Em Natal, até mesmo álbuns com fotografias de adolescentes são apresentados a “clientes” dentro de shopping.
Vlademir Alexandre
De acordo com o Sistema Nacional de Combate à Exploração Sexual Infanto-Juvenil, o Rio Grande do Norte é o terceiro estado no ranking de denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes. Ainda segundo o estudo, em todo o Brasil foram 49.577 denúncias desta natureza entre os anos de 2003 e 2007.
Para a coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-Casa Renascer), Sayonara Dias, os números refletem a preocupação com o avanço desse tipo de crime e, principalmente, com o anonimato em que ele se mantém e a falta de políticas públicas de prevenção.
“A gente se depara com várias dificuldades para combater a exploração sexual infato-juvenil. As principais delas são saúde, educação e assistência social. Esses três pontos são fundamentais para prevenir. Além disso, temos a necessidade de geração de renda para as famílias que apresentam indícios de fragilidade e, consequentemente, permitem a exploração”, destaca.
O pensamento dela, aliás, é confirmado pelas estatísticas da polícia. Segundo a Delegacia Especializada em Atendimento à Criança e Adolescente (DCA), as vítimas natalenses são de regiões periféricas da cidade, como os bairros da Redinha, Mãe Luiz e na comunidade da África.
Ainda de acordo com a unidade policial, os aliciadores se utilizam de promessas de dinheiro e presente para articular os encontros com os turistas. As mais “profissionais” conseguem ajuda de taxistas para que eles conduzam os “clientes” até elas.
“Existe uma rede muito bem articulada. Inclusive, books são apresentados dentro de um shopping em Ponta Negra. Mas, esses agenciadores agem de maneira muito escondida o que obriga uma maior fiscalização por parte da Secretaria de Segurança Pública”, comenta Sayonara Dias. Ela explicou que esses agenciadores geralmente são taxistas e funcionários de hotéis.
Na tentativa de reascender o debate sobre o turismo sexual em Natal, a Câmara Municipal do Natal promove uma audiência pública na próxima terça-feira (23), às 9h. A autora da proposta foi a vereadora Júlia Arruda (PSB), que preside a Comissão de Turismo na Casa.
“Esse assunto anda esquecido, mas ele está camuflado na sociedade. Foi criado um Comitê especial para as obras da Copa 2014 e ninguém tem falado das questões sociais. Nesse período, teremos um fluxo de turista muito grande, então, é preciso ter um olhar voltado para a exploração sexual”, comentou Júlia Arruda.
Pelo projeto do Governo Federal, o Rio Grande do Norte deverá receber R$ 400 milhões para as obras de mobilidade urbana para a Copa. Com isso, a Prefeitura pretende realizar 16 construções, incluindo viadutos, complexos viários, obras de sinalização e acessibilidade.
De acordo com a vereadora, o objetivo da audiência pública é encontrar maneiras de incluir a prevenção ao turismo sexual dentro do Comitê da Copa 2014. “Será um debate importante e esperamos encontrar soluções para combater de maneira eficaz esse problema que há tantos anos atinge a nossa cidade”, ressaltou.
http://www.nominuto.com/noticias/policia/copa-2014-crime-de-exploracao-sexual-entra-na-pauta-de-discussao/49480/
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