sábado, 13 de fevereiro de 2010

Taser: as pistolas não-letais (?)

Quando se associa choques elétricos à polícia e aos militares é inevitável a lembrança dos tenebrosos “anos de chumbo” por que passou o Brasil a alguns anos atrás: os militares da Ditadura que iniciou-se em 1964 utilizaram diversos meios de tortura para coagir os inimigos políticos do regime, sendo o choque elétrico um dos mais terríveis e dolorosos processos adotados àquela época. Os tempos são outros, o Brasil aderiu à democracia, temos uma nova Constituição Federal, e a tendência é que os fantasmas da Ditadura passem a ser exorcizados. É o que está sendo feito agora com a adoção, por parte do Governo Federal, de pistolas Taser, que são armas de eletrochoque, distribuídas para polícias de vários estados brasileiros.
Governo 
Federal adquire pistolas Taser

O que é a Taser

A Taser é fabricada pela empresa Taser International, e possui (o modelo a ser utilizado no Brasil, a Taser M26) um mecanismo de disparo similar ao das armas de ar comprimido. Assim que se pressiona o gatilho, a arma aciona um cartucho de gás nitrogênio, que se expande e gera pressão para que eletrodos sejam lançados na direção desejada. Esses eletrodos estão ligados à arma por fios condutores isolados, e possuem ganchos que facilmente agarram nas roupas. Basta os eletrodos se prenderem para que a corrente elétrica seja transferida dos fios ao agressor.
Tiro de Taser
Os impulsos elétricos transmitidos são da ordem de 50.000 volts, e afetam o sistema nervoso central do indivíduo, prontamente imobilizando-o, fazendo com que ele fique na posição fetal. Ao atingir a vítima, os eletrodos disparam uma descarga de 5 segundos. Após isso, caso o operador permaneça com o dedo no gatilho, uma descarga é liberada a cada 1,5 segundo.
O alcance máximo da arma, a depender do cartucho utilizado, é de aproximadamente 10,6 metros (comprimento do fio da M26), e após um disparo, os fios tem que ser recolhidos para que a arma seja novamente utilizada. Os 50.000 volts citados, são gerados por 8 pilhas AA de 1,2 volts, através de condensadores e transformadores que a arma possui. O fabricante informa que todas as armas possuem uma memória digital que armazena a data e a hora dos 585 últimos disparos, além de expelir confetes identificadores com o número serial do cartucho no momento do disparo.

A Taser mata?

O termo “Arma não-letal” é um contrasenso. Se tomarmos uma caneta como exemplo (que nem arma é considerada), estudando as possibilidades letais dela, veremos que os prejuízos possíveis utilizando-a como arma levam, sim, à morte — perfurações toráxicas, no pescoço, nos olhos, enfim. Assim, o ideal seria chamar essas armas de “menos letais”, como é o caso da Taser.
Os confetes expelidos com o nº de série do cartucho:
Confetes de 
identificação Taser
Segundo o site da Universidade do Porto, Portugal, só nos Estados Unidos, em torno de 330 pessoas morreram, desde 2001, pelos efeitos de armas Taser (número da Anistia Internacional). Lá o uso das Taser são autorizadas em vários estados até mesmo para a sociedade civil. Enquanto entidades como a Anistia Internacional criticam o equipamento, as instituições policiais alegam que as mortes estão associadas ao uso de estupefacientes (cocaína, ecstasy, heroína, etc.) pelos atingidos.
Portugal e Canadá também já usam a Taser, sendo que este último registrou o mais notório caso de morte por causa da arma. O fato ocorreu quando o polonês Robert Dziekanski se exaltou no Aeroporto de Vancouver em outubro de 2007. Os policiais canadenses utilizaram a arma, e o turista, de 40 anos, que não usava drogas, acabou falecendo.

A Taser no Carnaval da Bahia 2009

Através do fornecimento das pistolas pelo Governo Federal, as Taser destinadas à Bahia já foram utilizadas no carnaval 2009. O Jornal A Tarde divulgou em recente matéria a novidade, trazendo alguns comentários errôneos de especialistas(?) em relação às armas. Primeiro diz que as descargas são de 120.000 volts, quando o modelo M26 não passa de 50.000. Depois afirma que a distância mínima de utilização é de 15 metros, mas a verdade é que existem cartuchos que vão de 4,5 a 10,6 metros para a M26:
Cartuchos da Taser
Quanto aos custos da reposição de cartuchos, há alguma razão naquilo que diz a matéria, questionando se haverá recursos para realizá-las.
A Taser é um passo importante no sentido da aplicação da doutrina de uso progressivo da força, onde o primeiro nível de uso da força é a presença do policial e o último é a força letal da arma de fogo. Cabe às polícias treinarem seus policiais para bem usar o equipamento, e aos policiais resta a consciência das possibilidades, remotas mas possíveis, de letalidade da arma. A Taser traz melhores condições de trabalho, preserva a vida do cidadão e a integridade do policial, mas apenas se não for usada abusivamente, e sim dentro da técnica.

Abordagem  Policial

Antonio Jose disse...
A matéria é boa e, em grande parte, correta. Urge, entretanto, corrigir algumas informações que foram divulgadas: O TASER age no sistema nervoso sensorial e no sistema nervoso motor e NÃO no sistema nervoso central (cérebro e coluna espinhal). A pessoa atingida pelo disparo do TASER NÃO fica em posição fetal, mas, sim, é paralisada e cai ao solo em diferentes posições, conforme a direção em que corpo esteja inclinado. O TASER NÃO emite uma descarga elétrica a cada 1,5 segundos, mas, sim, de 15 a 20 descargas elétricas (pulsos) por segundo, independentemente do tempo de duração do disparo e, diga-se de passagem, este tempo é determinado única e exclusivamente por quem dispara, podendo ser o disparo interrompido no primeiro segundo ou continuamente prorrogado pelo tempo que o policial julgar necessário. Após o disparo, o cartucho é descartado, logo, nenhum fio precisa ser recolhido para que se possa efetuar um outro disparo. A memória interna da arma TASER M26 armazena as informações (dia, hora, minuto e segundo) dos últimos 585 disparos, mas a memória da arma TASER X26 armazena as informações (dia, hora, minuto e segundo) dos últimos 1.500 disparos. Quanto ao preço do cartucho, dependendo do modelo, este pode custar no máximo 39 dólares. Assim, o custo do disparo da arma TASER é infinitamente menor do que o custo do disparo da arma de fogo, afinal, o TASER evita mortes, sequelas, custos processuais e indenizações decorrentes do "tiro" letal. Vale lembrar também que o polonês que faleceu no aeroporto do Canadá, não morreu em função do disparo do TASER, mas, sim, foi acometido de morte súbita em funcão do procedimento de prisão. No Brasil e no exterior, há centenas de registros de ocorrência de mortes súbitas em procedimentos de prisão sem que os policiais houvessem utilizado o TASER.

Um comentário:

  1. A matéria é boa e, em grande parte, correta. Urge, entretanto, corrigir algumas informações que foram divulgadas:

    O TASER age no sistema nervoso sensorial e no sistema nervoso motor e NÃO no sistema nervoso central (cérebro e coluna espinhal).

    A pessoa atingida pelo disparo do TASER NÃO fica em posição fetal, mas, sim, é paralisada e cai ao solo em diferentes posições, conforme a direção em que corpo esteja inclinado.

    O TASER NÃO emite uma descarga elétrica a cada 1,5 segundos, mas, sim, de 15 a 20 descargas elétricas (pulsos) por segundo, independentemente do tempo de duração do disparo e, diga-se de passagem, este tempo é determinado única e exclusivamente por quem dispara, podendo ser o disparo interrompido no primeiro segundo ou continuamente prorrogado pelo tempo que o policial julgar necessário.

    Após o disparo, o cartucho é descartado, logo, nenhum fio precisa ser recolhido para que se possa efetuar um outro disparo.

    A memória interna da arma TASER M26 armazena as informações (dia, hora, minuto e segundo) dos últimos 585 disparos, mas a memória da arma TASER X26 armazena as informações (dia, hora, minuto e segundo) dos últimos 1.500 disparos.

    Quanto ao preço do cartucho, dependendo do modelo, este pode custar no máximo 39 dólares. Assim, o custo do disparo da arma TASER é infinitamente menor do que o custo do disparo da arma de fogo, afinal, o TASER evita mortes, sequelas, custos processuais e indenizações decorrentes do "tiro" letal.

    Vale lembrar também que o polonês que faleceu no aeroporto do Canadá, não morreu em função do disparo do TASER, mas, sim, foi acometido de morte súbita em funcão do procedimento de prisão. No Brasil e no exterior, há centenas de registros de ocorrência de mortes súbitas em procedimentos de prisão sem que os policiais houvessem utilizado o TASER.

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COMBATE VELADO | SAQUE VELADO | LADO R FT ANDRADE COMBAT | PARTE 1-25

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