segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ARMAS DE FOGO

 CONCEITO

                        ARMAS DE FOGO são peças construídas de um ou dois canos, abertos numa das extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil, o qual é lançado a distância através da força expansiva dos gases pela combustão de determinada quantidade de pólvora. Produzido o tiro, escapam pela boca da arma o projétil ou projéteis, gases superaquecidos, chama, fumaça, grânulos de pólvora incobusta e, em alguns casos, a bucha.
                        As armas de fogo são classificadas:
                        -De acordo com suas dimensões - portateis, semiportáteis e não portáteis;                        -Quanto ao modo de carregar - antecarga (carregadas pela boca) e de retrocarga (munição colocada no carregador, vulgarmente chamado "pente", no tambor ou na parte posterior do cano).                        -Quanto ao modo de percussão - pederneira, espoleta existente no ouvido ou por espoleta encontrada no estojo.                        -Quanto ao calibre - a) Nas armas raiadas* o calibre é dado em milímetros e em centésimos ou milésimos de polegada (.38 polegadas ou 9 milímetros). Os americanos preferem em centésimos de polegada, os franceses em milímetros e os ingleses em milésimos de polegada. O calibre é tomado exatamente nas raias dentro da boca do cano.b) Nas armas de cano liso como, por exemplo, nas armas de caça, o calibre é calculado em peso. Uma arma será calibre 36 se sua carga constar de 36 projéteis iguais pesando juntas uma libra.* Raias são saliências encontradas na face interna do cano que imprimem um movimento de rotação ao projétil, dando-lhe uma trajetória estável.

                        A uma grande variedade de armas de fogo, e a cada dia novos tipos surgem. Para melhor familiarização identificamos os tipos da seguinte maneira:
REVÓLVER                        Arma curta (de pequenas dimensões) que possui um tambor com diversas câmaras onde são colocados os cartuchos. É a mais comum das armas encontradas e muito utilizada pelas polícias do Brasil.

PISTOLA                        Também é um tipo de arma curta, de construção mais moderna, acondiciona sua munição em carregadores (pentes). É arma semi-automática por ter capacidade de extrair ao munição disparada e colocar outra na câmara sem interferência do atirador. Executa disparos em cadência mais rápida e tem maior capacidade de munição que o revólver, mas a munição de ambos tem potência semelhante. Podem ser encontradas pistolas automáticas, ou seja, podem dar rajadas (tiros consecutivos), mas são raras.

CARABINA                        Arma longa (com cano mais comprido), que se utiliza de munição de menor potência, como as utilizadas por revólveres. Mais encontrada na zona rural, destina-se a tiros a maior distância, principalmente na caça e na defesa de propriedades.

ESPINGARDA                        Arma longa com cano de alma lisa (sem as ranhuras no interior do cano, comuns nos outros tipos de armas). Utiliza munição própria, na grande maioria capaz de disparar várias esferas de chumbo. Destina-se à caça ou defesa de propriedade.
                        Nesse grupo inclui-se um número vasto de modelos, com as armas de carregar pela boca (ante-carga) e as espingardas "pump" em calibre 12, também conhecidas por escopetas.

FUZIL                        Arma longa de grande potência, de uso militar ou para caça grande. No Brasil os fuzis militares são os mais conhecidos, muitos podem executar rajadas e utilizam munição de grande capacidade de perfuração, capazes de perfurar placas de aço e vidros à prova de balas.

SUBMETRALHADORA                        Arma capaz de executar tiros em rajadas. Utiliza munição típica de pistolas. Apesar de sua grande cadência de tiros e maior capacidade do carregador (em geral, seu carregador comporta mais de 30 cartuchos), seu uso requer muito treinamento pois tende a desviar e espalhar os tiros durante a rajada.

OUTROS TIPOS:                        Alguns modelos não podem ser incluídos no grupo acima. São menos comuns por serem de uso exclusivamente militar, como as metralhadoras pesadas, ou por serem fabricadas em muito pequeno número, como as garruchas e pistolões.
  

BALÍSTICA FORENSE

                        A Balística Forense é uma disciplina integrante da Criminalística, que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.
                        A Balística Forence pode identificar as armas de fogo de duas maneiras:
                      Direta - quando a identificação é feita na própria arma, levando-se em conta os chamados "dados de qualificação", representados pelo conjunto de caracteres físicos constantes de seus registros e documentos, como tipo da arma, calibre, número de série, fabricante, escudos e brasões, entre outros.                      Indireta - quando feita através de estudo comparativo de características deixadas pela arma nos elementos de sua munição.                        Na identificação indireta, usam-se métodos comparativos macro e microscópicos nas deformações verificadas nos elementos da munição da arma questionada ou suspeita. Dentre eles o mais importante é o projétil, quando se trata de arma de fogo raiada, que ao passar pelo cano inevitavelmente deixa-se gravar de "impressões de cheios" e de "raias", sob a forma de cavados e ressaltos, os quais produzirão microdeformações no projétil, conhecidas como "estrias". Desse modo, tais microdeformações, pelo fato de não se reproduzirem jamais em dois ou mais canos diferentes, ainda que fabricados pelo mesmo fabricante e trabalhados pela mesma broca, contribuem com segurança à identificação individual da arma que deflagou i projétil, sendo uma verdadeira "impressão digital" da arma.                        Já nas armas de "alma lisa" não é possivel usar este metodo, sendo feita a identificação indireta nas deformações impressas no estojo e suas espoletas ou cápsulas de espoletamento. Tais deformações são oriundas da ação do percusor ou das irregularidades da superfície da culatra.                        Este tipo de identificação e muito importante quando o projétil não é encontrado ou se apresenta muito deformado para uma identificação microcomparativa, tratando-se de arma raiada.                        Nos casos de armas automáticas ou semi-automáticas com canos removíveis, aconselha-se combinar o exame comparativo das microdeformações notadas no projétil com as encontradas na cápsula da espoleta e na base dos estojos percutidos existentes no local da ocorrência.



REVÓLVER X PISTOLA
                        O revólver e a pistola são as armas de fogo mais comuns, utilizadas como armas básicas das polícias, também a preferida nos meios marginais. Aparecem em mais de 85 % das ocorrências envolvendo armas de fogo no Brasil.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE CADA ARMA
REVÓLVER .38
-Arma curta (pequenas dimensões).
-Capacidade de munição de 5 a 7 cartuchos em média.
-Possui um tambor no centro com diversas câmaras onde são colocados os cartuchos.
-Após os disparos os estojos vazios permanecem na câmara da arma, sendo seu remuniciamento mais demorado, pois é necessário que se abra o tambor, retire-se os estojos, coloque-se uma a uma a nova munição.
*OBS: O revólver é de manuseio mais simples, além de ser mais barato que as pistolas, sendo a arma mais difundida no Brasil, em conseqüência é a arma que aparece em mais de 70% dos casos de homicídios provocados por armas de fogo.
Munição .38
PISTOLA .38O
-Arma curta (pequenas dimensões).
-Capacidade de munição de 7 a 15 catuchos em média.
-Acondiciona sua munição em um carregador (pente), colocado no cabo da arma.
-Após cada disparo os estojos vazios são arremessados para fora da arma, através da janela de ejeção. Para se carregar novamente basta se apertar um botão que solta o carregator vazio, sendo comum se possuir mais de um carregador, o que torna bem rápido o remuniciamento.
*OBS: A pistola, arma mais sofisticada que o revólver, tem a vantagem da grande capacidade de munição, seu manuseio requer mais técnica por parte do atirador, sendo um símbolo de poder nos meios marginais.
Munição .380 ACP


O REVÓLVER E AS SUAS PRINCIPAIS DÚVIDAS
por José Joaquim D'Andrea Mathias

É fácil perceber, mesmo para o observador mais distraído, que a principal Arma Curta do cidadão brasileiro ainda é o revólver. Ao contrário do consumidor europeu, mais afeito à pistolas semi-automáticas, ou o norte-americano, acostumado a possuir sem problemas qualquer tipo de armamento que deseja, nós, os brasileiros, temos uma longa convivência com, basicamente, um só tipo de Arma Curta. As razões para isso possuem origens econômicas, tecnológicas e sociais, necessitando muito papel e tinta (ou bits) para ser razoavelmente explicada ao Leitor.
 Mas, de maneira simplificada, pode-se afirmar que por falta de opções o consumidor brasileiro se "acostumou" ao revólver e adquiriu, a princípio, certa "resistência" em se adaptar às armas semi-automáticas. Para isso contribui fortemente o fato das empresas nacionais de Armas Curtas só recentemente se interessarem por pistolas semi-automáticas e apresentarem uma longa tradição na confecção de revólveres, mais fáceis e baratos de produção. É de se notar que no histórico de quase todas as empresas nacionais de Armas Curtas consta que elas foram fundamentadas na produção de revólveres, a maioria cópias diretas de modelos norte-americanos.
 Do ponto de vista técnico, o revólver também tem a sua preferência nacional calçada na maior facilidade de adestramento e emprego frente às pistolas semi-automáticas, a princípio mais complexas de manejo e disparo. Deve-se sempre notar que poucos são os que lucidamente procuram cursos de Tiro para aprender corretamente o uso de sua arma pessoal e, nesse caso, o revólver se apresenta como mais passível de favorecer o "auto-aprendizado".
 Recentemente, o mercado de Armas & Munições tem visto o fortalecimento da posição de algumas pistolas semi-automáticas, notadamente a linha das Forjas Taurus, as pistolas argentinas Bersa e a austríaca Glock, ambas em calibre .380 ACP.
 Atendendo, então, a já comentada "preferência nacional", procurarei responder a maioria das expectativas dos Leitores a respeito do revólver, esse nosso velho conhecido.
Evolução GradualOficialmente, o primeiro revólver prático e funcional foi desenvolvido pelo célebre Samuel Colt em 1836 com o seu modelo "Paterson", ao qual se seguiu uma infindável série de outros produtos, numa evolução contínua e segura. Samuel Colt teve a feliz idéia de criar uma arma onde diversas câmaras dispostas num tambor eram automaticamente alinhadas para disparo pela rotação deste. O sistema de municiamento ainda era a antecarga e o disparo se efetuava por intermédio de espoletas colocadas em "ouvidos" aparafusados no fundo das câmaras. Mas, o usuário de um revólver do tipo criado por Samuel Colt, pela maior capacidade de fogo oferecida pelo alinhamento automático das câmaras, não mais ficaria restrito a apenas 1 ou 2 tiros, fato muito apreciado numa época em que os combates geralmente eram sangrentos corpo a corpo.
 Com o pleno advento da munição metálica, por volta de 1865, muitas firmas, hoje grandes e sólidas companhias, começaram a conquista de um vasto mercado ávido por Armas Curtas práticas e confiáveis para emprego principalmente na defesa pessoal. Smith & Wesson, Colt, Remington e Melvin & Huebert, entre outras, foram empresas que muito floresceram nesse período e concorreram fortemente para oferecer cada vez mais produtos que conquistassem maior parcela de consumidores.
 Na virada do século XX, o revólver como Arma Curta de uso pessoal começou a sentir os efeitos de uma crescente concorrência de outro tipo de armamento com princípios mecânicos mais elaborados e complexos: a pistola semi-automática. Por outro lado, as Armas Curtas começavam a ser empregadas em outras atividades tais como Tiro ao Alvo e a Caça de pequeno e médio porte. Assim, o revólver teve de sofrer aprimoramentos, não somente para atender a evolução tecnológica, mas também para obedecer aos novos empregos que as Armas Curtas teriam com seus consumidores.
 No advento da geração Magnum, com o lançamento do .357 Magnum pouco antes do início da 2a Guerra Mundial, o revólver teve grande fortalecimento em sua posição perante as pistolas, pois a potência de sua munição era algo extraordinário para a época e difícil de ser empregada em mecanismos do tipo semi-automático. Assim, os revólveres novamente tomavam a dianteira na preferência do mercado, principalmente após a criação de outras munições de nível Magnum, tais como o .44 Magnum e .41 Magnum. A partir dos anos 80 essa hegemonia de emprego de calibres Magnum seria ameaçada pelo aparecimento de pistolas especialmente desenvolvidas para receber munições de grande potência. Ao revólver restaria a simplicidade de manuseio e a versatilidade de poder operar normalmente com uma mesma munição em diferentes níveis de potência, algo problemático para as armas semi-automáticas, pois estas dependem da energia de recuo de sua munição para operarem.
 O aparecimento do primeiro revólver em aço inoxidável, o Smith & Wesson Modelo 60 em 1964, foi outra inovação tecnológica de "peso" e a evolução dos mecanismos de disparo, aperfeiçoados com sistemas de bloqueio automático de percussão, trouxeram maior segurança no emprego desse tipo de arma.
 Como derradeiro avanço tecnológico, pode-se considerar o revólver em titânio como a última fronteira, embora eu considere as armas da Wesson Firearms (Dan Wesson), com seus poderosos calibres, estrutura modular e canos removíveis, como o máximo em termos de evolução.
 Mas o revólver possui excelentes predicados e mesmo sofrendo concorrência das armas semi-automáticas certamente irá permanecer em sólida preferência, principalmente quando suas características de funcionamento e emprego são bem compreendidas. Apesar do forte crescimento na preferência das Armas Curtas semi-automáticas em nosso mercado, percebo, no contato com amigos e leitores, um permanente interesse nos revólveres. Através de e-mails, telefonemas e conversas em clubes pude formar uma lista das principais dúvidas existentes quanto ao emprego adequado desse tipo de arma e sua posição frente às pistolas. Muitas dessas dúvidas são também de interessados em adquirir uma pistola semi-automática, os quais procuram se informar se sua decisão será correta ou mesmo se encontrará desvantagens na troca. Então, vamos as dúvidas....
1- Quais as vantagens e desvantagens do revólver?Apesar de ser um mecanismo já próximo do máximo em termos de desenvolvimento tecnológico, o revólver apresenta inúmeras vantagens que o fazem presente em qualquer séria lista de opções de compra. Algumas das principais vantagens residem na já comentada facilidade de manejo, versatilidade de emprego, rapidez de aprendizado e na intrínseca segurança para o usuário novato.
 Por apresentar um mecanismo mais simples e de fácil operação, o revólver é o ponto básico de todo início de aprendizado com Armas de fogo. Iniciar um novato na prática do Tiro, defensivo ou mesmo desportivo, através de pistolas semi-automáticas, representa dispêndio de maior esforço na compreensão do manejo seguro de uma arma e o correto uso desta. Já o revólver, em calibres de baixa e média potência, facilita o aprendizado de conceitos básicos de segurança e manejo de Armas de fogo e os rudimentos das técnicas de Tiro.
 Em termos de segurança, o revólver possibilita a rápida conferência de estar carregado ou não e, graças aos mecanismos de barra de transferência e/ou bloqueio, o disparo da arma só se dará caso o gatilho seja efetivamente acionado. Esse fator, mais a facilidade de empunhadura e disparo, facilitam o emprego do revólver mesmo por pessoas recém iniciadas no Tiro ou em situações de excessivo "stress".
 Outro fator de vantagem para o revólver é sua inerente "condescendência" no uso de munições de potências e projéteis diferentes. Como esse tipo de arma não depende da munição para operar a seqüência de disparo, qualquer padrão de combinação é aceita sem problemas de funcionamento. Isto confere suficiente versatilidade para, num mesmo revólver, colocar-se munição de Tiro ao Alvo, portanto de baixa potência, em conjunto com cargas bem mais "quentes" destinadas ao uso defensivo.
 O fato de o revólver não depender da munição para operar seu mecanismo de disparo o faz sensata escolha quando o assunto é Segurança pessoal. Embora nos presentes dias o foco das atenções sejam as semi-automáticas de grande capacidade de munição, o revólver, com apenas 6 tiros, possui a virtude de não deixar o seu proprietário com uma arma "travada" por mal funcionamento durante uma condição de extremo perigo. Se, quando acionado, o revólver percutir uma munição que não dispare, somente será necessário acionar novamente o gatilho para se alinhar outra munição pronta para uso. Em tal situação, muitas armas semi-automáticas podem tomar preciosos segundos para se sanar a falha e estar novamente em condição de emprego. Por esse motivo é que muitos dos policiais veteranos ainda optam pelo revólver por sentirem mais confiança no seu mecanismo e funcionamento.
 É certo que a pouca capacidade de munição dos revólveres, frente às pistolas semi-automáticas, os fazem alvo de algumas críticas em termos de emprego tático em defesa. As condições de Tiro Defensivo são as mais variadas possíveis e muitos preferem confiar em armas de grande capacidade de munição ao invés de enfrentar situações com a "desvantagem" de possuírem apenas 6 tiros.
 Outro ponto de crítica é quanto ao volume apresentado pelo revólver frente a nova geração de pistolas semi-automáticas super compactas. Neste ponto, não há muito o que fazer, pois não se pode reduzir mais o perfil de um revólver sem reduzir também o número de tiros em seu tambor.
2- Qual tipo de arma é mais segura: revólver ou pistola?Em toda a longa historia de desenvolvimento do revólver seu mecanismo interno sofreu aperfeiçoamento gradual no sentido de torna-lo cada vez mais um mecanismo confiável e seguro de emprego. Mas nem sempre foi assim e muitos revólveres de concepção e projeto mais antigos eram verdadeiras "armadilhas" em termos de disparos acidentais.
 Com o aparecimento das armas semi-automáticas no início do século, o revólver tradicional começou a ser comparado perante um mecanismo de operação mais sofisticado e ao mesmo tempo complexo de manejo, mas que possuía diversos sistemas de segurança. Esses sistemas de segurança em armas semi-automáticas expunham mais as falhas do revólver quanto a ser mecanismo confiável para o usuário, forçando uma efetiva evolução.
 Diversos sistemas de bloqueio do mecanismo de disparo foram desenvolvidos ao longo dos anos visando evitar o acionamento do revólver por crianças ou pessoas desautorizadas. Desde travas de mão, do tipo empregada nas pistolas Colt, até fechaduras especiais, vários sistemas bloqueadores foram sendo lançados para tornar a guarda e manuseio de revólveres mais seguro. O mais recente desenvolvimento é apresentado pelas Forjas Taurus, que bloqueia o cão do revólver pelo simples travamento do acionamento do cão da arma, fazendo uso de uma chave especial.
 O mecanismo de disparo de um revólver moderno é hoje tido como algo altamente desenvolvido em termos de segurança, pois em seu projeto são estudados formas de bloquear o disparo da arma em caso de queda acidental ou percussão da munição sem que seja intencionalmente acionado o gatilho. Com isso, o revólver pode ser considerado um mecanismo de emprego seguro, desde que sempre mantido em suas características originais e em bom estado de conservação.
3- Disparos em "seco" afetam o mecanismo?Houve épocas em que o cão de um revólver tinha o pino de percussão como uma extensão fixa de seu corpo. Assim, o impacto da percussão era transferido diretamente para a espoleta da munição, garantindo mais confiabilidade de sua ignição. Isso também significava que, sem munição na câmara, o cão e seu pino percussor batiam por inteiro no chassi da arma, muitas vezes quebrando-se em partes devido as precárias técnicas de têmpera daquelas épocas. As técnicas de têmpera e a qualidade dos materiais mudaram muito durante os quase 160 anos de desenvolvimento do revólver, mas o medo de se disparar em "seco" e ter uma arma danificada permaneceu até os dias de hoje.
 Com os excelentes sistemas de disparo e a qualidade dos materiais encontrados nos dias de hoje na maioria das armas, revólveres ou mesmo pistolas, é plenamente seguro o disparo em "seco" sem o comprometimento da integridade do mecanismo. O único senão é feito quanto as armas em calibre .22 de fogo lateral (rimfire) pois nesse tipo de munição a forma de ignição da espoleta se dá na lateral do estojo e o pino percussor deve "picotar" a borda do mesmo tendo a beirada da câmara como anteparo. Repetidos disparos em "seco" com armas em .22 "Rimfire", nos tradicionais calibres .22 Short, .22 Long Rifle ou .22 Magnum, resultarão, invariavelmente, em deformação da lateral da câmara pela "batida" direta do percussor sem o amortecimento da borda do estojo.
 Quanto aos revólveres de fogo central, o disparo em "seco" é até recomendado por alguns especialistas tais como o famoso Atirador John Saw e o articulista Dick Metcalf, da conceituada revista norte-americana "Shooting Times". De acordo com essas abalizadas opiniões, o tiro em "seco" é indicado como a forma mais racional de "acomodar" o mecanismo de disparo em armas novas além de servir como excelente treino para o Atirador ao habitua-lo com o "peso" e curso de acionamento do gatilho. Mesmo assim, deve-se recomendar parcimônia nesse tipo de atividade, pois o mecanismo de disparo e a estrutura da arma estarão sendo exigidos de uma forma para a qual não foram necessariamente preparados.
4- O que é melhor: percussor fixo ao cão ou flutuante?Nos presentes dias existem dois sistemas de percussão num revólver: o direto, representado por armas do tipo Smith & Wesson e Rossi, e o sistema de percussão indireta ou flutuante, encontrado em armas da Taurus, Colt e Ruger, por exemplo.
 No sistema de percussão direta, o pino percussor localiza-se no cão, como nas antigas armas do século passado, mas possui movimento suficiente para impedir que se quebre quando percutir uma câmara vazia. Quando liberado pelo gatilho, o cão e seu percussor atingem diretamente a espoleta. No caso do sistema de percussão indireta o cão atinge uma barra de transferência a qual faz um pino percussor flutuante detonar a espoleta.
 O sistema de percussão direta é confiável quanto a poder atingir a espoleta mesmo quando a arma estiver com excessiva sujeira e o sistema indireto se apresenta como mais lógico de construção e menos sujeito a quebras. Ambos são sistemas igualmente confiáveis de emprego e convivem em paralelo, de acordo com a filosofia tecnológica adotado pelas empresas que o usam em seus projetos.
5- Devo amaciar o gatilho de meu revólver?Ajustar o gatilho de qualquer arma para atender preferências pessoais é algo plenamente possível e justificável. Como toda máquina de uso individual, o revólver pode receber "afinamentos" que o tornam mais adaptáveis às necessidades de seu usuário, facilitando o emprego. Contudo, certas regras de bom senso devem ser seguidas no "amaciamento" de um gatilho visando garantir resultado positivo, não prejudicar a arma e nem causar acidentes irreparáveis.
 Diversos especialistas em Armas curtas recomendam que não se inicie nenhum tipo de "amaciamento" antes da arma disparar aproximadamente 500 tiros. Esses tiros podem ser substituídos por algumas centenas de disparos "em seco" pois a intenção desse trabalho é fazer com que o mecanismo interno da arma se movimente repetidamente, perdendo aquela "dureza" e rebarbas de peça nova recém saída da linha de montagem. Partir para "amaciar" gatilhos de revólveres sem uma etapa de acomodação do mecanismo de disparo pode trazer decepções quanto ao resultado final.
 O passo seguinte será estudar junto a um armeiro competente os "pesos" de gatilho desejados sempre tendo em mente que gatilhos excessivamente "leves" são mais adequados à prática de Tiro ao Alvo e podem causar acidentes quando indevidamente empregados. Também deve-se alertar que cortar aleatoriamente e sem conhecimento alguns elos das molas internas do mecanismo de disparo pode ser uma fonte segura de dor de cabeça. Como as molas trabalham em equilíbrio, somente um armeiro experiente poderá saber como "aliviar" o peso do gatilho e polir as peças internas de maneira correta.
 Pessoalmente prefiro gatilhos com 900 a 1000 gramas para ação simples e algo em torno de 4500 gramas para ação dupla.
6- Porque tiros com munições diferentes causam variações no alvo?As Armas Curtas reagem imediatamente e em proporção à energia de recuo produzida pela sua munição. Esse fenômeno já foi assunto de extenso artigo com o título "Administrando o recuo" na edição no 31 de MAGNUM. Naquele artigo foi explicado que a variação de concentrações dos impactos com uma mesma arma e munições diferentes está relacionada à ação do recuo. Como o revólver começa a se movimentar tão logo a munição é disparada, o projétil mais pesado leva maior fração de tempo para sair do cano e deixa-lo quando o mesmo estiver em movimento de ascensão. Por outro lado, projéteis mais leves deixam o cano mais rapidamente e tendem, por esse motivo, a se concentrar em pontos mais baixos dos agrupamentos obtidos pelos projéteis pesados. Esse efeito é mais aparente nos revólveres pois eles possuem uma maior diferença entre a linha imaginária do centro do cano e o eixo do braço do Atirador.
 Como num mesmo revólver é possível empregar inúmeras variantes de munições em diferentes níveis de potência, é também recomendado que o usuário treine constantemente com sua arma, principalmente se esta for utilizada em Defesa Pessoal e possuir miras fixas.
7- Cano maior tem vantagem?Essa questão será sempre relacionada ao emprego destinado a determinada arma. Ninguém deve esperar que aquele seu revólver de 4 polegadas seja um "ferramenta de múltiplo uso" e sirva para a prática de todas as atividades do Tiro. Mesmo os revólveres de constituição equilibrada como aqueles em calibres Magnum e cano de 6 polegadas, terão mais vantagens de emprego em determinadas atividades do que em outras.
 Todos sabem que o comprimento de cano pode favorecer o aproveitamento da potência da munição por oferecer mais espaço para a expansão dos gases e aceleração do projétil. Mas daí a pensar que um revólver com cano de 8 polegadas de comprimento pode ser a resposta definitiva como armamento de Segurança Pessoal, se afigura como um exagero sem propósito.
 Mesmo sendo compactos e de fácil porte e dissimulação, revólveres com comprimento de 2, 2 1/2 e 3 polegadas de cano não conseguem acelerar plenamente sua munição. Por esse motivo não se deve esperar que certas munições do tipo "ponta oca" funcionem com eficiência total, pois esses projéteis necessitam atingir determinada faixa de velocidade para se expandir.
 O comprimento de 4 polegadas se aproxima da medida ideal para emprego em situações de Defesa por favorecer um equilíbrio entre aproveitamento de munição, relativa facilidade de porte e maleabilidade. Embora apresentem desembaraço em ação, armas com canos de 4 polegadas de comprimento somente serão eficientes em caça de médio porte se forem em calibres Magnum. Para Tiro de precisão então, os revólveres de 4 polegadas de cano não conseguem apresentar os mesmos resultados que armas com comprimento superior.
 Canos de 6 e 8 polegadas são mais indicados para a prática de Tiro Desportivo e Caça, por favorecer a precisão e aproveitamento da potência da munição. Em Defesa, esses comprimentos de cano tornam-se desconfortáveis e de emprego desajeitado.
8- Empunhaduras anatômicas valem a pena?Como acontece com o "amaciamento" do gatilho, a empunhadura de uma arma pode se escolhida ou adaptada para se ajustar às exigências ou ergonomia de seu proprietário. Para isso existem diversos fabricantes e artesãos especializados em empunhaduras, oferecendo uma vasta gama de produtos de forma a atender qualquer gosto e orçamento. O assunto foi extensamente comentado na edição no 31 de MAGNUM no artigo "Empunhaduras de Armas Curtas", onde procurei descrever todos os pontos e detalhes desse tipo de componente e apresentar os seus principais fabricantes.
 Empunhaduras em plástico, borracha ou neoprene são ideais em "peças de serviço" por resistir à maus tratos e favorecer a aderência na mão da pessoa, mesmo em situações de umidade e "stress". Por outro lado, empunhaduras de madeira são imbatíveis em beleza e acabamento, apresentando ainda a vantagem, nas mãos um bom artesão, de serem adaptadas às necessidades ergonômicas de seu usuário.
 Pessoalmente, tenho preferência para desenhos do tipo "Combat", com entalhe para dedos, pelo fato dessa empunhadura ser de fácil emprego em qualquer atividade do Tiro.
9- Devo portar uma câmara vazia como forma de segurança?Isso ainda é um assunto polemico, com raízes na época em que os revólveres tinham percussor fixo no cão e não possuíam sistema de travamento no mecanismo de disparo. Em revólveres "antigos", de fabricação antes dos anos 70, era mais seguro portar uma câmara vazia, na posição do percussor, de maneira a se evitar que este ficasse em contato com a espoleta da munição e viesse a disparar acidentalmente em caso de queda da arma. Hoje em dia esse tipo de procedimento é dispensável, pois todos os revólveres modernos saem de fabrica com um aperfeiçoado sistema de disparo, portando bloqueadores de percussão, os quais impedem o disparo acidental, a não ser que se esteja pressionando o gatilho.
 Algumas instituições policiais do Brasil exigem dos seus membros o porte de suas armas com uma câmara vazia para prevenção de acidentes, visto que esse fato já foi ocorrência relativamente comum no passado. É de se adiantar que em muitos desses casos de disparos acidentais, a maioria por queda das armas, se deu com revólveres em má conservação, modelos antigos ou com adiantado desgaste. É certo que, para essas instituições, o uso de uma câmara vazia aumenta a segurança do revólver, mas por outro lado, deixa o policial em situação de desvantagem em questão de volume de fogo frente a bandidagem.
10- Quantos tiros meu revólver "aguenta"?É comum surgir perguntas tais como "quantos mil tiros posso dar?" ou "meu revólver agüenta tantos mil tiros?". Como qualquer outra ferramenta, o revólver tem um nível de desgaste de acordo com a forma de emprego e grau de conservação. Se o proprietário de uma Arma de fogo somente fizer uso de munição "soft" para Tiro ao alvo, seu revólver (ou pistola) poderá disparar dezenas de milhares de tiros antes de começar a sair dos padrões de tolerância. Se, no entanto, o atirador somente fizer uso de munições "quentes" em sua arma, esta certamente terá um tempo de vida útil menor e deverá ser avaliada periodicamente quanto à exatidão de seu funcionamento. Esse desgaste será mais agravado se o atirador conservar mal sua arma, por desleixo ou por erros nas etapas de limpeza.
 Num revólver, o desgaste pode ser observado nas folgas entre o tambor e o cano, além de uma excessiva erosão no cone de forçamento do cano. Outras partes podem ser afetadas, tais como a força de ação das molas e a condição física do pino percussor. No entanto, mesmo com o emprego de munições de alto desempenho, somente será aparente alguma forma de desgaste após 4 ou 5 mil tiros, valor raramente alcançado pelo cidadão comum.
 E qual o limite de uma Arma de fogo? O limite de emprego, ou seja, quando uma arma deve ser analisada quanto ao seu desgaste, se dará no momento em que as suas principais partes começarem a apresentar folgas e desalinhamento, comprovando que as tolerâncias normais encontram-se comprometidas. Nesse estágio, alcançado após milhares de tiros, o proprietário deve levar sua arma a um competente armeiro para avaliação, possíveis ajustes e reparos. Como forma de ilustração, já tive em mãos um bem conservado revólver Smith & Wesson com mais de 145.000 tiros, o qual, após o devido recondicionamento, pôde continuar atirando normalmente. De uma maneira razoável, pode-se considerar algo entre 5.000 e 10.000 tiros como um tempo de vida normal para uma Arma de fogo, o mesmo que rodar 100.000 km com um automóvel.
 

Versão atualizada de artigo originalmente publicado na Revista Magnum edição no 42.

ABC DA ESPINGARDA
 Artigo escrito por Adalmir Rampini Andriolo


Conceito de Espingarda
São armas de fogo portáteis, de cano longo e sem raiamento (alma lisa), com ampla gama de utilização na caça,  tiro ao vôo, defesa, combate, etc.  Na matéria, o autor enfatiza suas aplicações esportivas e de caça, mas, as informações nela contidas também serão de grande valia para os usuários de outras áreas.

Calibre
Os calibres (diâmetro interno do cano) das armas à bala são usualmente denominados em milímetros ou polegadas. Exemplo: o calibre .45 ACP, na denominação americana, significa que o diâmetro do cano (e do projétil) é de 45 centésimos de polegada, o que corresponde a 11,43 mm. Entretanto, os calibres das espingardas de chumbo foram estabelecidos há muitos anos e não foram baseados em qualquer sistema convencional de medida. Tomou-se, como base, o número de esferas de chumbo que perfazem uma libra.
Converteu-se uma libra (453,6 g) de chumbo puro em 12 esferas de iguais peso e diâmetro. Se uma dessas esferas se encaixava perfeitamente num determinado cano, o calibre deste era "12". Estas esferas tinha 0,730 polegada de diâmetro, ou seja, 18,5 mm. De igual peso de chumbo (1 libra), foram feitas 16 esferas e chegou-se ao calibre 16, assim procedendo-se com os demais calibres, com excessão do 36, pois, segundo esse critério, seria o calibre 67. O calibre 36 corresponde, na realidade, a 0,410 polegada, ou seja, 10,414 mm.
A medida do diâmetro da alma do cano pode variar em 0,40 mm, dependendo da broca usada na perfuração, se nova ou usada, conforme ficou estabelecido na Convenção de Stutgart, em 1913:
 

Calibre
Diâmetro em mm
10
19,3 - 19,7
12
18,2 - 18,6
16
16,8 - 17,2
20
15,6 - 16,0
24
14,7 - 15,1
28
14,0 - 14,4
32
12,75 - 13,15
36 (410)
10,414
"Choke"
De início, as primeiras espingardas eram de cano cilíndrico, ou seja, com o mesmo diâmetro interno. Com o passar dos anos, foi introduzido o "choke", que é um ligeiro estreitamento do diâmetro interno do cano, junto ou próximo à boca da arma. No nosso caso, a palavra "choke" será traduzida como "estrangulamento". Damos, a seguir, tabelas que mostram os estrangulamentos, com as medidas em milímetros, os grupamentos dos chumbos e as denominações normalmente usadas. Queremos assinalar que o "choke" pleno - estrangulamento total ou "full choke" - pode variar (no caso do calibre 12, por exemplo) de 0,9 a 1,1 mm, ocorrendo o mesmo para os demais "chokes" e calibres, nesta proporção.
 
"Choke"
12
16
20
24
28
32
36
Pleno
1,00 mm
0,85 mm
0,75 mm
0,75 mm
0,65 mm
0,55 mm
0,45 mm
3/4
0,75 mm
0,65 mm
0,55 mm
0,55 mm
0,45 mm
0,45 mm
0,30 mm
1/2
0,50 mm
0,45 mm
0,35 mm
0,35 mm
0,30 mm
0,20 mm
0,20 mm
14
0,25 mm
0,25 mm
0,20 mm
0,15 mm
0,15 mm
0,10 mm
0,10 mm
Cilindro
-
-
-
-
-
-
-
"Skeet"
0,20 mm
0,17 mm
0,15 mm
0,12 mm
0,10 mm
0,10 mm
-

O estrangulamento, em décimos de milímetro, diminui de acordo com o diâmetro do cano = calibre. Se uma espingarda calibre 12, cujo cano tem um diâmetro interno de 18,5 mm, tem um estrangulamento de 1 mm no "choke" pleno (reduzindo o diâmetro para 17,5 mm na boca), numa espingarda calibre 36, cujo diâmetro interno do cano é de 10,4 mm, o estreitamento para se conseguir o "choke" pleno será, conseqüentemente, menor, de aproximadamente 0,5 mm.
Grupamento
Os "chokes" dos canos controlam o grupamento da chumbada, que é usualmente determinado pela procentagem de bagos de chumbo que atingem um alvo (placa) de 75 cm de diâmetro a uma distância convencional de 35 metros (27 metros, para os calibres 28, 32 e 36). Esta porcentagem pode variar muito pouco com uma mesma arma, dependendo, em linhas gerais, do tamanho do cartucho, da carga de pólvora e do tamanho e número de bagos de chimbo usados no carregamento do cartucho. Mais importante que a porcentagem de chumbos que atingem o alvo é a distribuição uniforme dos mesmos dentro da área de impacto (alvo).
 

Estrangulamentos ("chokes")
Grupamento
Total ("choke" pleno)
70 - 75 %
3/4
60 - 65 %
1/2 (meio "choke")
50 - 60 %
1/4
40 - 45 %
Cilíndrico
35 - 40 %
"Skeet"
60 % (a 20 m)
Os resultados com uma arma de qualidade e cartuchos de boa procedência são, normalmente, os assinalados na tabela e devem apresentar uma distribuição (dispersão) uniforme.
Num cano cilíndrico, a dispersão do chumbo inicia-se ao sair do mesmo. No "choke" pleno, a carga de chumbo sai comprimida e a dispersão será menor, e, como lançam a carga a uma distância um pouco maior do que as outras formas de estrangulamento do cano, para o mesmo calibre, conclui-se que o grau do "choke" determina o alcance máximo da arma. O grupamento do cano de "choke" pleno, a 35 metros, também pode ser conseguido com o cano de meio "choke", a 30 metros, e pelo de 1/4 de "choke", a 25 metros.
Como se pode observar nos desenhos ao lado (Fig. A), os bagos de chumbo (ou aço) se deslocam no ar de modo semelhante a um enxame de abelhas, de forma ovalada. O cone de dispersão (Fig. B) irá aumentando no espaço, ao se afastar da arma. Esta dispersão, maior ou menor, será determinada pelo "choke" da espingarda.
Um cartucho Velox (nacional) calibre 20 carregado com 22,5 g de chumbo no. 7  (diâmetro de 2,5 mm) comporta aproximadamente 248 bagos. Portanto, se disparado de um cano de "choke" pleno, de acordo com as normas adotadas, teria que contar de 171 a 186 impactos dentro do círculo de 75 cm de diâmetro. Se o cano usado for de 1/2 "choke", serão aproximadamente 136 impactos (55%). O mesmo deve ocorrer, se usados outros tamanhos de chumbo.
Os chumbos utilizados para carregar cartuchos variam, normalmente, de 1,25 a 5,50 mm de diâmetro, sendo usados, ainda, balotes: um único projétil de chumbo de diâmetro equivalente ao calibre da espingarda.
Como escolher os "chokes"
O "choke" deverá ser escolhido de acordo com a distância a que se pretende fazer o tiro de caça. Se o tiro é, normalmente, feito à distância de 35 metros ou mais, o ideal é o "choke" pleno ("full"). Para distâncias inferiores a 35 metros, "full" ou 3/4 é o recomendado. Em torno de 30 metros, 1/2 "choke", e 1/4, para distâncias em torno de 20 metros. Estudos têm demonstrado que a maioria das peças são abatidas a distâncias inferiores a 35 metros. As armas muito "chokeadas" não devem ser usadas para caça ao vôo, à curta distância, a não ser por atiradores hábeis e experimentados. Em mãos inexperientes, é tiro perdido.
Câmara
É o local, na culatra, onde se alojam os cartuchos. Existem dois tamanhos de câmaras, 70 mm (2 3/4 pol) e 75 mm (3 pol), sendo que as de 65 mm não são mais encontradas em armas de fabricação recente. A maioria das espingardas possui câmara 70, mas as adotadas para alvos distantes (por exemplo, ganso voando a grande altura) têm a câmara mais extensa, capaz de alojar os cartuchos Magnum mais potentes. Os cartuchos não ocupam todo o espaço interno das câmaras. O espaço excedente permite a expansão do estojo, por ocasião do disparo.
Comprimento do cano
Com as modernas pólvoras, o tiro alcança o máximo de velocidade muito rapidamente. Por isso, o comprimento do cano - respeitadas medidas não inferiores a 500 mm ou de comprimentos exagerados - tem pouca influência sobre sobre a velocidade do tiro, alcance, penetração, grupamento, dispersão ou energia de uma carga de chumbo. Independentemente do calibre, tudo se altera em função do "choke" ou da própria carga.
O comprimento do cano deve ser escolhido de acordo com a proficiência pessoal do atirador e tipo de tiro a ser feito. Um cano longo tende a aumentar o peso da arma, porém, aumenta a sua linha de visada. Um cano curto torna a arma mais fácil de manuseio, podendo ser usada com maior liberdade de ação para tiros seguidos e que exijam viradas constantes ("swing"). Um cano de 700 mm é de tamanho ideal para os diversos tipos de caça e "skeet", enquanto que, para "trap" e tiro ao pombo, 760 mm é o recomendado.
"A coronha que atira!"
Esta máxima, de princípios do Século 19, se tornou base fundamental do tiro com espingardas, principalmente, no tiro ao vôo. As coronhas devem ser de adaptação individual (pois "é ela que atira"), enquanto que os canos e "chokes" apenas executam as ordens por ela emanadas. Uma coronha apropriada substitui a alça de mira.
Existem três medidas importantes (mostradas no desenho ao lado) para qualquer coronha e que têm um efeito definitivo para o sucesso do tiro:
A) Comprimento: deve ser de acordo com a largura do peito e o tamanho dos braços de cada um. Superficialmente, o comprimento pode ser determinado com o braço dobrado em ângulo de 90 graus, colocando-se a coronha junto ao antebraço, de modo que a soleira apoie-se no braço (na junção deste com o antebraço) e a falanjeta do dedo indicador envolva o gatilho.
Uma coronha comprida pode machucar a axila ou os músculos do peito, não conduzindo a um tiro eficiente. Por outro lado, uma coronha curta produz um "coice" mais forte e poderá causar danos à bochecha do atirador.
B) Altura de crista: se a crista é muito baixa, o olho do atirador também ficará baixo quando a arma for apontada e o tiro irá atingir abaixo do alvo. Se a crista é muito alta, o oposto é verdadeiro. Certamente, o atirador estará colocando a arma de encontro à sua bochecha, sempre do mesmo modo e mesmo local, para todos os tiros.
C) Caimento na altura da soleira: do caimento da coronha dependerá a inclinação do(s) cano(s). Um caimento correto contribui para um correto alinhamento da visada e obedece à necessidade de não permitir tiros altos ou baixos.
A altura de crista de 41 mm e o caimento na soleira de 63 mm são médidas consideradas ideais por, pelo menos, 95% dos caçadores. Para o tiro de "skeet", os básicos são 39,5 e 63,5 mm, respectivamente. Para "trap", fossa olímpica e pombo, a coronha deve ser mais reta, com menos caimento na crista e na soleira (36,5 e 41 mm, respectivamente). Como os alvos devem ser atingidos enquanto subindo na trajetória, essas medidas reduzem o risco de mirar baixo.
Algumas coronhas têm um desvio lateral ("cast off"), de 4 a 6 mm,  que permite apontar e visar mais rapidamente. Usa-se fazê-lo em coronhas de espingardas para tiro de "skeet", armas de caça para tiro ao vôo e "pombeiras".
Quaisquer alterações nas medidas da coronha somente devem ser executadas após algum tempo de uso da arma. Para cada tipo de tiro, deverá ser usado um determinado tipo de coronha.
Escolha certa para um tiro certo
Existem seis tipos básicos de espingardas: Tiro Simples (um cano), de Ferrolho (um cano), Mecanismo de Corrediça (um cano), Semiautomática (um cano), Canos Duplos Paralelos (normalmente, dois canos) e Canos Duplos Sobrepostos (dois canos). Para uma boa escolha, além dos tipos rapidamente mencionados, deve-se observar o calibre,  formato da coronha, comprimento do cano, "choke", câmara, peso, equilíbrio, sistema de gatilho, extratores, preço e, principalmente, o uso que se pretende fazer da arma. Se o seu caso for adquirir uma só espingarda para diversas modalidades de tiro, você deve atentar que isto só é possível com restrições. Em princípio, para o tiro ao vôo, a espingarda "12" é a mais indicada por seu alcance de tiro e pela quantidade de chumbo que comporta, podendo ser usada, em alguns casos, para o tiro de caça ao vôo e esportivo. Quando usada para caça de pelo de pequeno porte, pode-se adaptar um redutor para calibre 20, por exemplo, apesar de não apresentar o mesmo desempenho de uma arma deste calibre, com desvantagens quanto ao tamanho e peso.
Para algumas caçadas nas montanhas, por exemplo, a espingarda "20", compacta, leve e manejável com rapidez, é ideal para tiro a curta distância sobre alvos em rápido deslocamento, como as codornas. Para caça pequena, de pio, a curta distância, o ideal é o calibre 36.
É bom lembrar que, quanto maior o diâmetro interno do cano, mais pólvora e chumbo poderão ser usados. Assim, uma arma calibre 12 pode disparar mais chumbo a maiores distâncias do que outra de menor calibre. Uma espingarda "36" comporta uma quantidade de chumbo 25% menor do que uma de calibre 20 e seu alcance útil é de pouco mais de 27 metros.
O tipo de espingarda mais usado atualmente é a de dois canos sobrepostos, monogatilho, extratores automáticos e seletor de cano, podendo, ainda, ter um par de canos extras.
Cartuchos
                    Infelizmente, não temos condições de falar muito detalhadamente sobre a munição de espingardas, mas, informamos que, para um mesmo calibre, existem diversos tipos de cartuchos (carregamentos), que poderão influir decisivamente no desempenho da arma. Além do tipo do cartucho, propriamente dito (de plástico, metal, papelão, de fundo chato ou redondo), do chumbo usado (uniforme em peso, diâmetro e forma - comum, endurecido ou cromado), existem as espoletas, pólvoras, buchas e muitos outros fatores que alteram o tiro.
Sobre as buchas, vamos mencionar apenas três detalhes que podem modificar o tiro: a bucha resistente, mas elástica e leve (de feltro), abandona o chumbo logo ao sair do cano e não perturba sua distribuição; a bucha dura, espessa e pesada, acompanha o chumbo muito além do cano e com velocidade suficiente para perturbar sua distribuição normal; e a bucha quebradiça, que esmaga-se no cano e esfacela-se ao sair dele, misturando-se os seus fragmentos com o chumbo, diminuindo-lhe o alcance, penetração e distribuição. As buchas mais usadas, atualmente, são as de plástico.
Cargas de chumbo e de pólvora
Um livro sobre o assunto seria pouco, mas, vamos dar um só exemplo: o excesso de chumbo, em relação à polvora, faz um tiro compacto e sem eficiência; muita pólvora, em relação ao chumbo, produz dispersão irregular e desordenada.
 
 
LEMBRETES ÚTEIS
* Faça a pontaria com os dois olhos abertos.
* Leve a arma de encontro à face (bochecha) e, depois, coloque-a no ombro, sempre do
   mesmo modo e no mesmo local.
* Faça a visada "pegando" toda a fita da espingarda.
* Não olhe por cima, para ver se você está mirando certo. Lembre-se que os seus olhos
   estão funcionando como alça de mira. Quando você pressiona a arma contra a
   bochecha, ela deve permanecer ali.
* No tiro ao vôo, mantenha sempre o curso de movimento durante e após o tiro ("follow
   through").
* Evite atirar tenso - relaxe-se.

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COMBATE VELADO | SAQUE VELADO | LADO R FT ANDRADE COMBAT | PARTE 1-25

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