Cerco aos traficantes
Uma intensa troca de tiros entre traficantes e homens das Forças Armadas foi registrada na tarde de ontem, durante a ação de cerco ao Complexo do Alemão, em mais um dia de operações de combate ao narcotráfico no Rio de Janeiro. O efetivo de 800 homens da Brigada Paraquedista Militar do Exército estão controlando todos os acessos da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, na Penha, zona norte do capital fluminense, como forma de evitar a fuga dos traficantes que na quinta-feira se dirigiram para o Alemão, após ação militar na Vila Cruzeiro. Segundo o subsecretário de Planejamento Operacional da Secretaria de Segurança Pública do estado, Roberto Sá, a prefeitura da cidade também vai bloquear todas as entradas das duas comunidades, onde vivem cerca de 100 mil pessoas, a fim de fechar o cerco contra o tráfico.
Em entrevista coletiva na tarde de ontem, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou que militares com experiência no Haiti também foram convocados para ajudar a polícia do Rio nas operações para conter asérie de ataques, que tiveram início no último domingo. "Caberá ao Exército e ao Ministerio de Defesa a função de proteção ao perímetro. A Marinha e Força Aérea atuarão no apoio logístico", explicou Jobim. Ainda segundo o ministro, o país vive "uma mudança de paradigma" no que diz respeito as relações entre o ministério e os governos estaduais.
Na ocasião, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, comemorou a união das Forças Armadas e da Polícia Militar no combate ao crime no Rio de Janeiro. Para Cabral, a ação conjunta representou "um dia histórico". "Estamos virando uma página muito importante do Rio. Mas a reconquista de território da paz não é mágica, é um trabalho de médio a longo prazo", ponderou o governador. Os ataques promovidos por criminosos durante toda esta semana na capital fluminense e na região metropolitana do Rio de Janeiro já deixaram 96 veículos queimados, entre ônibus, vans e carros de passeio. Pelo menos duas cabines da Polícia Militar foram metralhadas. As polícias Civil e Militarprenderam, desde o início da semana, 192 pessoas e 39 morreram em confrontos com as forças de segurança do estado. Dois policiais militares ficaram feridos em troca de tiros com os bandidos.
Tranquilidade
A população do Rio de Janeiro viveu, ontem, um dia aparentemente mais tranquilo após os incidentes dos últimos dias e depois que as forças de segurança ocuparam, na quinta-feira, a Vila Cruzeiro. A entrada da polícia na Vila Cruzeiro, reduto dos narcotraficantes mais perigosos da cidade, foi considerada a maior operação policial realizada no Rio na luta contra o narcotráfico. A Polícia Militar conseguiu espantar os bandidos e tomar o controle da favela graças ao apoio da Marinha, que forneceu veículos blindados e equipamento militar para a missão.
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