Um vídeo postado no Youtube mostra detalhes da morte da turista Maria Marques Cordeiro, de 47 anos, na Lagoa da Cotia em Rio do Fogo, a 80 quilômetros de Natal, no último sábado. A mulher foi atingida por uma boia levada por um jet ski. Um inquérito civil, conduzido pela delegacia regional de Ceará-Mirim, e outro da Capitania do Portos, apontará as responsabilidades do condutor do veículo.
fotos:adriano abreu
Em Pirangi, motoristas de carros e de quadriciclos não respeitam nenhuma regra de trânsito Depois de ser atingida pela boia, a turista Maria Marques ainda foi encaminhada para o Hospital Percílio Alves, em Ceará-Mirim, mas morreu a caminho do local. Outros três familiares ficaram com ferimentos leves.
O piloto do jet ski se apresentou espontaneamente a delegacia de plantão da zona norte de Natal. Após esclarecimentos, Wagner Miguel de Araújo Galvão foi liberado e responderá o processo em liberdade.
De acordo com Getúlio Torres, titular da delegacia de Ceará-Mirim e responsável pela apuração do crime, existe a possibilidade do piloto ser indiciado por homicídio doloso, que é quando há intenção de matar. Na manhã de ontem, Wagner Miguel procurou o delegado espontaneamente para falar sobre o acidente. Segundo o delegado, Wagner afirmou que a corda que puxava a boia se rompeu e, por isso, não pôde evitar a morte da banhista. Contudo, o delegado diz que, caso não seja confirmado que a boia se soltou do jet ski, o acidente demonstraria que o piloto assumiu o risco de matar um dos banhistas, o que juridicamente caracteriza o dolo eventual.
Depois da conversa informal que ocorreu ontem, Getúlio Torres foi até a lagoa da Cotia, em Rio do Fogo, onde buscou mais informações sobre o caso. De acordo com ele, o jet ski e a boia já foram recolhidos pela Capitania dos Portos e a polícia vai solicitar acesso para averiguar se realmente a corda estava rompida. O depoimento de Wagner Miguel ao delegado de Ceará-Mirim está agendado para próxima quinta-feira.
Na manhã de ontem, a Capitania dos Portos havia mandado uma equipe para realizar a inspeção naval e constatar se o veículo possuía registro e se o condutor era habilitado.
Segundo o comandante da Capitania, o capitão Allan Kardec, nunca houve registro de ocorrências naquela área. “Trabalhamos com fiscalização nas áreas de maior movimento. Mas, mesmo assim, se recebermos denúncia podemos nos dirigir até o local e verificar o caso”.
De acordo com ele, há leis que garantem a segurança do banhista. “Nenhuma embarcação pode estar com certa velocidade a menos de 200 metros do fim da praia. Sendo constatado a irregularidade, o condutor pode ser multado, em um valor que varia de R$ 40 a R$ 3.200 dependendo da gravidade e da reincidência, ou ter o veículo e a habilitação recolhidos”.
O inquérito da Capitania tem 90 dias para ser concluído e apontar as causas e as responsabilidades dos envolvidos.
Wagner Miguel de Araújo Galvão, já responde processo na Justiça.
Multimídia
Veja o vídeo que mostra o momento exato do acidente em Rio do Fogo: http://www.tribunadonorte.com.br
Fiscalização não ordena veículos
A chamada “Operação Verão” deflagrada por diversos órgãos públicos para orientar e proteger turistas e veranistas nas praias urbanas e ao sul e norte de Natal, na “alta estação”, vai até 13 de março. Mas, a sensação de insegurança continua entre os banhistas e frequentadores de parte dos 412 quilômetros orla marítima do Rio Grande do Norte, por conta da invasão e disputa dos espaços costeiros por carros, veículos e praticantes de esportes náuticos. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu no último domingo algumas das praias mais movimentadas do litoral potiguar e encontrou muitas irregularidades no trânsito de veículos na terra e no mar.
Garçon há sete anos na praia de Redinha Nova, Antonio Nascimento da Silva diz que lá todo banhista “tem de ter cuidado com o filho, para não sofrer acidente”. Ele conta ser comum o tráfego de automóveis, picapes e bugres na Redinha Nova, mas até a placa sinalizando que é proibido o tráfego de veículos “já arrancaram”.
Segundo Silva, até hoje não houve acidente grave na Redinha Nova, mas já ocorreu “de um carro bater de raspão numa criança” em novembro do ano passado”.
Na Redinha Nova, a TRIBUNA DO NORTE encontrou um dos dois utilitários do Detran que estão à disposição da Companhia de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE), na manhã de domingo, dia 17. “A gente começa o patrulhamento às 7h30 e termina às 17h30”, disse o soldado Marcos Alexandre Silva.
Marcos Silva disse que só na semana passada foram apreendidos sete veículos. A TRIBUNA DO NORTE ainda conversou com dois bombeiros que faziam a ronda em dois quadriciclos. “A gente orienta as pessoas a evitarem áreas perigosas e que só tomem banho com água da cintura para baixo”, disse o bombeiro Lopes.
Em Pitangui, onde é veranista há 25 anos, José Wilami Filho, dizia que mesmo com a “Operação Verão” ainda falta uma fiscalização maior. Pra ele, o perigo maior é com as crianças, “porque a gente nunca sabe como elas vão se movimentar”, enquanto os carros passam próximo a elas. A reportagem ainda chegou a abordar um motorista de uma picape Nissan preta, que reconheceu estar errado: “Mas não estou bebendo e ando devagar”, chegou a responder ele, mas sem querer se identificar.
Em Jacumã, embora haja sinalização específica informando a proibição de veículos na beira mar, a quantidade de carros que passa na beira-mar é muito grande e assusta banhistas.
Esporte radical
Praticantes de esportes náuticos, como jet-ski e kitesurf, também disputam trechos das praias com os banhistas. Em praticamente todas as praias percorridas pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE a quantidade de jet-ski, lanchas e outras embarcações circulando próximo à praia era grande. Em alguns casos, as embarcações circulavam entre os banhistas sem qualquer precaução.
Semelhante ao que acontece com os veículos terrestres, para cada tipo de embarcação é preciso uma habilitação específica. Para pilotar um jet-ski, por exemplo, é preciso uma habilitação de motonautas conduzem e é preciso ser maior de 18 anos.
Este ano, as blitzen da Operação Verão estão circulando por todo litoral do estado com ênfase nas áreas com maior fluxo de banhistas e turistas como Barra de Cunhaú, Pirangi, Baía Formosa, Galinhos, Pirangi do Norte, Pirangi do Sul, Pitangui e Muriú, além das lagoas de Extremoz e Bonfim.
No ano passado a Operação registrou: 203 ações de inspeção, 1.453 embarcações inspecionadas, 74 notificações, 19 autos de infração, cinco apreensões e um inquérito.
Esporte
Outro perigo que os banhistas encontram na praia são equipamentos de esportes de aventura. No último domingo, a TRIBUNA DO NORTE também flagrou, no pier de Pirangi do Sul, o tráfego de jet-ski entre os banhistas e motoqueiros fazendo piruetas e acrobacias na beira da praia.
No Local, não havia nenhum fiscalização.
bate-papo- Ramzi Elali » secretário estadual de Turismo – Setur
Dois acidentes fatais com turistas no prazo de uma semana. Isso preocupa?
Preocupa e muito. Gera propaganda negativa. Mas também não é possível desprezar os fatos. São raros acidentes da natureza daquele que envolveu a turista pernambucana com o bugue.
São mesmo raros os acidentes com bugues?
Raríssimos. Para se ter uma idéia, de 1988 para cá aproximadamente 12 milhões de pessoas já andaram com os bugs credenciados. Daí a conclusão de que há uma grande dose de fatalidade nesse acidente. Já com o acidente do jet ski, vamos acompanhar de perto para evitar que eventos lamentáveis e semelhantes como esse se repitam.
E este agora com a turista goiana e o jet ski?
Este caso ainda estamos averiguando. Neste momento não tenho muitas informações.
O que o senhor pretende fazer?
Em primeiro lugar deixar claro que esses dois lamentáveis acidentes são exceções dentro de uma regra de tranqüilidade. O desejável é que não aconteçam nunca, pois da parte dos bugueiros existe um treinamento rigoroso e uma igualmente rigorosa concessão de licenças.
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/morte-e-bagunca-no-litoral-potiguar/170402
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