domingo, 6 de junho de 2010

O diploma pode ser um mero papel

Diretor da Rede de Ensino Cade, o professor Luiz Eduardo Suassuna, o Kokinho, prefere não falar sobre a concorrência dos “cursinhos de 30 dias”, mas alerta: o diploma pode ser um mero papel se não garantir a competência de quem o obteve. “O ponto básico de toda educação é a qualidade e é isso que oferecemos e exigimos”, ressalta. A escola dispõe de Educação de Jovens e Adultos (antigo supletivo), no qual o estudante pode concluir o Ensino Médio em um ano e meio, e realiza também dois exames por ano, autorizados pelo Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Norte.

“Para o Ensino Fundamental, a idade mínima para ingressar no curso (do EJA) é 14 anos e para fazer o exame é 15. No Ensino Médio, é 16 anos para o curso e 18 para o exame”, explica. As provas dos exames ocorrem geralmente em julho e janeiro, com 30 questões por disciplina e seguindo regras estipuladas em edital, semelhante aos publicados para a realização de vestibulares. A redação é obrigatória.

Os exames duram cinco dias e são feitas no máximo as provas de duas disciplinas por dia (com a opção também de matérias fora do núcleo comum: artes, sociologia e filosofia, que ainda não são obrigatórias no estado). Para obter o diploma de Ensino Médio, o estudante precisa passar nas provas de todas as oitos disciplinas regulares, caso contrário tem de refazer o exame da matéria na qual não conseguiu aprovação, mas só no semestre seguinte. “O índice de aprovação por disciplina é baixo, fica em cerca de 40%”, estima Kokinho.

Talvez por isso a maioria opte mesmo pelas aulas do supletivo. Nas três unidades do Cade cerca de 1.200 alunos buscam concluir os estudos nas turmas do EJA, enquanto a próxima edição do exame, em julho, deve reunir apenas 200 candidatos.  

Estudante reconhece que o diploma faz muita falta

Os alunos optam pelas provas de supletivo pelos mais diferentes motivos. Leidiane de França, de 20 anos, abandonou os estudos na 7ª série do Ensino Fundamental, há três anos, quando engravidou. Agora ela tenta concluir o Ensino Médio fazendo as provas da banca permanente no Felipe Guerra. “O diploma faz muita falta”, revela a jovem, interessada em atuar na área de telemarketing.

Já o estudante Mendes de Souza, também de 20 anos, concluiu um curso integrado, ou seja, o magistério junto com as aulas normais do Ensino Médio, há três anos, no município de Montanhas. Porém, quando tentou se matricular em uma faculdade, descobriu que o fato de ter aberto mão de algumas disciplinas não relacionadas à área de pedagogia fez com que seu diploma de nível médio não tivesse validade.

“Fiz as provas de Biologia, Física e Espanhol e vou concluir as outras para poder ingressar no curso de Marketing, da faculdade, pois já trabalho na área de merchandising”, destaca. O jovem revela que chegou a procurar informações com amigos sobre os cursinhos de “30 dias”, mas desistiu da opção diante das incertezas sobre as facilidades anunciadas.

Diretor de curso de 30 dias não vê ilegalidade na modalidade

Diretor do Curso Mahuel, que oferece em Natal a modalidade de “Ensino Médio em 30 dias”, Alex Santiago afirma que a empresa nunca foi notificada a respeito de investigações do Ministério Público, mas garante que tudo é feito dentro da legalidade. “Ouvi falar (dos questionamentos do MP), mas não há ilegalidade nenhuma e estamos de portas abertas para prestar as informações que forem necessárias”, afirmou.

Ele destaca que se fosse fraude o “curso teria sido fechado há muito tempo”, no entanto há cerca de cinco anos o Mahuel já trabalha com as provas em João Pessoa. “E nunca nenhuma instituição se recusou a receber o diploma, porque é totalmente regular”, reforça. O diretor afirma que não há interesse de aplicar os exames no Rio Grande do Norte, uma vez que o curso mantém uma parceria com a escola privada que realiza as provas na Paraíba.

Segundo Alex Santiago, a modalidade ajuda muitos alunos. “Tem estudante, por exemplo, que faz o Ensino Médio no Cefet (IFRN), onde dura quatro anos, mas já no terceiro eles passam no vestibular. Para se matricular na universidade precisam do diploma, daí vêm fazer as provas conosco”, exemplifica. Ele garante que as aulas (oferecidas durante os finais de semana) ou mesmo o material distribuído com os estudantes são suficientes para preparar bem a maior parte dos candidatos.

Professores também ficam à disposição, nos dias de semana, para tirar possíveis dúvidas e uma revisão é realizada nas vésperas das provas. No entanto, nem sempre o resultado é a aprovação. “Os alunos estão cientes, quando fazem a inscrição, de que podem levar mais de 30 dias para conseguir o diploma, pois precisam passar nas provas das 12 disciplinas”, garante o diretor. Os reprovados precisam refazer as provas das disciplinas nas quais não conseguiram atingir 50% de acertos.

O número de matérias, 12, é maior que o exigido nas bancas permanentes do Rio Grande do Norte porque no estado vizinho se divide a prova de Português e Literatura em duas e são acrescidas ainda Artes, Filosofia e Sociologia. “Aqui (no RN) não há essas disciplinas, mas também a secretaria estadual não dá orientação nenhuma, nem aulas (para os alunos que vão fazer as provas das bancas permanentes)”, compara.

Ainda assim, ele lembra que o aluno pode optar por fazer parte das disciplinas na Paraíba e concluir as restantes no Rio Grande do Norte, ou em qualquer outro estado. “É a mesma coisa de um estudante daqui que vai morar em São Paulo e faz as provas lá. É tudo dentro da legalidade”, repete Alex Santiago.

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/o-diploma-pode-ser-um-mero-papel/150413

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