sábado, 6 de dezembro de 2014

Potiguares ajudaram a conquistar Batalha de Monte Castello

Potiguares ajudaram a conquistar Batalha de Monte Castello




A contribuição potiguar às forças aliadas na Segunda Guerra não se resumiu apenas à acolhida aos soldados americanos, que tinham em Natal um ponto estratégico para decolar para Europa e África. 

Norte-rio-grandenses se envolveram diretamente no conflito, lutando na Batalha de Monte Castello, na Itália, contra os exércitos alemães. 

Eles integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB), criado na Conferência do Potengi, realizada às margens do Rio Potengi, em Natal, entre os presidentes norte-americano Franklin Roosevelt e o brasileiro Getúlio Vargas, na manhã do dia 28 de janeiro de 1943. Partiram do Brasil 25.334 homens, dos quais 301 eram do Rio Grande do Norte. 

Reprodução/Humberto SalesEfetivo brasileiro era formado por mais de 25.300 homens, dos quais 301 eram potiguares


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A guerra que Natal esqueceuA Batalha de Monte Castello marcou a presença da FEB no conflito. Ela foi travada no final da Segunda Guerra Mundial e arrastou-se por meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro, durante os quais as tropas brasileiras, junto com as americanas, fizeram cinco ataques (nos dias 24 e 29 de novembro, em 5 e 12 de dezembro e em 21 de fevereiro, quando conseguiram tomar o Monte Castello.

O ex-combatente Severino Gomes de Souza, hoje com 90 anos, foi um dos potiguares que participaram da batalha. Morando em Recife atualmente, ele nos contou, por telefone, sobre os duas investidas de que participou. 

Cedida /Guilherme BezerraSeu Severino Gomes, em 1944 e 2014
“29 de novembro foi meu batismo de fogo, numa tentativa da tomada de Monte Castelo. Às 5 horas da manhã veio a ordem de ataque. Quando nós saímos dos buracos, os alemães despejaram uma chuva de granadas, de tiros de metralhadoras, de morteiros, de cima e pelo flanco do Monte Belvedere”. 

Às 11h, a companhia do potiguar já estava praticamente dizimada. “O comandante da companhia, o comando do meu pelotão e o sargento auxiliar estavam entre as baixas. Mais ou menos às três da tarde, veio rastejando até as nossas posições um oficial de operações do batalhão e determinou que eu assumisse o comando do pelotão, porque já não havia ninguém superior a mim, uma vez que eu era o terceiro sargento mais antigo do pelotão”, conta o capitão Souza., revelando que não passava pela cabeça de ninguém a possibilidade de ganhar a batalha.

“Só pensávamos se iríamos conseguir sobreviver por mais algumas horas ou até o dia seguinte. Aquilo era uma loucura. Atacávamos os inimigos de peito aberto, subindo o monte, e eles na parte de cima, com uma visão privilegiada de toda a área”.

Reprodução/Humberto SalesPotiguares membros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) se envolveram diretamente no combate de Monte Castello
Por erro estratégico, as forças aliadas sofreram muitas baixas. Somente na investida de 5 de dezembro, 150 homens tombaram. Em toda a campanha, morrem seis potiguares. O número só não foi maior porque grande parte do efetivo não entrou em combate. Caso do também norte-rio-grandense Alcindo Arnaldo da Silva , que tem hoje 88 anos. 

Severino Gomes de Souza, no entanto, ainda participaria da última e gloriosa investida a Monte Castello, no dia 21 de fevereiro. “Houve um novo planejamento estratégico. Em vez de enfrentarmos os alemães de peito aberto e de dia, atacamos pelos flancos e de forma maciça. A essa altura, eles estavam com um efetivo menor, e a aviação, que no primeiro combate não pôde ajudar, por causa da neblina, combateu nesse dia. Os Senta a Pua da Força Aérea Brasileira superaram os americanos em números de missões. Embora tenha havido bastante resistência, conseguimos no cimo do Monte Castello”. 

A investida começou antes do sol nascer e terminou antes do crepúsculo. Alguns meses depois, em 8 de maio de 1945, a Alemanha se rendeu e, pelo menos em território europeu, a 2ª Guerra chegou ao fim. 

Bate-papo: Luiz Gustavo Costa - músico e professor de história

Em 2011, ao ter contato com a Fundação Rampa, que na ocasião estava lançando o videodocumentário “Natal - A Encruzilhada do Mundo”, o músico e professor de História Luiz Gustavo Costa, hoje com 34 anos. tomou conhecimento da existência do veterano de guerra Severino Gomes de Souza, a quem conheceu em seguida. De imediato, Gustavo percebeu que estava ali o tema e a principal fonte de seu Trabalho de Fim de Curso (TCC), apresentado em novembro na Universidade Vale do Acaraú (UVA) sob o título “Memórias de um veterano da Força Expedicionária Brasileira no Teatro de Operações da Itália (1944 -1945)”. O trabalho de graduação em História, aprovado com nota máxima, focou no lado mais humano da FEB, tendo em vista a vida do capitão Souza. O professor de História, que dedicou 3 anos e meio às pesquisas, realizadas em Natal e no Rio de Janeiro. Algumas informações foram colhidas com fontes na Itália. Confira a entrevista que ele concedeu à TN. 

Qual o perfil dos homens que fizeram parte da FEB? 
A chamada Conferência do Potengi realizada às margens do Rio Potengi em 28 de janeiro de 1943 trouxe a Natal Franklin Roosevelt e Vargas. Em pauta, entre outros assuntos, a possibilidade de ajuda mútua entre as duas nações, de se enviar aos campos de batalha europeus uma força expedicionária ao lado dos aliados. Pensou-se logo de cara em 100.000 homens. O montante da FEB passou longe disso (25.334). De fato, a grande maioria era analfabeta. Um retrato fiel do Brasil rural da década de 1940. O capitão era uma das exceções, pois já era militar. Muitos não sabiam para onde estavam indo.

Pretende tornar pública a história de Souza para as pessoas conhecerem? 
Durante dois anos, pude ser o mentor e organizador de toda a memória do capitão Souza, fazendo com o que o mesmo, inclusive, desse palestras comigo em escolas e universidades. Organizei fotos, documentos, vídeos, livros, revistas, souvenirs e afins dele. É impossível não se encantar com um homem que respira a história, é tocar na história viva. Toda sua facilidade com as palavras como exímio palestrante que é me fizeram registrar muita coisa em áudio e vídeo chegando até o conhecimento do baterista dos Paralamas do Sucesso, que incluíra nosso veterano potiguar nos agradecimentos de seu livro (1942 - O Brasil e sua Guerra Quase Desconhecida). Pretendo obter recursos e lançar um documentário. 

Cenários da guerra em Natal

Apaixonado por aviões, o paulista Frederico Nicolau mora em Natal há seis anos, mas poucos natalenses conhecem como ele a história da capital potiguar e sua ligação com a aviação e a Segunda Guerra Mundial. Dono de um rico acervo dessa época, ele fez o videodocumentário “Natal – A Encruzilhada do Mundo” (de 2011), resultado de mais de dois anos de pesquisa e entrevistas com 30 pessoas que viveram no período da 2ª Grande Guerra em Natal. A pedido da TRIBUNA DO NORTE, Nicolau traçou um roteiro com os lugares na cidade frequentados pelos soldados norte-americanos na primeira metade dos anos 40. 




http://tribunadonorte.com.br/noticia/potiguares-ajudaram-a-conquistar-batalha-de-monte-castello/300257


O ônibus americano saía de Parnamirim Field e estacionava perto do Teatro Carlos Gomes (atual Teatro Alberto Maranhão), um misto de teatro e cinema - Foto:Joana Lima

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