Em vésperas de eleições, neste ano de 2010, no âmbito das instituições de segurança pública, tem sido comum se ouvir o seguinte bordão: “Policial vota em policial”, em campanhas que visam direcionar os milhares de votos dos policiais brasileiros a candidatos “da casa”. Que fenômeno é esse, onde os profissionais de segurança pública clamam por representantes próprios no âmbito político?
Primeiro é preciso observar que não é algo novo a eleição de policiais para cargos públicos, já que muitos estados possuem deputados e vereadores oriundos das polícias – principalmente das militares (o Senador Romeu Tuma foi delegado da Polícia Federal). A profissão policial propicia um relacionamento contínuo com várias pessoas e colegas de trabalho, o que torna pouco difícil aos mais populares a aquisição de alguns adeptos de sua campanha na corporação em que serve. Porém, o ponto-chave do que assistimos hoje é que não se trata de um candidato convidando a tropa para uma mobilização, mas a tropa clamando por um candidato para implementá-la.
A Proposta de Emenda Constitucional de número 300, a PEC 300, que visa criar um piso salarial nacional para os policiais brasileiros está tendo um papel fundamental na construção desse sentimento. Nunca houve mobilização dessa magnitude envolvendo policiais brasileiros – com consciência de corpo em busca dum objetivo comum. As frustrações impostas por políticos desinteressados nas causas policiais vêm mostrando a necessidade de representantes efetivamente preocupados com a categoria.
Mas é preciso ficar atento, pois o ser policial não é um selo de qualidade, deixando o candidato livre da desídia com a classe, tendo intenções e ideais nobres voltados para a categoria e para a segurança pública. Estudar as idéias e o histórico de cada candidato é fundamental para decidir em quem votar.
Por outro lado, é plenamente possível que candidatos que não sejam policiais tragam propostas mais atrativas, bem como biografias mais confiáveis do que os policiais candidatos.
Assim, a questão de ser ou não policial é menos importante, em comparação com as medidas que cada candidato impõe para sua agenda. Observado este aspecto, pode ser louvável eleger alguém “da casa”, pelas vivências e conhecimento de causa daquele que tem a experiência dos que são vítimas do descuido político estatal.
O Especial Eleições 2010 e Segurança, é um espaço onde analisaremos as práticas políticas, as promessas, as propostas e as tendências no campo da segurança pública para o próximo pleito eleitoral. Naturalmente, sem discutir candidatos nem partidos, mas sempre focando nas idéias. Participe!
Fonte: http://abordagempolicial.com/2010/06/policial-vota-em-policial/
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