domingo, 10 de outubro de 2010

Armada, perigosa e brincalhona

Armada, perigosa e brincalhona - 28/01/2009 às 21:11h

Única mulher da tropa de elite de SP coleciona Barbies e armas

Colecionadora de bonecas e fã de armas de fogo, essa é Kelly Vicentini
Trancafiadas em suas caixas, dezenas de Barbies parecem observar em silêncio a metamorfose de outra loura. Num apartamento em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, Kelly Vicentini Neves Caldeiras, 24 anos, 55 quilos e 1,67 metro, tira a camisa polo rosa-claro da Lacoste e coloca um uniforme preto com o desenho de um tigre e a inscrição GOE, Grupo de Operações Especiais. Ela arranca do pulso um relógio Oakley modelo Crush 2.0, avaliado em R$ 890, e substitui os brincos longos de bijuteria, 'bonitos e baratos', por outros menores. Na pele, maquiagem leve, batom discreto e autobronzeador Lancôme para dar alguma corzinha à pele alva, herança dos antepassados que vieram da Suíça e da Itália. Diante de adesivos de florzinha na janela, ela afivela um cinturão com duas pistolas automáticas. No pulso direito, um elástico preto para prender o cabelo durante as abordagens nas ruas e nas favelas. Com uma submetralhadora a tiracolo, Kelly se junta ao noivo, Rodrigo Augusto Said, 32, que carrega uma carabina. O casal está pronto para o trabalho.

O destino deles é o bairro de Campo Belo, na Zona Sul paulistana, onde fica a sede do GOE, grupo de elite especializado em apoiar a Polícia Civil em ações de alto risco, a exemplo da reconstituição do assassinato de Isabela Nardoni e a reação aos ataques do PCC, em maio de 2006. No local, em meio a um armamento pesado e 162 homens mal-encarados, pôsteres de mulheres peladas dividem espaço com os dois símbolos do grupo: uma imagem tosca de uma caveira escura e outra de um tigre com a boca escancarada. É um ambiente tão masculinizado quanto uma borracharia ou uma classe de engenharia mecatrônica.

ENTRE BARBIES E PISTOLAS
Mas Kelly se sente à vontade nesse Clube do Bolinha uniformizado que ela própria ajudou a romper no início do ano, quando se tornou a primeira mulher a conquistar o posto de investigadora desde a criação do grupo, em 1991. E apesar do nome burocrático do cargo, a função da loira tem mais a ver com tiroteios e resgates do que com depoimentos e análises de documentos.

Antes do GOE, Kelly trabalhou cinco anos no Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), outra força especial da Polícia Civil, em que também foi a primeira mulher a ser aceita nos 26 anos de existência da unidade. Teve de batalhar para superar a resistência dos outros policiais. 'Eles imaginavam que eu não aguentaria o ritmo e pediria para sair', diz. A loura conquistou o respeito dos colegas e só saiu de lá cinco anos depois, e direto para o GOE.

Kelly ainda estava no Garra, em março do ano passado, quando começou a namorar Rodrigo. No início de 2008 ela deixou a casa dos pais, no bairro do Tatuapé, seus dois cães (o schnauzer Bigodinho e o pequinês Bolinha) e parte da sua coleção de 100 Barbies para ir morar com o investigador no apartamento de 240 metros quadrados que ele conta ter herdado da avó.

Rodrigo é o chefe de Kelly. Mas em casa os papéis se invertem. É ele quem cozinha, já que ela só sabe 'passar patê no pão'. Uma piada corrente na equipe de investigadores é que os policiais devem enviar solicitações de folga e outros pedidos para Kelly antes de encaminhá-los a Rodrigo. 'Tem de falar com quem manda', dizem. Mas na hora de receber o salário, pelo menos, os dois são iguais: segundo Kelly, cada um ganha R$ 2.500 por mês.


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