quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Acordo Brasil-EUA vai acelerar rastreamento de armas no país


Fachada da Atlantic Guns, loja de armas em Silver Spring, no Estado
 de Maryland, Estados Unidos. - Foto: Reprodução de internet

WASHINGTON E RIO - Um parceria entre investigadores do Brasil e dos Estados Unidos vai acelerar o processo de rastreamento de armas americanas envolvidas em crimes em território brasileiro. Atualmente, a troca de informações pode levar meses. A Polícia Federal e o Escritório de Armas, Tabaco e Armas de Fogo (ATF, na sigla em inglês) dos EUA vão assinar, no início do ano que vem, um acordo que vai permitir que agentes da PF enviem pedidos de rastreamento de armas pelo sistema online da ATF, conhecido como “e-trace”.

Com o acordo, serão eliminados milhares de ofícios de papel com as solicitações de rastreamento. A ATF leva, em média, entre sete e dez dias para concluir o levantamento de cada arma. O resultado da investigação também será disponibilizado online.

— O e-trace é um sistema simples, baseado na internet, no qual uma agência de polícia dentro ou fora dos Estados Unidos pode apresentar um pedido de rastreamento diretamente à ATF — explica Charles Houser, diretor do Centro Nacional de Rastreamento da agência.
Charles Houser, diretor do Centro 
Nacional de Rastreamento da ATF. - Foto: Marcelo Gomes


Rastrear uma arma significa descobrir o seu caminho desde o fabricante, passando pelo grande distribuidor e pela loja de revenda, até o último comprador registrado. Com o rastreamento, é possível provar o envolvimento de um suspeito num crime, além de identificar possíveis traficantes e rotas de tráfico de armas.

No Brasil, as polícias civis não lidam diretamente com a ATF. Os pedidos de rastreamento são feitos à Polícia Federal, que os encaminha à agência via Interpol.

A lentidão da troca de informações atrapalha o ritmo de investigações da Polícia Civil do Rio. Até maio, a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) havia entregue à PF 12 ofícios com pedidos de rastreamento de armas americanas. Cinco meses depois, apenas dois pedidos haviam sido respondidos. E mesmo assim, os rastreamentos foram negativos, isto é, não foi possível identificar o caminho dessas duas armas.

Em 2009, das 26 solicitações feitas pela Drae, apenas três haviam sido respondidas até setembro. E apenas uma arma teve o seu comprador identificado.

— Atualmente, os ofícios são entregues pessoalmente na Superintendência da PF no Rio, que os encaminha para Brasília e, em seguida, para a ATF. A resposta das solicitações de rastreamento levam, em média, quatro meses para chegar à Drae. Numa investigação de homicídio, por exemplo, isso é muito tempo. Espero que com o e-trace o processo seja agilizado — diz Andreia Gouveia, do setor de estatísticas da Drae.
Vídeo: rotina de trabalho dos peritos de balística do Instituto de Criminalística Carlos Éboli

A ATF iniciou o rastreamento de armas envolvidas em crimes nos EUA em 1988. Agora, a agência também investiga a origem de armas apreendidas em outros países, inclusive no Brasil. Por ano, 30 mil armas apreendidas fora dos Estados Unidos são rastreadas. Entre 1994 e novembro deste ano, 8.037 armas recuperadas no Brasil foram investigadas.
Leia a quinta e última reportagem da série Violência sem fronteiras
Confira as quatro primeiras reportagens da série Violência sem fronteiras:

O mercado de R$ 1 bilhão que move o crime entre Brasil e EUA

Armas brasileiras envolvidas em um crime a cada 1h30m nos EUA

Nos EUA, armas brasileiras e drogas andam de mãos dadas 

Nos EUA, 'CSI' identificou 9 armas usadas em crimes por dia 

http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/

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