Oito homens armados de escopeta calibre 12, pistolas e fuzis arrombaram dois caixas eletrônicos localizados na cidade de Extremoz, na Grande Natal, na madrugada de ontem. Assim como o ocorrido na cidade de Lagoa Salgada, interior potiguar, na madrugada da terça-feira, os bandidos dinamitaram os caixas e conseguiram levar o dinheiro. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.
Os caixas eletrônicos explodidos em Extremoz estavam a menos de 200 metros um do outro. Ambos, localizados na avenida dos Coqueiros, uma das mais movimentadas da cidade. Um dos caixas arrombados era 24 horas e estava instalado na drogaria São Lázaro. O outro, do Bradesco, assim como em Lagoa Salgada, estava dentro de um ponto de atendimento do banco.
Segundo os vigias comunitários que prestam serviço na área, os bandidos chegaram por volta das 2h30. Eram oito homens armados em dois veículos. A primeira ação do bando foi render os vigilantes e ir até o Bradesco, onde arrombaram a porta (o posto de atendimento fecha às 22h) e colocaram dinamite no caixa eletrônico.
Antes de explodi-lo, no entanto, o bando foi até à drogaria e fez o mesmo: arrombou a porta e preparou o caixa 24 horas colocando nele banana de dinamite. Com os dois terminais “prontos”, as explosões ocorreram quase que simultaneamente – uma forma encontrada pelos bandidos de não chamar a atenção dos vizinhos até que estivessem com o dinheiro dos caixas em mãos.
Depois de explodidos, os caixas eletrônicos liberaram o compartimento onde fica guardado o dinheiro. Os bandidos recolheram os valores – quantia não revelada - e voltaram para os veículos, onde fugiram com direção ao litoral Norte do Estado.
Na fuga, assim que a Polícia Militar foi acionada, uma viatura que estava no patrulhamento na praia de Pitangui encontrou com um veículo onde estaria parte da quadrilha. O veículo seria uma pick-up Montana de cor escura. Os PMs teriam dado varias ordens para que eles parassem. Sem êxito. Houve troca de tiros, mas os suspeitos conseguiram fugir. Nenhum policial foi ferido na ação.
Dinheiro e munições espalhadas
Os bandidos que agiram na Grande Natal ontem foram considerados pelos vigias vítimas e pelos policiais militares da cidade como “profissionais desse tipo de crime”, visto que, entre outros fatores, eles agiram de forma bastante rápida - a ação toda durou menos de 15 minutos. Mesmo assim, o bando não teve como evitar algumas “falhas” no roubo. A primeira foi percebida ainda durante a madrugada, pelos vigias da rua.
“Quando eles explodiram o caixa do Bradesco, ficou muito dinheiro espalhado no chão. Eles perderam até um pouco de tempo juntando. Ainda deixaram algumas notas e foram embora”, afirmou um dos vigias - nome preservado.
O dinheiro, segundo a testemunha, teria ficado no local, mesmo a perícia do Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep), não tendo encontrado nenhum centavo ao chegar lá. O Itep, por sinal, começou a periciar os caixas somente por volta das 8h30, aproximadamente, 5 horas depois da ação criminosa. E ainda encontraram esses locais sem o devido isolamento da Polícia Militar.
Quando o Itep fazia a perícia na drogaria arrombada, foi encontrada uma segunda “falha” da quadrilha: aproximadamente 10 munições de pistola calibre 9 milímetros foram encontradas no chão do ponto comercial. Além disso, uma barra de ferro que teria sido utilizada pela quadrilha para arrombar a porta de ferro da drogaria. “Provavelmente, eles deixaram cair essa munição sem querer”, contou um dos peritos do Itep.
Ações dos bandidos se assemelham
As ações criminosas registradas em Extremoz e Lagoa Salgada se assemelham em vários pontos. Os veículos utilizados na fuga: duas pick-ups, modelo Montana e Savero. O armamento utilizado: escopetas calibre 12, fuzis e pistolas. A hora e o tempo da ação: agiram por volta das 2h30 e fugiram menos de 15 minutos depois de chegar. O “trato” com as testemunhas: tanto os vigias de Extremoz, quanto o agricultor Adriano Ferreira, que foi vítima no caso de Lagoa Salgada, disseram que os bandidos não se mostraram nervosos em momento algum e não chegaram a ameaçá-los; disseram “apenas” para não olharem para os rostos deles. A roupa usada nos crimes: camisa e calça escuras, botas pretas, colete a prova de balas e capuz no rosto.
Em Extremoz, os bandidos aproveitaram o momento certo para agir, o que mostra que eles acompanhavam a rotina da Polícia Militar há alguns dias. “Fica uma viatura da PM no centro da cidade e outra transitando nas praias de mais movimento. Assim que a viatura passou pela avenida dos Coqueiros, o bando entrou em ação”, afirmou o sargento José Costa.
A ação ocorreu na madrugada de ontem, sendo que na tarde anterior o caixa eletrônico localizado no posto do Bradesco havia sido abastecido para o “feriadão”. No roubo em Extremoz os bandidos chegaram dois dias após o abastecimento do caixa e, por isso, não levaram uma quantia muito alta. Nos dois casos, os valores roubados não foram divulgados pelo banco.
Secretaria de Segurança investiga casos
A Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed) divulgou nota na manhã de ontem, poucas horas após o roubo em Extremoz, comunicando que os casos, ambos com o uso de explosivos, estão sendo investigados pela Polícia Civil com o apoio de instituições policiais de outros Estados, vítimas desse mesmo tipo de crime.
Segundo a Secretaria, o desmantelamento dessas quadrilhas é de total interesse das polícias Civil, Militar e Federal, assim como do Exército, a quem cabe o controle da comercialização de explosivos. “Sabe-se que tais explosivos usados nos assaltos são desviados, furtados ou roubados de pedreiras”, afirmou na nota a Sesed.
Casos recentes de roubos de cargas de explosivos foram registrados em São Paulo e no Rio Grande do Sul e assaltos com o uso de dinamite foram registrados em todo o País. No Nordeste, somente em novembro, aconteceram ataques no Ceará, Bahia, Piauí, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em 2010, assaltos com explosivos aconteceram em todos os estados do NE. Na Paraíba foram 24 casos no ano e em Pernambuco 27 explosões. No Estado, foram quatro registros, sendo dois deles esta semana. Várias quadrilhas já foram desmanteladas ou tiveram parte dos seus componentes presa.
Segundo a Sesed, ainda, os assaltos no Bradesco e no Banco 24 horas aconteceram de madrugada em agências/estabelecimentos onde não existiam dispositivos de segurança eletrônica ou vigilância. A Sesed está providenciando contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para que medidas de segurança sejam adotadas para dificultar a ação dos criminosos. Em contrapartida, para combater os assaltos, a Sesed determinou que se intensificassem as rondas policiais nas cidades do interior e na Grande Natal, inclusive com a participação do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
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