Entende-se por configuração de munição, o conjunto de características que define o desempenho de um cartucho, dentro de um mesmo calibre. No mundo militar esse aspecto é tema consagrado e de rígidas especificações. Palavras como “Comum”, “Perfurante”, “Traçante” e “Incendiário”, ou ainda códigos como M193 e SS109, São familiares aos que operam com munição militar.
Já no campo das munições de aplicação policial, de defesa e mesmo nas de caça, a nomenclatura de suas configurações não obedece a um critério rígido, sendo comum que suas denominações sejam um compromisso entre uma especificação técnica e um apelo de propaganda. Convivemos com denominações em inglês de configurações de projéteis que, por serem muito comuns, estão presentes na linha de produtos de quase que todas as marcas e que são apenas a expressão de uma característica técnica, como JHP (Jacketed Hollow Point – Jaquetada de Ponta Oca), LRN (Lead Round Nose = Chumbo Ogival), LWC (Lead Wad Cutter = Chumbo Canto Vivo, na verdade wad cutter significa “aquilo que corta como um vazador”), etc. Temos também aquelas que são, como dissemos, uma criação dos departamentos de Marketing e Propaganda das empresas, como, por exemplo, Silver Tip, Balack Talon, Gold, etc. O mercado brasileiro de munição, desde que estejamos nos referindo ao que é vendido legalmente, não de direito, mas de fato, está restrito a um único fabricante, a CBC, que adota uma nomenclatura para a configuração de seus produtos que tem relação com o idioma português, deixando de lado, para os produtos destinados ao mercado brasileiro, a nomenclatura em inglês. Assim sendo, temos para os projéteis montados nos cartuchosCBC, as seguintes sigla:
CHOG: Chumbo Ogival
CHCV: Chumbo Canto Vivo
CSCV: Chumbo Semi Canto Vivo
ETOG: Encamisado Total Ogival
EXPO: Expansivo Ponta Oca
EXPP: Expansivo Ponta Plana
ETPP: Encamisado Total Ponta Plana
ESCV: Encamisado Semi Canto Vivo
ETPT: Encamisado Total Pontiagudo
EXPT: Expansivo Pontiagudo
Quanto àquelas que, como dissemos, pertencem mais ao Marketing do que à especificação técnica, temos aqui os exemplos das denominações Gold e Copper Bullet.
A primeira define uma linha de munição de maiores velocidade inicial e energia, enquadrando-se naquilo que se convencionou chamar de “+p” ou “+p+”, todas carregadas com projéteis do tipo EXPO. A segunda trata também de configurações de maior energia final, porém carregadas com projéteis de cobre puro, especialmente desenhadas para ultrapassar anteparos sólidos que se interponham à trajetória até o alvo, sem perder suas boas características como projétil expansivo.
O importante e essa é na verdade, a “dica” deste Master Tips, é que o atirador defina a munição que vai utilizar e não misture configurações num mesmo carregador de uma pistola semi-automática ou tambor de um revólver. Não queremos dizer que não se possa portar mais de uma configuração para, conforme o caso, responder melhor a cada situação de combate. O que não se deve fazer é uma “salada mista” num único carregamento.
O problema ao se fazer isso é que, como a velocidade inicial e a massa (peso) dos projéteis variam entre diversas configurações, o ponto de impacto e o recuo serão também diferentes a cada disparo. O resultado disso é uma dificuldade muito grande de se produzir uma sequência de disparos uniforme. Algo parecido como correr com um sapato diferente em cada pé! Assim sendo, o tecnicamente correto é se definir uma única configuração para sua arma e levar, num carregador ou “speed loader” separado uma outra configuração de finalidade especial. Minha opção pessoal, por exemplo, é o carregador que está na arma mais um sobressalente, carregados com munição CBC Gold, acompanhados de um terceiro com munição Copper Bullet para aquelas situações em que, havendo possibilidade, tempo e calma o suficiente para julgar, trocar o carregador no caso de ter que atirar através de um anteparo qualquer.
Vale finalmente “puxar a orelha” daqueles adeptos da mais típica conduta do “carregador salada”, que são aqueles que colocam na câmara uma munição Gold e o primeiro cartucho do carregador um ETOG ou ETPP.
Fazem isso pois desconfiam da boa alimentação de um cartucho de projétil expansivo e, para ter certeza terão pelo menos dois disparos, colocam um ogival no topo do carregador. Alerto-os que, agindo dessa forma seus segundos e terceiros disparos serão bons exemplos de tiros perdidos, se você sobreviver, verá. Teste sua arma com munição que pretende utilizar, tenha certeza de o conjunto funciona bem e confia em sua decisão!
http://cttbrasil.com.br/carregando-mais-de-uma-configuracao-de-municao/
Cartucho é o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo.
Munição é o conjunto de cartuchos necessários ou disponíveis para uma arma ou uma ação qualquer em que serão usadas armas de fogo.
O cartucho para arma de defesa contém um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; em sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras partes do cartucho, tem formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas diversas operações, como carregamento e disparo.
O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada a frente quando da detonação, é a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo.
Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é obtida pelo propelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora, que, ao queimar, produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no interior do estojo, suficiente para expelir o projétil.
Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a certa quantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito e gera energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciador geralmente está contido dentro da espoleta.
Um cartucho completo é composto de:
1 - projétil2 - estojo 3 - propelente 4 - espoleta |
1 - Projétil
Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremessado, lançado. No universo das armas de defesa, o projétil é a parte do cartucho que será lançada através do cano.
O projétil pode ser dividido em três partes:
Ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre exposta, fora do estojo;
Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da pólvora.
Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber graxa ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.
Projéteis de Chumbo
Como o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com ligas desse metal.
Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais diversos usos, os quais podemos classificar de acordo com o tipo de ponta e tipo de base.
Tipos de pontas:
Ogival: uso geral, muito comum;
Canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura o papel de forma mais nítida;
Semi canto-vivo: uso geral;
Ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por provocar menor número de "engasgos" com a pistola;
Cone truncado: mesmo uso acima.
Semi-ogival: também muito usado em tiro prático;
Ponta oca: capaz de aumentar de diâmetro ao atingir um alvo humano (expansivo), produzindo assim maior destruição de tecidos.
Projéteis encamisados
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e níquel; cobre, níquel e zinco; cobre e zinco; cobre, zinco e estanho ou aço. O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o peso necessário e um bom desempenho balístico.
Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para competições esportivas. Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance.
Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Esse tipo de projétil teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Genebra.
Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados (a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta. Os tipos de pontas e tipos de bases são os mesmos que os anteriormente citados para os projéteis de chumbo.
2 - Estojo
O estojo é o componente de união mecânica do cartucho, apesar de não ser essencial ao disparo, já que algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em cada disparo.
Atualmente a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente o latão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos construídos com diversos tipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão (espingardas) e outros.
A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma a aproveitar as suas características físicas.
Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos:
Quanto à forma do corpo:
Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão;
Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum; e
Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo).
Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá uma pequena conicidade para facilitar o processo de extração.
Os estojos tipo garrafa foram criados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser excessivamente longo ou ter um diâmetro grande. Esta forma é comumente encontrada em cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade de energia e, muitas vezes, têm projéteis de pequeno calibre.
Quanto aos tipos de base:
Com aro: com ressalto na base (aro ou gola);
Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura(virola);
Sem aro: tem apenas a virola; e
Rebatido:A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.
A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de possibilitar a ação do extrator sobre o estojo.
Quanto ao tipo de iniciação:
Fogo Circular:A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor;
Fogo Central:A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro da base do estojo.
Cabe lembrar que alguns tipos de estojos nos diversos itens da classificação dos estojos não foram citados por serem pouco comuns e não facilitarem o estudo.
3 - Propelente
Propelente ou carga de projeção é a fonte de energia química capaz de arremessar o projétil a frente, imprimindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima do propelente, que possuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume de matéria no interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil.
A queima do propelente no interior do estojo, apesar de mais lenta que a velocidade dos explosivos, gera pressão suficiente para causar danos na arma, isso não ocorre porque o projétil se destaca e avança pelo cano, consumindo grande parte da energia produzida.
Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química ou pólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grande eficiência a pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas para tiro esportivo. A pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvora negra, além de ser capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades.
Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizadas atualmente em armas de defesa:
Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose, gera menos calor durante a queima, aumentando a durabilidade da arma; e
Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo energético.
O uso de ambos tipos de pólvora é muito difundido e a munição de um mesmo calibre pode ser fabricada com um ou outro tipo.
4 - Espoleta
A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo central.
A mistura detonante, é um composto que queima com facilidade, bastando o atrito gerado pelo amassamento da espoleta contra a bigorna, provocada pelo percursor; A queima dessa mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo, chamados eventos.
Os tipos mais comuns de espoletas são:
Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza de apenas um evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga;
Berdan: utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é um pequeno ressalto no centro da base do estojo estando a sua volta dois ou mais eventos; e
Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo de recarga do estojo.
Outros tipos de espoletas foram fabricados no passado, mas hoje são raros de serem encontrados.
http://www.clubedetirobarrabonita.com.br/form/municao.htm
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