POR VANIA CUNHA
Rio - O planejamento preciso para contra-atacar a onda de terror que criminosos espalharam pela cidade e os bastidores da histórica ocupação do Complexo do Alemão, mês passado, vão virar um livro pelas mãos do comandante da PM. O coronel Mário Sérgio de Brito Duarte já começou a escrever as primeiras páginas da obra, ainda sem título definido. A revelação do projeto foi feita durante um sobrevoo do comandante com equipe de O DIA pela região do complexo.
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
O oficial já se reuniu com editora interessada em publicar os textos, e há possibilidade de o livro ser lançado já em 2011. O relato começa justamente pelo Dia D da operação, 28 de novembro. “Comecei pelo fim. O término da história de medo e terror dos criminosos para o início de uma vida de liberdade. É uma narrativa em primeira pessoa sobre os momentos cruciais do nosso trabalho, as decisões, as aflições e tudo aquilo que resultou na retomada do Alemão pelo Estado”, explicou.
O sobrevoo de 45 minutos foi o terceiro que o coronel fez para supervisionar o trabalho de ocupação. No rosto do oficial, a emoção ao lembrar o trabalho bem-sucedido no maior reduto de criminosos da cidade. “Num passado muito recente, era impossível imaginar que sobrevoaria o Alemão sem estresse nem confrontos. O que sinto neste momento é que cumpri meu dever como policial e que realizei meu maior sonho como comandante-geral”, declarou, emocionado.
Do alto, viu as viaturas da PM e do Exército patrulhando o morro, as bases do Batalhão de Campanha — onde eram as ‘mansões’ do tráfico — e crianças jogando bola num campo. Ao avistar uma laje, contou os momentos mais difíceis que passou ali. “Fiquei ali durante 20 minutos, enquanto os policiais entravam. Lembrei de quando, em outra ocasião, fiquei encurralado lá, tomando tiros de traficantes do Alemão, do Adeus e da Baiana. Depois que a tropa progrediu, fui atrás para acompanhar pessoalmente o trabalho. Foi um trabalho coletivo de libertação que, com certeza,quero contar para os meus filhos que estão para nascer”.
Quando o helicóptero se aproximou do Complexo da Maré, o comandante da PM pediu ao piloto para desviar a rota e comentou: “Ano que vem também vou poder voar tranquilamente sobre as favelas da Maré e o Timbau”. Além do aviso de que a região será um dos próximos alvos da polícia, a promessa foi uma referência a outra afirmação feita há pouco mais de um ano em entrevista a O DIA. Na ocasião, ele havia declarado: “Alemão, pode esperar. A sua hora vai chegar”.
Piloto se emociona durante sobrevoo
O sobrevoo reservou uma surpresa para Mário Sérgio. O comandante da aeronave foi o tenente-coronel Miguel Francisco Ramos Júnior, um dos pilotos que salvaram os policiais que sobreviveram ao ataque ao helicóptero abatido por traficantes no Morro dos Macacos, no ano passado.
“A emoção é indescritível, um turbilhão de sensações. A perda dos colegas ainda dói, mas há um grande alívio em saber que as pessoas lá embaixo estão livres do conflito. Nunca pensei no que sentiria quando voasse aqui de novo. É uma experiência única”, disse Ramos.
TRECHO DO LIVRO
“Atendi o telefone celular meio que instintivamente; nem me recordo de tê-lo ouvido tocar.
A fuzilaria que se dava na Vila Cruzeiro indicava que o Bope seguia minhas ordens e atacava.
Transportados pelos M113 e Clanfs dos Fuzileiros Navais, iam os caveiras ao encontro dos traficantes entrincheirados em posições barricadas que haviam montado.
Do outro lado da linha, meu interlocutor questionou num tom de estupefação: “ Mário, você está perto de uma televisão? Meu Deus, olha aí o que o helicóptero da Globo está transmitindo, Mário!! Eles estão fugindo pela Vacaria!!! Cerca, cerca eles!”
Eu estava na porta do 16º Batalhão, onde estavam estacionados outros blindados entupidos de tropa, pronta para partir. Ali também se concentrava uma verdadeira multidão de jornalistas, policiais e fuzileiros navais.
Corri à sala de comando operacional, onde montáramos uma central de imagens e entrei, após quase arrancar a porta.
Cristalizados diante da TV, pessoal de diversas patentes da PM e comandantes fuzileiros assistiam boquiabertos à fuga em massa da vagabundagem, tentando escapar...”
O sobrevoo de 45 minutos foi o terceiro que o coronel fez para supervisionar o trabalho de ocupação. No rosto do oficial, a emoção ao lembrar o trabalho bem-sucedido no maior reduto de criminosos da cidade. “Num passado muito recente, era impossível imaginar que sobrevoaria o Alemão sem estresse nem confrontos. O que sinto neste momento é que cumpri meu dever como policial e que realizei meu maior sonho como comandante-geral”, declarou, emocionado.
Do alto, viu as viaturas da PM e do Exército patrulhando o morro, as bases do Batalhão de Campanha — onde eram as ‘mansões’ do tráfico — e crianças jogando bola num campo. Ao avistar uma laje, contou os momentos mais difíceis que passou ali. “Fiquei ali durante 20 minutos, enquanto os policiais entravam. Lembrei de quando, em outra ocasião, fiquei encurralado lá, tomando tiros de traficantes do Alemão, do Adeus e da Baiana. Depois que a tropa progrediu, fui atrás para acompanhar pessoalmente o trabalho. Foi um trabalho coletivo de libertação que, com certeza,quero contar para os meus filhos que estão para nascer”.
Quando o helicóptero se aproximou do Complexo da Maré, o comandante da PM pediu ao piloto para desviar a rota e comentou: “Ano que vem também vou poder voar tranquilamente sobre as favelas da Maré e o Timbau”. Além do aviso de que a região será um dos próximos alvos da polícia, a promessa foi uma referência a outra afirmação feita há pouco mais de um ano em entrevista a O DIA. Na ocasião, ele havia declarado: “Alemão, pode esperar. A sua hora vai chegar”.
Piloto se emociona durante sobrevoo
O sobrevoo reservou uma surpresa para Mário Sérgio. O comandante da aeronave foi o tenente-coronel Miguel Francisco Ramos Júnior, um dos pilotos que salvaram os policiais que sobreviveram ao ataque ao helicóptero abatido por traficantes no Morro dos Macacos, no ano passado.
“A emoção é indescritível, um turbilhão de sensações. A perda dos colegas ainda dói, mas há um grande alívio em saber que as pessoas lá embaixo estão livres do conflito. Nunca pensei no que sentiria quando voasse aqui de novo. É uma experiência única”, disse Ramos.
TRECHO DO LIVRO
“Atendi o telefone celular meio que instintivamente; nem me recordo de tê-lo ouvido tocar.
A fuzilaria que se dava na Vila Cruzeiro indicava que o Bope seguia minhas ordens e atacava.
Transportados pelos M113 e Clanfs dos Fuzileiros Navais, iam os caveiras ao encontro dos traficantes entrincheirados em posições barricadas que haviam montado.
Do outro lado da linha, meu interlocutor questionou num tom de estupefação: “ Mário, você está perto de uma televisão? Meu Deus, olha aí o que o helicóptero da Globo está transmitindo, Mário!! Eles estão fugindo pela Vacaria!!! Cerca, cerca eles!”
Eu estava na porta do 16º Batalhão, onde estavam estacionados outros blindados entupidos de tropa, pronta para partir. Ali também se concentrava uma verdadeira multidão de jornalistas, policiais e fuzileiros navais.
Corri à sala de comando operacional, onde montáramos uma central de imagens e entrei, após quase arrancar a porta.
Cristalizados diante da TV, pessoal de diversas patentes da PM e comandantes fuzileiros assistiam boquiabertos à fuga em massa da vagabundagem, tentando escapar...”
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2010/12/comandante_da_pm_ja_escreve_obra_que_conta_passo_a_passo_a_tomada_do_alemao_133277.html
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