domingo, 11 de abril de 2010

Infância consumida pelo crack


Crianças natalenses começam a se drogar ao verem pais consumindo na boca de fumo
Paulo de Sousa // jpaulosousa.rn@dabr.com.br

As crianças acompanham os pais até os pontos de venda de droga, observam como tudo funciona e ficam curiosas. Depois, por conta própria, passam a frequentar as bocas de fumo e logo são aliciadas pelos traficantes e transformadas não somente em entregadores - ou "aviãozinhos" -, mas também em consumidores. Essa cena, que poderia ser apenas parte de alguma obra de ficção, é, na verdade, a realidade vivida por muitas crianças e adolescentes em Natal. É o que afirma a coordenadora do Departamento de Prevenção e Acompanhamento ao Usuário de Drogas da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas), a assistente social Edileusa Paiva, que alerta ainda para a entrada cada vez mais precoce no consumo de entorpecentes.


Menores, que se tornam viciados cada vez mais cedo, entram para a cadeia de produção do tráfico Foto: Patrícia Cruz/Agência Luz/Esp. CB/D.A Press
Segundo ela, nos seus apenas seis meses de funcionamento, oito crianças, na faixa de idade entre nove a 11 anos, foram atendidas pelo órgão. Edileusa Paiva diz que o departamento foi criado em setembro do ano passado para dar apoio na recuperação de dependentes químicos e às suas famílias. Um total de 167 pessoas foi atendido até o mês de março, sendo, segundo ela, 90% de jovens entre nove a 24 anos.

Faixa crítica
A faixa etária com maior incidência vai de 12 a 19 e a droga mais usada por 99% dos dependentes é o crack. Para a assistente social, os casos que mais chocam são os de crianças, como algumas que chegam a consumir até o chamado "mesclado", uma mistura de maconha e crack. Pelo que ela tem acompanhado nos casos atendidos no departamento, esses meninos e meninas acabam entrando no mundo das drogas por verem seus pais consumindo e frequentando os pontos de venda. Depois, acabam sendo fascinados pelo poder e influência que os traficantes têm em suas áreas de atuação.

Eles são aliciados para trabalhar como entregadores dos entorpecentes pelos traficantes, que sabem da falta de punição para os "aviãozinhos", caso esses sejam pegos pela polícia. "Esses jovens são envolvidos nesse mundo pela questão do consumismo. Com o dinheiro do tráfico, podem comprar aquilo que não tinham, além da sensação de poder que têm na área onde moram".

Ao mesmo tempo em que trabalham para o traficante, esse fornece o entorpecente de graça aos jovens, de modo que eles se viciam e se tornam dependentes. 

Fonte: Diário de Natal

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