sábado, 17 de julho de 2010

IMPUNIDADE - Quem comete um crime tem 5,2% de chance de responder na Justiça

Em São Paulo, 95% dos crimes ficam impunes. Apenas 1 em cada 20 casos vira processo judicial na capital paulista. As chances de impunidade dobram se o criminoso não for pego em flagrante - Redação Época, com Agência Estado- 16/07/2010 - 12:59 - Atualizado em 16/07/2010 - 12:59

Quem comete um crime na capital paulista tem 1 chance em 20 de ter de responder na Justiça (5,2%). E mais da metade dos processos só é aberta porque o autor do crime foi pego em flagrante. Se isso não ocorrer, a chance de a investigação policial descobrir o criminoso é de apenas 1 em 40 (2,5%).

Esse mapa da impunidade é resultado do cruzamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com os dos dados da produção do Ministério Público Estadual entre 2002 e 2009 com os crimes registrados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Os furtos registrados nas delegacias são o tipo de crime com menor número de denúncias no Judiciário: só 3,1% viram processos. No caso dos roubos, esse número sobe para 4,8%. Entre os crimes com maior índice de resolução estão os homicídios: 32% viram ação penal. Já o alto índice de resolução de estupros (41%) se deve ao fato de que os poucos casos denunciados pelas vítimas geralmente têm autoria conhecida.

A ineficiência no esclarecimento de crimes pode ser ainda maior. É que os dados levam em consideração só os casos registrados nas delegacias. Cerca de 70% dos crimes não são comunicados à polícia, segundo as três principais pesquisas de vitimização feitas entre 2001 e 2008 no Brasil.

Novas medidas

Levar o modelo da investigação dos homicídios para os delitos contra o patrimônio, como roubo e furtos, é a saída da Polícia Civil de São Paulo para tentar aumentar o índice de esclarecimento desses crimes. A Delegacia Geral prepara portaria para estabelecer um modelo de procedimentos que deverão ser adotados em casos de roubos a condomínios, por exemplo.

Com o novo esquema, a polícia vai mandar uma equipe para o local dos roubos. Os policiais terão a companhia de um perito que vai recolher possíveis pistas. Os investigadores vão ouvir as testemunhas e até o retrato falado deve ser feito na hora.

Violência terceirizada. Loja do Carrefour é acusada de pedir ajuda a traficantes de uma favela carioca para punir clientes. Marcelo Gigliotti, do Rio - 14/06/2010 - 10:47 - Atualizado em 14/06/2010 - 14:40

Os comerciantes estabelecidos próximos a favelas do Rio de Janeiro sempre foram suspeitos de fazer associações com traficantes de drogas para garantir a segurança de suas lojas. Os beneficiados seriam biroscas e pequenos armazéns. Na última semana a polícia carioca abriu inquérito para apurar denúncia desse tipo de proteção. Mas desta vez envolve o Carrefour – grupo francês, uma das maiores redes de supermercados do mundo, dona de um faturamento anual de US$ 34,4 bilhões.

Na loja da rede em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, duas mulheres foram surpreendidas furtando nove tubos de filtro solar. Não negam o delito, mas contam que uma delas foi levada por seguranças da casa ao encontro de traficantes da favela de Cidade de Deus, vizinha do hipermercado. Lá, teria sido espancada e ameaçada de morte. A polícia suspeita que o Carrefour esteja recorrendo ao poder do tráfico para coibir assaltos e furtos em suas dependências. Três funcionários estão presos.

Chamou a atenção do delegado Orlando Zaccone, de 36 anos, o fato de que, em dois anos de funcionamento, o Carrefour de Jacarepaguá nunca fez queixas à polícia. O supermercado da rede Sendas, vizinho de rua, registrou em quatro anos 19 furtos e 12 roubos.

Em nota oficial, publicada em jornais, o Carrefour diz que “repudia qualquer forma de violência” e que abriu uma sindicância interna para apurar os fatos. O presidente da empresa no Brasil, Frank Witek, esquivou-se da imprensa. O maior indício de irregularidade é justamente a prova que o Carrefour entregou à polícia como álibi: as fitas com a gravação das cenas do furto.

No dia 27 de janeiro, às 15h58, uma das 24 câmeras do sistema de vigilância eletrônica do hipermercado começou a acompanhar os passos de Geni Barbosa, de 27 anos, e Andréia dos Santos, de 30. Foram sete minutos de gravação até a dupla ser abordada por um funcionário. As fitas entregues à Polícia Civil mostram, em seguida, as ladras sendo levadas para uma sala, onde a mercadoria é retirada da bolsa de Andréia.

Eram 16h07. Nesse instante, há um corte e a imagem seguinte, registrada às 20h47, é de um cliente fazendo suas compras. Os seguranças sustentam que libertaram as mulheres logo após a reprimenda. Mas as fitas não exibem nada que comprove a versão. “A lacuna da gravação faz supor que houve manipulação das imagens”, diz Zaccone.

Segundo depoimento de Geni, os seguranças José Luís Ferreira e Flávio Augusto Grachet e o gerente de segurança Tadeu Luís Mendonça Pinto telefonaram para Telo, um dos chefes do tráfico em Cidade de Deus. Um traficante conhecido como Quinho foi buscar as mulheres. Tinha a missão de “ensiná-las a não roubar”. “Disseram que iam pendurar pneus em meu pescoço e tacar fogo”, contou Geni. Só foi libertada depois que Andréia, que ficara detida no supermercado, escapou e chamou a Polícia Militar. Os seguranças disseram à PM que a empresa tem como norma levar pessoas que furtam para uma sala, recuperar os objetos e liberá-las. “Por que não chamar a polícia? Se libera o ladrão, o supermercado está contribuindo para aumentar a criminalidade”, crê o delegado Orlando Zaccone.

O Carrefour agora terá de explicar, também, por que dois dos funcionários presos contratados como fiscais atuavam como segurança. A prática burla a lei federal que estabelece as normas para o exercício da profissão. “As empresas vêm contratando pessoas desqualificadas para cortar custos”, alerta o presidente do Sindicato dos Vigilantes, Fernando Bandeira.

O presidente da associação de moradores da favela, Alexandre Lima, defende o supermercado. Ele conta que o Carrefour mantém um trabalho social na comunidade, onde vivem 190 mil pessoas. “Ele emprega várias pessoas, todos os dias dá café da manhã a 60 garis comunitários e envia todos os meses sobras de mercadorias, que distribuímos para cerca de 200 famílias”, diz.

A antropóloga Alba Zaluar, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – que estuda a violência nas favelas há 20 anos e desenvolveu pesquisas em Cidade de Deus –, percebe as mudanças na tese de que o tráfico cobra por dar proteção a pequenos comerciantes. “Agora, parece que o esquema chegou às grandes empresas”, observa. “O episódio rompe com o discurso de que os traficantes protegem as pessoas. Eles matam e torturam.” Para se dissociar do tráfico, o Carrefour tem de apresentar as imagens da liberação das clientes pela segurança da loja de Jacarepaguá.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - SENHORES GOVERNANTES. TIREM A VENDA DA CEGUEIRA. O PROBLEMA NÃO É LOCALIZADO. É O SISTEMA DE PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA QUE NÃO FUNCIONA. OS INSTRUMENTOS DE COAÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA TRABALHAM DE FORMA ISOLADAS, DISTANTES, BUROCRATIZADOS E DESAMPARADOS DA LEI. 


Fonte: Blog da Insegurança

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