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Especial Armas de Fogo – O Colete Balístico
Depois de algum tempo de férias, reiniciamos a aclamada série de posts do nosso Especial Armas de Fogo, que publicamos toda terça-feira, como sabem os fiéis leitores do Abordagem Policial. Hoje vamos falar dum equipamento fundamental e indispensável para a atividade policial, e que guarda direta relação com o tema “armas de fogo”. Por quê? Ora, onde há a necessidade do uso de armas de fogo, certamente haverá a necessidade de equipamentos de proteção individual que livrem o policial de ser atingido por qualquer oponente.
É aí que entra o principal equipamento de proteção quando nos referimos a embates com uso de arma de fogo: o colete a prova de balas, ou colete balístico. Quem gosta de filmes épicos certamente já viu as armaduras dos cavaleiros medievais, que tinham àquela época a mesma intenção que os atuais coletes: defender os guerreiros dos ataques armados dos inimigos. A diferença é que na Idade Média a espada e as lanças eram os instrumentos de ataque, enquanto hoje nos referimos a revólveres, pistolas, fuzis etc.
Sofisticação nas armas, sofisticação nas armaduras. Os coletes atuais se baseiam em princípios físicos interessantes, e são feitos de materiais bem mais inusitados e diferentes do que o simples metal de outrora. É preciso dizer que existem muitos materiais utilizados na fabricação de coletes, que vão da cerâmica (não aquela dos azulejos e pisos, naturalmente) e alumínio até fibras como o Kevlar. Como é impossível estudar todos os materiais utilizados na fabricação dos inúmeros tipos de coletes existentes, vamos nos ater a dois princípios que considero básicos na função que o colete a prova de balas exerce ao entrar em contato com o projétil, aos quais vou denominar “Princípio da Bola de Futebol” e “Princípio do Carro de Fórmula 1″:
Princípio da Bola de Futebol
Por que usar fibras num colete a prova de balas? Imagine uma bola de futebol indo em direção à rede da trave. A rede, aqui, representa nossa fibra, a bola, o projétil que foi disparado. Assim que a bola (projétil) entra em contato com a rede, a energia contida no movimento da bola é transferida para a rede. Percebam que isso não é feito de maneira muito localizada, já que quase todas as linhas da rede recebem parte da energia (por isso se movimentam).
A fibra de um colete exerce essa mesma função: absorve a energia contida no projétil e dispersa para toda a sua área. Caso isso não ocorresse, o impacto localizado se efetivaria, e a lesão no indivíduo seria inevitável (mesmo sem perfuração). É esse poder de dispersão que faz um colete eficiente. Apesar de haver substancial diferença na densidade das fibras de um colete em comparação com uma rede de futebol, o princípio utilizado é o mesmo.
Princípio do Carro de Fórmula 1
A aerodinâmica de um carro de Fórmula 1 é algo fenomenal. Cada estrutura do automóvel é milimetricamente projetada para seu objetivo: atingir centenas de quilômetros por hora de velocidade. O que ocorreria se substituíssemos a chaparia de um carro de Fórmula 1 pela chaparia de um fusca, mesmo mantendo seu motor? Certamente, a velocidade alcançada seria bem menor, mesmo que ignorássemos o peso das duas chaparias. Se os projéteis das armas de fogo fossem dispostos nos cartuchos de maneira inversa ao convencional (com a parte “fina” para dentro do estojo), certamente obteríamos um efeito análogo no que se refere ao seu poder de perfuração.
Os coletes a prova de balas fazem justamente isso: deformam os projéteis para que eles se tornem “fuscas”, mesmo que seus motores (armas de fogo) sejam os melhores possíveis. Quanto mais deformado estiver o projétil, menos perfurante ele ficará, e mais fácil sua energia se dissipará na estrutura do colete.
Para começarmos a compreender o funcionamento dos painéis balísticos, imagine diversas varas de madeira. Com seu punho você poderá quebrá-las uma de cada vez. Se forem amarradas juntas em um pacote, nenhuma ou apenas as primeiras sofrerão algum tipo de dano enquanto que as demais permanecerão intactas. Parar o projétil é somente parte do problema. Os painéis não possuem elasticidade considerável, e, dessa forma, são dispostos em camadas com o objetivo de romper-se ao impacto do projétil, envolvendo-o, e com isso absorvendo gradativamente sua energia, ao mesmo tempo em que esta mesma energia é transferida aos demais painéis e ao corpo. Este impacto no corpo é chamado de "trauma fechado" e deve ser mantido em um nível tal que dele não decorra nenhum ferimento considerável para o usuário do colete. Compreendendo isto, nós podemos compreender algumas outras propriedades dos coletes..Considerando a mesma energia total, um projétil de pequeno calibre mas com alta velocidade penetrará os painéis mais profundamente do que um projétil maior e de menor velocidade. Um .357 Magnum disparado de um revólver é consequentemente mais fácil de parar do que um .22 Magnum disparado de um fuzil. Além disso, os projéteis constituídos de material mais resistente não deformam no impacto e não penetram tanto mais que projéteis de ponta macia (soft point). (http://prf2005.4t.com/colete.htm)
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Unindo o Princípio da Bola de Futebol com o Princípio do Carro de Fórmula 1, fica fácil entender basicamente como funcionam os coletes a prova de bala. Porém, nem tudo é tão fácil assim… Cada colete tem uma capacidade máxima de resistência à ação dos projéteis. A depender do material que o compõe e de como estão dispostos, os coletes resistirão mais ou menos às diversas munições e armas utilizadas. Para deixar isso claro, existe uma classificação do Ministério da Defesa, onde são regulamentados os coletes de acordo com a energia (em joules) que suporta:
É importante frisar que apenas militares, policiais e empresas de segurança particular podem ter autorização para adquirir coletes balísticos no Brasil – ou mesmo membros do Ministério Público e do Judiciário que justifiquem seu uso. É um debate interessante a extensão do direito a todos os cidadãos, algo que me oponho momentaneamente, pelo menos enquanto durar o poder bélico e financeiro do Tráfico de Drogas no Brasil, e a direta possibilidade do contrabando mais fácil desse material.
Aos policiais, é injustificável o não uso do colete, em qualquer ocasião do serviço. É um absurdo sem tamanho a existência de unidades policiais que não dotam seus profissionais do equipamento, justificando inclusive a recusa ao serviço por parte desses homens. Não são raras as vezes em que o colete balístico se mostrou mais importante que a própria arma de fogo. Que os policiais e os governantes nunca se esqueçam disso.
O Especial Armas de Fogo é uma série de posts publicados sempre nas terças-feiras, tratando do mundo das armas de fogo e do tiro policial. Caso você tenha sugestões, mande um email para abordagempolicial@gmail.com
http://abordagempolicial.com/2010/02/especial-armas-de-fogo-o-colete-balistico/#.U86n0vn0DEE
Russos criam “tecido de ouro” para coletes balísticos
A foto acima é meramente ilustrativa e não representa nenhum colete desenvolvido a partir das fibras AuTx |
Os russos exibiram durante a MILIPOL-2011 – uma feira de segurança e tecnologia – o filamento sintético AuTx, também chamado de “tecido de ouro”. Este novo material desenvolvido por especialistas russos, pode ser utilizado na produção de coletes balísticos muitos mais resistentes e menos pesados que os coletes feitos de kevlar©.
O filamento AuTx é uma nova geração de materiais que já é usado com sucesso na indústria aeroespacial russa e pertence as fibras sintéticas do tipi “aramida”, feitas com kevlar e twaron, poliamidas de uso frequente nos coletes balísticos e nos pneus resistentes a furos.
Ao contrário dos demais, o AuTx tem o dobro da resistência dinâmica. Os coletes balísticos que são feitos com ele pesam duas vezes menos que os coletes feitos com outros materiais de aramida. Ademais, também é mais resistente ao fogo e pode ser utilizado para a confecção de trajes para os bombeiros.
Segundo os dados técnicos, o “tecido de outro” é mais duradouro e inclusive aumenta a sua durabilidade com ao longo do tempo.
Se já não fosse pouco, para fabricar as fibras AuTx, elas são tratadas com um reagente especial que permite conservar suas propriedades inclusive ao contato com água, oléos ou outros fluídos hidráulicos.
Em comparação, o kevlar que atualmente é o mais usado na concepção de trajes balísticos, perde sua durabilidade devido ao luz solar ou entrar em contato com a água, enquanto sua exposição a altas temperaturas acelera o envelhecimento do material.
Os coletes balísticos modernos na maioria dos caos protegem o soldado, más, todavia têm numerosas imperfeições. O mais importante é o peso dos coletes, que sobe proporcionalmente a proteção buscada, ou seja, para aumentar a proteção é necessário utilizar as fibras placas de cerâmica, aços leves ou titânio. Outra desvantagem é a comunidade. É quase impossível correr com colete que pesa 15 kg ou mais. Agregue isso o armamento, os equipamentos de comunicação e o capacete.
Por isso, em todo mundo é realizado diversas pesquisas para aperfeiçoar os coletes balísticos, na Rússia não é diferente. A Rússia encoraja o desenvolvimento de materiais especiais e realiza pesquisas com vários líquidos e colas que permitam os tecidos serem mais resistentes das fibras já conhecidos.
Em 2007, a Rússia apresentou pela primeira vez a chamada “armadura líquida” ou sacos contendo um gel de nanopartículas sólidas e líquidos preenchidas. Um duro golpe, um projétil ou fragmento de um míssil instantaneamente fixa as substâncias líquidas entre si e o gel se converte em um forte material composto que impede a penetração. Espera-se que esta “armadura líquida” seja utilizada para aumentar a proteção de veículos terrestres e aeronaves, contra destintos impactos de caráter mecânico.
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