Olhares curiosos seguem o comboio de veículos pelas ruas estreitas de pedra. O local é Uruaçu, distrito do município de São Gonçalo do Amarante, e o comboio abrigava a equipe de reportagem da série JN no Ar, capitaneada pelo repórter Ernesto Paglia. A matéria sobre a cidade potiguar, a décima segunda da série que irá mostrar 27 cidades brasileiras, uma de cada estado e do Distrito Federal, até o dia 30 de setembro, foi exibida ontem à noite. Na pauta, o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, as atividades econômicas da cidade e a culinária local.
adriano abreu
Ernesto Paglia conversa com o historiador Luiz Eduardo Suassuna sobre os massacre de Uruaçu
A primeira parada da equipe foi no Santuário dos Mártires de Uruaçu, onde o repórter Ernesto Paglia conversou com o professor Luís Eduardo Suassuna, conhecido como “Coquinho” sobre a história dos mártires. De lá, a equipe, acompanhada do secretário de Turismo de São Gonçalo, Raphael Correia, se dirigiu a uma cerâmica da região. O proprietário Cleudo Mendes conversou com Ernesto Paglia sobre o trabalho no local. Antes de continuar a peregrinação pelas principais atividades econômicas da cidade – uma fazenda de carcinicultura foi o destino seguinte – a equipe do JN no Ar visitou Maria Rosângela do Nascimento, proprietária do “Bar da Rosa”. O camarão servido fez sucesso.
De acordo com Ernesto Paglia, o objetivo da série de reportagens do Jornal Nacional é retratar cidades brasileiras que normalmente ficam de fora do noticiário nacional. “Tentamos mostrar tanto as dificuldades quanto as virtudes de cada lugar. Toda cidade tem um orgulho, como é o caso desse camarão servido no Bar da Rosa. Queremos mostrar esse Brasil normalmente distante do noticiário”, afirma. No caso de São Gonçalo do Amarante, chamou a atenção as atividades econômicas e o importante aeroporto em construção.
Por conta do ritmo de trabalho – uma cidade por dia – a rotina da equipe é corrida. São oito pessoas viajando diariamente em um avião próprio, com cerca de 700 quilos de equipamento à bordo. A matéria precisa ser produzida e editada em questão do horas, o que obrigou a produção a carregar uma ilha de edição portátil. Funciona da seguinte maneira: após captar as imagens e fazer as entrevistas, o repórter volta para o aeroporto, onde a produção já se encarrega de reservar uma sala para abrigar a ilha de edição. O texto é construído praticamente no carro e o off – a leitura do texto que acompanha as imagens – é gravado também no aeroporto.
Para dar tempo levar tudo ao ar, sem atropelos, uma outra equipe capta imagens pela cidade e prepara o local para o link ao vivo. Todos os dias Ernesto Paglia participa ao vivo do Jornal Nacional, sempre em um lugar importante na cidade retratada. Ontem à noite, foi a vez do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Com tantos detalhes, é preciso planejamento. Para se ter uma idéia, o trabalho de pesquisa para dar suporte à série foi iniciado em outubro do ano passado e ao chegar na cidade o repórter já tem boa parte das informações necessárias para compor a reportagem.
A correria faz com que os membros da equipe tenham poucas horas de descanso por dia. De acordo com a produção, depois de todo o trabalho, há seis horas para fazer check in no hotel, tomar banho, dormir, acordar, tomar café e cair na estrada novamente.
Reportagem destaca taxa de analfabetismo no Estado
Além de mostrar as peculiaridades históricas e culturais de São Gonçalo do Amarante, 12ª cidade visitada pelo jornalista Ernesto Paglia, através do quadro “JN no Ar”, a reportagem da Rede Globo revelou os principais indicadores sociais e econômicos do Rio Grande do Norte – entre eles o de ter a segunda maior renda média do Nordeste; a quinta economia da região; e também de ter 18% de analfabetos, o sexto índice do país (a taxa divulgada no dia anterior pelo IBGE é, na verdade, de 19,5%). O Aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi lembrando pelo esquecimento de 13 anos de projeto aprovado e até agora ter somente uma pista pronta. “A expectativa é de que até a Copa do Mundo de 2014 a estrutura tenha sido consolidada”, disse Páglia, na reportagem.
O repórter foi acompanhado pelo professor de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Luiz Eduardo Brandão Suassuna, o Kokinho, que relatou detalhes do Massacre de Uruaçu, quando o povoado, localizado na região de São Gonçalo do Amarante, foi vitima dos holandeses que quiseram impor o seu domínio militar, além da sua cultura e sua religião. “Os nativos não aceitaram o domínio e os holandeses promoveram um verdadeiro massacre matando todas as famílias que viviam no povoado”, explicou Kokinho. “A importância para a história é que a reação dessas pessoas ao domínio garantiu a Portugal manter o domínio face a investida holandesa”, completou o professor.
Ernesto Plagia mostrou também o problema ocasionado pelas inúmeras cerâmicas que atuam na região, cujos fornos são movidos a lenha e poluem o Meio Ambiente. Ele mostrou também que as crateras provocadas pela retirada de argilas destinadas às cerâmicas são aproveitadas pelos criadores de Camarão para criatórios dos crustáceos. O criador de camarão Felizardo Moura, atestou a viabilidade do “negócio”. O repórter do Jornal Nacional finaliza a matéria comendo um bom prato de camarão e dizendo se sentir um legítimo potiguar.
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