Dois dias após um tiroteio numa blitz em que um juiz federal e duas crianças foram baleados, o chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, exonerou o delegado Fábio da Costa Ferreira do cargo de titular da
41ª DP (Tanque). Em nota oficial, a polícia informou que a decisão foi tomada para preservar o policial e garantir maior isenção nas investigações.
O tiroteio aconteceu na noite de sábado (2) na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, na Zona Norte da cidade. Segundo a Polícia Civil, o delegado Ricardo Codeceira Lopes irá assumir a 41ª DP.
O juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos, de 39 anos, foi baleado no tórax. Ele deixou o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e foi para um quarto particular do Hospital Pasteur, no Méier, na Zona Norte, na tarde desta segunda-feira (4). Segundo a assessoria do hospital, ele está lúcido, respira normalmente e reage bem ao tratamento.
Já as crianças – o filho do juiz, de 11 anos, e a enteada dele, de 8 anos – seguem internadas no CTI pediátrico do Hospital federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, em estado grave.
A menina apresentou melhora e já respira sem auxílio de aparelhos, segundo informou a assessoria do hospital nesta segunda. Já o quadro clínico do menino, que ainda respira com a ajuda de aparelhos, não apresenta evolução, ainda de acordo com o hospital.
Tiros partiram de outro carro, diz testemunha
Uma testemunha, que também teve o carro atingido por balas, contou na 41ª DP (Tanque) que os tiros partiram de homens armados que seguiam na direção de seu carro. O comerciante, que vinha atrás do carro do juiz, disse que só depois ficou sabendo que eram policiais.
“Tinham dois carros dando ré na minha frente. Fiz a volta e quando fiz o contorno, eles aumentaram a quantidade de tiros em cima do meu carro”, contou o comerciante.
O carro do juiz foi periciado e as armas dos policiais da 41ª DP que estavam na blitz foram recolhidas.
Policiais alegaram que revidaram tiros
Os seis policiais participaram da blitz estão afastados do trabalho nas ruas. Eles prestam serviços internos na delegacia. Segundo a polícia, os agentes envolvidos no caso alegaram que revidaram disparos contra ocupantes de um Honda Civic preto que passava pela via e que só depois ficaram sabendo que o carro de um juiz tinha sido atingido por tiros.
No entanto, o depoimento do comerciante desmente a versão dos agentes ao afirmar que os policiais atiraram contra o carro do magistrado. Nesta semana, a polícia espera ouvir uma segunda testemunha que, em entrevista à uma rádio, também nega a versão dos policiais.
O Chefe de Polícia Civil Allan Turnowski adiantou que, nesta segunda-feira (4), o carro do juiz será desmontado. O objetivo é encontrar possíveis fragmentos de projéteis para a realização do confronto balístico entre o fuzil usado por um dos policiais na blitz e os quatro tiros que atingiram o carro da vítima.
Segundo Turnowski, caso seja confirmado que os policiais inventaram uma versão para justificar o erro, os mesmos serão exonerados da instituição. Os seis agentes já prestaram depoimento e os fatos narrados foram diferentes. Apenas dois policiais disseram que atiraram, sendo que um relatou ter atirado em direção ao mato. Os outros apenas afirmaram que ouviram tiros.
Fonte: G1 RJ via Direito dos Policiais.
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