quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Momentos de crise: entenda o papel de um negociador em sequestros

Momentos de crise: entenda o papel de um negociador em sequestros

Conheça também o Posto de Comando, veículo do BME que tem cama, banheiro e sala de reunião




Foto: Leonardo Soares
Leonardo Soares
Tenente coronel Ramalho, comandante do BME

Quando o Batalhão de Missões Especiais (BME) é acionado para atender a uma ocorrência complexa, como o caso do pai que fez a filha e a namorada reféns dentro de casa em Cariacica, nesta segunda-feira (15), eles são os primeiros a chegar e permanecem no local por tempo indeterminado, enquanto o crime não é elucidado. A figura do negociador, que participa do primeiro contato da polícia com o criminoso em situações de crise, é – talvez – a peça chave para que um sequestro termine bem.

E para ser um negociador é preciso, antes de qualquer preparação, ser um policial diferenciado. "É preciso ter características especialíssimas de personalidade”, adianta o comandante do BME no Estado, tenente coronel Ramalho. “Vai desde a seriedade com o serviço até a ficha individual do policial, que o diferencia dos demais. E também é preciso que ele tenha realmente a habilidade para a oratória. Que ele consiga dar prosseguimento à conversa, ao ponto de o 'camarada' se entregar", explica.



A preparação para ser um negociador começa com um curso de gerenciamento de crise, que engloba as habilidades de entender todo o cenário em que se passa um crime, para que o policial tenha uma visão ampla do que é uma ocorrência com refém e de como gerenciar uma situação de crise.

"Depois, temos os cursos específicos. O policial vai ter aula de neurolinguística, aulas com psicólogos e psiquiatras para saber os efeitos das drogas, por exemplo, e o que pode oscilar a emoção do criminoso em uma ocorrência".

E o principal objetivo do negociador no local do crime é acalmar os ânimos e evitar que seja necessária uma abordagem mais violenta, tentando convencer o criminoso a desistir de continuar cometendo o crime. “A palavra de um negociador é sempre uma palavra amiga. É sempre para apaziguar a situação, mas usando as técnicas necessárias. Nem sempre a aproximação da família é benéfica. A gente pode estar falando de aproximação em que o criminoso quer se matar. E se você aproxima a mãe, e ele decide atirar? São ferramentas que podemos utilizar, mas que têm que ser muito bem avaliadas, sobre em qual momento devem ser utilizadas”.

Posto de Comando

Para os casos de operações que já começam com previsão de longa duração, o BME também conta com um reforço de peso. Acumulando as funções de sala de reuniões e ponto de descanso, o Posto de Comando é uma unidade móvel que conta tanto com espaço para definir as estratégias de atuação em uma situação de crise, além de banheiro e cama para aliviar a tensão durante as operações.

O veículo, que é como um motorhome adaptado, também possui computadores, armários para armazenar documentos e um quadro para traçar estratégias ou definir horários.

Veja no vídeo abaixo o Posto de Comando do BME:

O crime na visão de um negociador

A duração de um curso de negociador é de aproximadamente um mês. Entretanto, embora o período seja aparentemente curto, o curso é intensivo e não é exclusivo para policiais do Batalhão de Missões Especiais. Mas em situações mais críticas, como o caso do sequestro em Cariacica, é o BME quem age. E o negociador chega ao local assim que a polícia dá início do trabalho.


Foto: Marcos Fernandez
Marcos Fernandez
Equipes do BME aguardam negociação de sequestro em Cariacica
“Ele chega em um horário estratégico, que é o momento do primeiro contato da polícia com o criminoso. Esses primeiros 30 minutos são os mais críticos em uma operação, assim como o momento em que o criminoso é rendido”, explica o comandante do BME.

A participação do profissional responsável pela negociação ocorre na primeira etapa de uma ocorrência, seja em sequestros, manifestações ou qualquer outra ocorrência. E sem tempo para terminar a conversa. “É até bom que o tempo passe, como foi o caso da ocorrência de Cariacica. Pois caso ele esteja sob o efeito de drogas, esse efeito passa e o criminoso volta à realidade”.

Caso não haja sucesso na negociação, o próximo passo é a utilização de agentes não letais, como as armas de choque. Se ainda assim a situação se agravar e houver ameaças de morte, entram na operação os atiradores de elite. E, por último, a invasão tática.

Em um sequestro, há três perfis de autoria

Ainda na primeira fase de uma ocorrência, o negociador lida com três tipos de criminoso. O primeiro é a pessoa mentalmente perturbada, perfil em que se enquadra o pai que fez a filha e a namorada reféns. O segundo tipo é o criminoso comum, que faz reféns em um assalto, por exemplo. E o terceiro é o criminoso do sistema prisional, que mantém reféns durante uma rebelião.

O criminoso que mais “dá trabalho” a um negociador é o mentalmente perturbado, principalmente por conta das oscilações de comportamento. “Ou sob o efeito de droga ou sob o sentimento de perda de alguém que ele ama, ele toma as pessoas ao redor como reféns. Então é preciso paciência e habilidade para contornar isso”, esclarece o comandante do BME.

Fonte: GAZETA ONLINE

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/10/noticias/cidades/1464439-momentos-de-crise-entenda-o-papel-de-um-negociador-em-sequestros.html

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