quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PM aponta integrantes de um grupo de extermínio

Ciro Marques - repórter

Depois de um período em que as execuções ficaram menos comuns na Grande Natal, parece que os grupos de extermínio voltaram à atividade. Após  dois duplos homicídios ocorridos em um intervalo de 10 horas, outras duas mortes e mais uma tentativa de homicídio foram registradas na noite de segunda-feira, em uma estrada carroçável no distrito de Mangabeira, em Macaíba.

Adriano AbreuPolicial Marcelo Miguel, mesmo ferido com dois tiros, chegou a uma granja para pedir socorroPolicial Marcelo Miguel, mesmo ferido com dois tiros, chegou a uma granja para pedir socorro




















Josemar Gomes, 43, e Charles Paiva da Silva, 29, foram as vítimas mortas. Além deles, o soldado da PM, Marcelo Miguel da Silva, 36, conseguiu escapar após ser atingido por dois tiros nas costas. Ele foi socorrido, passou por cirurgia e está internado no Hospital Walfredo Gurgel, onde prestou depoimento sobre o caso e, inclusive, identificou os responsáveis pelos crimes: dois são ex-PMs e outros dois são conhecidos dele, do bairro Nordeste, zona Oeste de Natal.

Segundo relato do PM Marcelo Miguel, ele estava em uma moto, com Charles Paiva na garupa. Em outra moto, estava Josemar Gomes. Quando o trio passava pela rua da Torre, no Bairro Nordeste, onde mora o PM, eles foram abordados por quatro homens em uma caminhonete cabine dupla de cor prata. Charles, Josemar e Marcelo Miguel, que estava desarmado e sem a farda, foram rendidos, amarrados e colocados na caçamba da caminhonete.

Marcelo Miguel diz que a caminhonete desviou ao ver duas viaturas da PM, e foi em direção ao distrito de Mangabeira, em Macaíba. Ao chegarem em uma estrada carroçável e perceber que o carro iria parar, Marcelo Miguel conseguiu se soltar das amarras, pulou da caçamba e correu. O PM ainda foi atingido por dois tiros nas costas, mas conseguiu chegar até uma granja, localizada próximo à rua do “Fio”, em Mangabeira. Lá, ele pediu ajuda e conseguiu se salvar. Charles e Josemar também tentaram correr após se soltarem das amarras, mas foram atingidos e morreram no local – um a cerca de 30 metros do outro.

Moradores
Quem teria coragem de socorrer em sua casa - localizada em uma estrada carroçável, onde raramente se vê policiais militares em patrulha e a iluminação se restringe às luzes das residências - um homem ensanguentado, pouco depois de ter ouvido mais de 10 tiros? O granjeiro Lenilson Batista da Silva, 36, não. Ele e mais seis trabalhadores que prestam serviços em uma granja próxima ao local onde ocorreu o duplo homicídio se negaram, por medo, a socorrer o PM Marcelo Miguel.

“Ouvimos os tiros e já ficamos apreensivos porque aqui é muito perigoso, tem assalto direto. Aí, vimos ele (Marcelo Miguel) pulando as cercas, cheio de sangue e pedindo ajuda. Corremos para dentro de casa e fechamos as portas. Ele ainda disse que era PM e pediu socorro, mas não sabíamos quem era e não iríamos arriscar”, contou Lenilson Batista. Segundo o granjeiro, o policial ainda ficou procurando um jeito de entrar na casa, até que encontrou o celular de Lenilson do lado de fora e ligou para pedir ajuda. “Ele atendeu uma ligação da minha mulher e disse que estava baleado. Ela pensou até que fosse eu e desmaiou. Depois, ele usou o celular para ligar e pedir socorro”, contou Batista.

Depois de 40 minutos sangrando do lado de fora da casa, Marcelo Miguel foi socorrido por outros policiais militares e pelo Samu, sendo encaminhado para o Hospital Walfredo Gurgel. No caminho, ele informou à Polícia das mortes no local e contou, rapidamente, que tinha escapado de uma execução.

Os dois mortos, Charles e Josemar, foram enterrados na tarde de ontem, no cemitério do Bom Pastor. As famílias não quiseram falar com a TRIBUNA DO NORTE. Disseram apenas que não sabiam o que poderia ter acontecido com eles.

Policial é cirurgiado e se recupera

Ao chegar ao Hospital Walfredo Gurgel, Marcelo Miguel passou por um procedimento cirúrgico e se recupera bem. Já está, por sinal, fora de perigo. Consciente, no início da manhã de ontem, ele recebeu e prestou depoimento para o delegado Márcio Delgado, da Divisão Especializada no Combate ao Crime Organizado (Deicor), e para o major Fábio Araújo, comandante do 11º Batalhão da PM.

“A mim, ele contou que estava no local errado e na hora errada, mas só a investigação da Polícia Civil vai apontar o que realmente aconteceu e qual o grau de envolvimento do PM com os outros dois homens, que acabaram mortos”, afirmou Fábio Araújo. Segundo o comandante, Marcelo Miguel confirmou que sabia que os que morreram tinham envolvimento com o tráfico.

Marcelo Miguel identificou dois ex-PM como integrantes do grupo responsável pelo duplo assassinato e pela tentativa de homicídio. “Ele disse que outros dois ele conhecia de vista”, afirmou o major Fábio Araújo. Os nomes dos suspeitos não foram revelados.

Fábio Araújo disse que já havia trabalhado com Marcelo Miguel no 9º Batalhão da PM: “para mim, ele era um bom policial, mas hoje em dia a gente não conhece mais ninguém”. Depois do 9º BPM, Marcelo Miguel, que é policial há 11 anos, foi transferido para a Companhia da Guarda, que garante a segurança nas regiões.

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/pm-aponta-integrantes-de-um-grupo-de-exterminio/160330

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