sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Congresso vota leis inúteis sobre segurança

Congresso vota leis inúteis sobre segurança

Mudança de paradigma

Perguntado sobre Polegar, Tarso diz que Congresso vota leis inúteis sobre segurança

Publicada em 17/09/2009 às 20h33m

Fábio Vasconcellos

O ministro da Justiça Tarso Genro e o prefeito Eduardo Paes durante assinatura de convênio de R$ 100 milhões para segurança na cidade / Foto: Fabio Rossi

RIO - O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta quinta-feira que o Congresso Nacional costuma aprovar leis inúteis sobre segurança pública. A afirmação foi feita durante a cerimônia de assinatura de um convênio com a prefeitura no Rio no valor de R$ 100 milhões. Ao ser perguntado sobre o caso do traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, que estava preso e foi para o regime-aberto, mas não retornou para a prisão, o ministro defendeu uma mudança de paradigma na segurança pública no país.

" Cada vez que acontece um crime violento, o Congresso vota leis frequentemente inúteis sobre isso "

- Cada vez que acontece um crime violento, o Congresso vota leis frequentemente inúteis sobre isso. Leis que são votadas no calor de uma comoção pública que pretende dar uma resposta imediata para a sociedade e não dão resposta nenhuma. Na minha opinião, o que tem que mudar no país, além da qualidade do sistema penitenciário, e uma cautela muito maior com o questão da execução penal, é o paradigma da segurança pública no país. Para que nós tenhamos uma segurança pública que tenha uma boa resposta repressiva, uma boa polícia judiciária, policiais bem pagos, e fortes políticas preventivas voltadas para a juventude, que são, na verdade, o alvo do recrutamento do crime organizado. E que gera condições perversas de acolhimento desses jovens - disse Tarso Genro.

Na avaliação do ministro, é preciso também mudar a cultura do consumo de cocaína nem setores da classe média alta.

- Esse mercado de consumo de cocaína é muito extenso em setores da classe média alta. Os estoques de cocaína estão em determinados lugares, onde o Estado não atua, onde a polícia tem dificuldade de entrar, e quem faz a entrega desses estoques para o mercado consumidor são jovens, e frequentemente menores de idade. São instrumentalizados para isso. Então, ao mesmo tempo que temos que ter a questão da droga com uma questão de saúde pública, temos que ter a cautela de não responsabilizar os doentes e viciados, nós temos que ter um olhar para esse consumidor irresponsável que aceita a utilização dessa relação mercantil, estimula portanto o consumo da droga, e estimula ao mesmo tempo o afundamento da juventude no controle do crime organizado - afirmou o ministro.

Segundo o convênio assinado com a prefeitura do Rio, a cidade receberá cerca de R$ 100 milhões do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) para aplicação em ações de combate à violência, como a instalação de 350 câmeras de vigilância nos principais corredores comerciais e pontos turísticos e a compra de armamento não-letal. A verba será ainda utilizada para a criação de cinco inspetorias informatizadas para Guarda Municipal. Além disso, será feita a implantação de áreas de lazer em comunidades carentes e em programas de capacitação profissional e empreendedorismo, beneficiando os moradores de 11 favelas: Cidade de Deus, Dona Marta, Complexo do Alemão, Acari, Complexo da Penha, Reta João XXIII, Vila Kennedy, Vila Aliança, Maré, Manguinhos e Providência.

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