brasil de Zico, Sócrates e Falcão passaram a ser citados para mostrar que no futebol o que conta mesmo é o resultado.

Uma grande curiosidade do mundial da Espanha foi a interferência do xeque do Kuwait, Fahid al-Sabah. Ele invadiu o campo da partida em que a França derrotou o Kuwait por quatro a um, para protestar com o juiz soviético Miroslav Stuper, contra a validação de um gol francês.

Surpreendentemente, o juiz não só permitiu a invasão de campo, como voltou atrás e mudou sua decisão, anulando o gol francês. O árbitro acabou punido pela Fifa.

Seleção brasileira:

Valdir Peres, Paulo Sergio, Carlos, Leandro, Edevaldo, Oscar, Luisinho, Juninho, Edinho, Junior, Pedrinho, Toninho Cerezo, Falcão, Batista, Renato, Paulo Isidoro, Sócrates, Serginho, Roberto Dinamite, Zico, Éder e Dirceu.

Resultados:

Grupo 1:

Itália 0 X 0 Polônia
Peru 0 X 0 Camarões
Itália 1 X 1 Peru
Polônia 0 X 0 Camarões
Polônia 5 X 1 Peru
Itália 1 X 1 Camarões

Grupo 2:

Argélia 2 X 1 Alemanha Ocidental
Áustria 1 X 0 Chile
Alemanha Ocidental 4 X 1 Chile
Áustria 2 X 0 Argélia
Argélia 3 X 2 Chile
Alemanha Ocidental 1 X 0 Áustria

Grupo 3:

Bélgica 1 X 0 Argentina
Hungria 10 X 1 El Salvador
Argentina 4 X 1 Hungria
Bélgica 1 X 0 El Salvador
Bélgica 1 X 1 Hungria
Argentina 2 X 0 El Salvador

Grupo 4:

Inglaterra 3 X 1 França
Tchecoslováquia 1 X 1 Kuwait
Inglaterra 2 X 0 Tchecoslováquia
França 4 X 1 Kuwait
França 1 X1 Tchecoslováquia
Inglaterra 1 X 0 Kuwait

Grupo 5:

Espanha 1 X 1 Honduras
Iugoslávia 0 X 0 Irlanda do Norte
Espanha 2 X 1 Iugoslávia
Honduras 1 X 1 Irlanda do Norte
Iugoslávia 1 X 0 Honduras
Irlanda 1 X 0 Espanha

Grupo 6:

Brasil 2 X 1 URSS
Escócia 5 X 2 Nova Zelândia
Brasil 4 X 1 Escócia
URSS 3 X 0 Nova Zelândia
URSS 2 X 2 Escócia
Brasil 4 X 0 Nova Zelândia

Segunda fase

Grupo A:

Polônia 3 X 0 Bélgica
URSS 1 X 0 Bélgica
Polônia 0 X 0 URSS

Grupo B:

Alemanha Ocidental 0 X 0 Inglaterra
Alemanha Ocidental 2 X 1 Espanha
Espanha 0 X 0 Inglaterra

Grupo C:

Itália 2 X 1 Argentina
Brasil 3 X 1 Argentina
Itália 3 X 2 Brasil (O Brasil jogava pelo Empate )

Grupo D:

França 1 X 0 Áustria
Áustria 2 X 2 Irlanda do Norte
França 4 X 1 Irlanda do Norte

Semifinais:

Itália 2 X 0 Polônia
Alemanha Ocidental 3 X 3 França
(Alemanha Ocidental venceu por 5 X 4 nos pênaltis)

Disputa pelo terceiro lugar:

Polônia 3 X 2 França

Final:

Itália 3 X 1 Alemanha Ocidental

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020326_copa82.shtml

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