Na Bahia, 16 já foram presos por ataques a bases da PM
Desde o início da semana, 10 bases policiais e 12 ônibus e micro-ônibus foram incendiados
Tiago Décimo, de O Estado de S. Paulo
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Como resposta aos ataques contra bases policiais e ônibus em Salvador, 14 detentos de quatro presídios da Bahia foram transferidos para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná. Dois dos presos foram enviados em voos comerciais, pela manhã, e 12 em um avião da Força Aérea Brasileira, acompanhados por agentes da Força Nacional de Segurança, no início da tarde. Eles são acusados de coordenar, de dentro de unidades penais, a série de atentados registrados na cidade desde a madrugada de segunda-feira.
Os ataques seriam retaliação à transferência do líder de quadrilha para o Paraná. Foto: Claudionor Junior/Ag. A Tarde
Apesar da aparente normalidade registrada durante o dia, o clima de medo ainda é forte na cidade. O Colégio Militar de Dendezeiros, por exemplo, teve as aulas suspensas, na tarde de quinta, depois que começou a circular um boato de que o local seria atacado por traficantes. Segundo a direção da instituição, a suspensão foi uma medida preventiva. As aulas voltarão nesta sexta.
No total, os atentados deixaram destruídos 10 bases policiais e 11 ônibus. Oito civis e três policiais ficaram feridos durante os ataques. Em confronto com policiais, dez acusados de participar dos atos de vandalismo foram mortos. Só na madrugada de ontem, foram três. Outros 14 suspeitos foram presos.
O Sindicato dos Rodoviários e o das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (Seteps) debateram a possibilidade de interromper os serviços à população, por causa da insegurança, mas recuaram. De acordo com o Seteps, porém, cada ônibus queimado causa perdas de R$ 200 mil às empresas - e o sindicato espera negociar os prejuízos com a administração pública.
Organização
Os atentados teriam sido motivados, segundo a SSP, pela transferência do traficante Cláudio Eduardo Campanha do Presídio Salvador, onde cumpria pena desde novembro, para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS), na semana passada. Campanha seria o líder de uma das principais facções de traficantes de Salvador, conhecida como Comissão da Paz. O grupo também seria o mais influente nos presídios da Bahia.
Os detentos transferidos na quinta seriam "gerentes" do grupo e teriam repassado a ordem dos ataques a integrantes da facção, espalhados pela cidade. As diretrizes principais dos ataques teriam sido apontadas por Campanha na quinta-feira, antes de ele ser transferido.
Apesar de reconhecer como avanço a transferência dos presos, o governador baiano, Jaques Wagner, fez um alerta. "Esta é uma guerra sem tréguas, sem fronteiras e prolongada", avisou, dando a entender que os ataques na cidade podem continuar. "Não vamos dar nenhum passo atrás. Se houver conflito aberto, sempre vou torcer para que ‘tombe’ alguém do mundo do crime."
Salvador recebeu o reforço de mais 12 guarnições da PM, do interior, que se preparam também para eventuais confrontos entre grupos de traficantes na cidade.
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