Vicente Gomes é responsável pelo inquérito sobre a morte de André Wagner. Ele pretende ouvir 88 funcionários de Alcaçuz, onde o preso foi torturado.
Foto: Arquivo Nominuto
Delegado quer identificar os servidores que tiveram contato com preso.
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O delegado Vicente Gomes, titular da delegacia de Nísia Floresta, classificou como “animais” e “monstros” os responsáveis pela tortura do preso André Wagner da Silva, de 30 anos, dentro do presídio de Alcaçuz. Ele investiga o caso, que resultou na morte do detento, e pretende solicitar um laudo mais minucioso por parte do Itep.
Na semana passada, o órgão conclui o resultado do exame necroscópico, encontrando sinais de torturas no preso, como unhas arrancadas, sangramento no ânus e 51 queimaduras espalhadas pelo corpo.
“Mesmo com todos esses dados, o laudo em nenhum momento fez menção a possibilidade de tortura. Então, estamos solicitando informações mais detalhadas”, explicou o delegado de Nísia Floresta.
De acordo com Vicente Gomes, a grande dificuldade no inquérito policial será colher informações juntos aos servidores que trabalham em Alcaçuz. Ele informou que vai ouvir todos eles. “Cada equipe de serviço é composta por 22 pessoas, então, vamos ter ai 88 depoimentos, que correspondem a 88 versões”, avalia.
A ideia do delegado é identificar os servidores que tiveram contato com o preso dentro de Alcaçuz. “Nós estamos trabalhando com a hipótese de tortura, por todos os sinais encontrados. Além disso, acreditamos que isso tenha sido cometido por mais de um animal, mais de um monstro”, declara.
Vicente Gomes informa que existe tanto a possibilidade do preso ter sido torturado por agentes penitenciários como por outros detentos da penitenciária.
“Se tiver sido outro preso, nós vamos enquadrar como homicídio, tendo em vista que o crime de tortura é específico e só pode ser cometido por um funcionário. Nesse caso, o responsável ou responsáveis serão indiciados por homicídio qualificado”.
O delegado comentou ainda que ao final do inquérito caso não tenha se chegado a autoria do crime, mesmo assim ele não ficará impune. “A responsabilidade do estado já existe. A partir do momento que ele tem a guarda e não protege de forma consistente, vindo acontecer alguma lesão, os familiares podem entrar com ação, independente de quem é o autor. Mas, isso é feito dentro da esfera cível”, ressaltou Vicente Gomes.
André Wagner estava detido em Alcaçuz desde o dia 1º de julho. Ele matou a mulher e arrancou a cabeça dela, no Santarém, na Zona Norte de Natal. No dia 14 de agosto, o preso deixou a penitenciária estadual com uma suposta infecção e deu entrada no Hospital Santa Catarina.
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