Roberta Trindade - repórter
O plástico da ponta da caneta é derretido. Quando ainda está quente é colocado a lâmina de um apontador. E a arma caseira está pronta para ser usada. Alguns alunos de escolas municipais e estaduais de Natal utilizam o objeto para se defender, porém, quando pegos com a arma ninguém assume que é para se proteger.
Aldair Dantas
Alunos da escola Waldson Pinheiro são orientados pelos professores a não portarem armas de fogo para evitar aumento da violência
Diretores e professores atentos evitam maiores problemas. Faca de cozinha também não é difícil encontrar nas mochilas dos alunos. Quando pegos, a justificativa é que a arma branca é utilizada somente para apontar o lápis.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu cinco escolas localizadas em diversos pontos da cidade e verificou que, apesar de alguns casos registrados pela polícia, os alunos não vão para as aulas com arma de fogo.
A vice-diretora da Escola Municipal Professora Dalva de Oliveira, no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, na zona Norte, Micheline Alessandro Tavares da Costa afirmou que a escola nunca registrou a presença de alunos com revólveres dentro das dependências da escola, mas que, algumas vezes, os estudantes foram pegos com arma feita de caneta. “São os mais problemáticos que aparecem com o objeto, mas quando isso ocorre conseguimos contornar a situação. Nunca tivemos problemas sérios”.
São 1070 alunos divididos em três turnos. A escola é localizada em um bairro periférico e o que mais tem chamado a atenção da direção são as drogas. É no final da tarde e no início da noite que se aglomera um grupinho na frente da unidade. “Quando fico sabendo o que está acontecendo, rapidamente vou até lá fora para identificar quem vende e quem compra, mas, ao me aproximar, o grupinho dispersa. É uma rede de comunicação. Não conseguimos pegá-los”, disse Micheline.
Edson Crezio Lopes Barbosa, coordenador e professor do ensino fundamental explica que o maior problema enfrentado pela unidade escolar são mesmo as drogas lícitas e ilícitas. “Alguns alunos vêm assistir as aulas drogados, mas ainda assim podemos afirmar que temos uma escola tranquila”.
Sobre a Ronda Escolar, Micheline e Edson são a favor da polícia nas proximidades da escola. Eles dizem que apesar de ainda existir o comércio de entorpecente, a ronda tem ajudado a diminuir a venda.
No Vale Dourado, na Escola Municipal Professor Waldson Pinheiro a coordenadora pedagógica Rosângela Maria Pereira lembrou que este ano não foi registrado nenhum incidente na instituição com arma de fogo, mas ela apontou um problema que a direção e os professores tem enfrentado. Se, antigamente a fama de maus alunos sempre era atribuída aos garotos o que a coordenadora presencia na escola é uma realidade bem diferente. “As meninas brigam muito. Dão muito mais trabalho do que os rapazes. Elas são mais agressivas, respondem, dizem palavrões e até batem nos meninos”
São 1.200 alunos, divididos em três turnos. Para mudar a realidade, o esporte está chegando com força total. Futsal, voley e até aulas de violão e informática nos fins de semana.
Sobre a Ronda Escolar, a professora do ensino fundamental Raimunda Urbano de Araújo disse que nem sempre os policiais passam. “Não é frequente. Saiu a guarda municipal daqui e a polícia está ausente. Ficamos muito expostos”.
Do outro lado da cidade, no conjunto Mirassol, estudam no Centro Escolar Floriano Cavalcanti (Foca) 2400 alunos, divididos em três turnos.
A diretora da instituição e professora de inglês Ohara Tereza da Silva Pacheco está à frente da unidade escolar há quatro anos e garantiu que os estudantes não andam armados. “Isso não existe aqui. Contamos com o Ronda Escolar”.
Já o presidente do Conselho Escolar Luiz Machado explicou que na escola está tudo sob controle e não há registos de nenhum tipo de violência.
Quem pensa diferente é a comerciante Sílvia Garcia. “Quando fazem festa a noite na escola é um problema sério. Há 15 dias teve uma. Roubaram um carro aqui perto”.
Por outro lado, Sílvia também aprova a ação do Ronda Escolar. “Estamos vivendo uma época boa”.
A reportagem conversou com três alunas do Foca. As jovens de 16 anos, estudantes do 2º ano do 2ºgrau disseram que não há brigas frequentes dentro do colégio.
Às 15h20, da segunda-feira (20), os soldados: José Cipriano, Bruno Modesto e Alexandre Araújo estavam em uma viatura do Ronda Escolar, em frente ao Foca. “Fazemos a ronda das 6h30 até às 18 horas. Depois somos rendidos por outra equipe que fica até a noite. Estamos sempre atentos”, contou Bruno.
Cipriano revelou que na semana passada o Ronda Escolar apreendeu, nas proximidades de uma escola na Vila de Ponta Negra, 40 gramas de droga. O traficante iria vender o entorpecente para os jovens.
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