Eclipses
Um eclipse acontece sempre que um corpo entra na sombra de outro. Assim, quando a Lua entra na sombra da Terra, acontece um eclipse lunar. Quando a Terra é atingida pela sombra da Lua, acontece um eclipse solar.
Sombra de Um Corpo Extenso
Na parte superior da figura acima vemos a região da umbra e da penumbra da sombra. Na parte inferior, vemos a aparência da fonte para os pontos A a D na sombra.
Quando um corpo extenso (não pontual) é iluminado por outro corpo extenso definem-se duas regiões de sombra:
- umbra: região da sombra que não recebe luz de nenhum ponto da fonte.
- penumbra: região da sombra que recebe luz de alguns pontos da fonte.
A órbita da Terra em torno do Sol, e a órbita da Lua em torno da Terra, não estão no mesmo plano, ou ocorreria um eclipse da Lua a cada Lua Cheia, e um eclipse do Sol a cada Lua Nova.
Linha dos Nodos
O plano da órbita da Lua está inclinado 5,2 ° em relação ao plano da órbita da Terra. Portanto só ocorrem eclipses quando a Lua está na fase de Lua Cheia ou Nova, e quando o Sol está sobre a linha dos nodos, que é a linha de intersecção do plano da órbita da Terra em torno do Sol com o plano da órbita da Lua em torno da Terra.
Eclipses do Sol e da Lua são os eventos mais espetaculares do céu. Um eclipse solar ocorre quando a Lua está entre a Terra e o Sol. Se o disco inteiro do Sol está atrás da Lua, o eclipse é total. Caso contrário, é parcial. Se a Lua está próxima de seu apogeu (ponto mais distante de sua órbita), o diâmetro da Lua é menor que o do Sol, e ocorre um eclipse anular.
Como a excentricidade da órbita da Terra em torno do Sol é de 0,0167, o diâmetro angular do Sol varia 1,67% em torno de sua média, de 31'59". A órbita da Lua em torno da Terra tem uma excentricidade de 0,05 e, portanto, seu diâmetro angular varia 5% em torno de sua média, de 31'5", chegando a 33'16", muito maior do que o diâmetro máximo do Sol.
Um eclipse total da Lua acontece quando a Lua fica inteiramente imersa na umbra da Terra; se somente parte dela passa pela umbra, e resto passa pela penumbra, o eclipse é parcial. Se a Lua passa somente na penumbra, o eclipse é penumbral. Um eclipse total é sempre acompanhado das fases penumbral e parcial. Um eclipse penumbral é difícil de ver diretamente com o olho, pois o brilho da Lua permance quase o mesmo. Durante a fase total, a Lua aparece com uma luminosidade tênue e avermelhada. Isso acontece porque parte da luz solar é refractada na atmosfera da Terra e atinge a Lua. Porém essa luz está quase totalmente desprovida dos raios azuis, que sofreram forte espalhamento e absorção na espessa camada atmosférica atravessada.
Eclipses do Sol
Durante um eclipse solar, a umbra da Lua na Terra tem sempre menos que 270 km de largura. Como a sombra se move a pelo menos 34 km/min para Leste, devido à órbita da Lua em torno da Terra, o máximo de um eclipse dura no máximo 7 1/2 minutos. Portanto um eclipse solar total só é visível, se o clima permitir, em uma estreita faixa sobre a Terra, chamada de caminho do eclipse. Em uma região de aproximadamente 3000 km de cada lado do caminho do eclipse, ocorre um eclipse parcial.
Como a Lua se move aproximadamente 12° por dia, para leste, em relação ao Sol (360°/29,5 dias= 12°/dia), o que implica numa velocidade de:
A velocidade de um ponto da superfície da Terra devido à rotação para leste da Terra é,
Como a velocidade da Lua no céu é maior do que a velocidade de rotação da Terra, a velocidade da sombra da Lua na Terra tem o mesmo sentido do movimento (real) da Lua, ou seja, para leste. O valor da velocidade da sombra é, grosseiramente, . Cálculos mais precisos, levando-se em conta o ângulo entre os dois movimentos, mostram que a velocidade da Lua em relação a um certo ponto da Terra é de pelo menos 34 km/min para leste. A duração da totalidade do eclipse, em um certo ponto da Terra, será o tempo desde o instante em que a borda leste da umbra da Lua toca esse ponto até o instante em que a borda oeste da Lua o toca. Esse tempo é igual ao tamanho da umbra dividido pela velocidade com que ela anda, aproximadamente,
Na realidade, a totalidade de um eclipse dura no máximo 7 1/2 minutos. Um eclipse solar total começa quando a Lua alcança a direção do disco do Sol, e aproximadamente uma hora depois o Sol fica completamente atrás da Lua. Nos últimos instantes antes da totalidade, as únicas partes visíveis do Sol são aquelas que brilham através de pequenos vales na borda irregular da Lua, um fenônemo conhecido como "anel de diamante", já descrito por Edmund Halley no eclipse de 3 de maio de 1715. Durante a totalidade, o céu se torna escuro o suficiente para se observar os planetas e as estrelas mais brilhantes. Após a fase de "anel de diamante", o disco do Sol fica completamente coberto pela Lua, e a coroa solar, a atmosfera externa do Sol, composta de gases rarefeitos que se extendem por milhões de km, aparece. Note que é extremamente perigoso olhar o Sol diretamente. Qualquer exposição acima de 15 segundos danifica permanentemente o olho, sem apresentar qualquer dor!
Eclipses da Lua
Um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. À distância da Lua, 384 mil km, a sombra da Terra, que se extende por 1,4 milhões de km, cobre aproximadamente 3 luas cheias. Em contraste com um eclipse do Sol, que só é visível em uma pequena região da Terra, um eclipse da Lua é visível por todos que possam ver a Lua. Como um eclipse da Lua pode ser visto, se o clima permitir, de todo a parte noturna da Terra, eclipses da Lua são muito mais freqüentes que eclipses do Sol, de um dado local na Terra. A duração máxima de um eclipse lunar é 3,8 hr, e a duração da fase total é sempre menor que 1,7 hr.
Temporada de Eclipses
Se o plano orbital da Lua coincidisse com o plano da eclíptica, um eclipse solar ocorreria a toda Lua nova e um eclipse lunar a toda Lua cheia. Entretanto, o plano está inclinado 5,2 ° e, portanto, a Lua precisa estar próxima da linha de nodos (cruzando o plano da eclíptica) para que um eclipse ocorra. Como o sistema Terra-Lua orbita o Sol, aproximadamente duas vezes por ano a linha dos nodos está alinhada com o Sol e a Terra. Estas são as temporadas dos eclipses, quando os eclipses podem ocorrer. Quando a Lua passar pelo nodo durante a temporada de eclipses, ocorre um eclipse.
Como a órbita da Lua gradualmente gira sobre seu eixo (com um período de 18,6 anos de regressão dos nodos), as temporadas ocorrem a cada 173 dias, e não exatamente a cada meio ano. A distância angular da Lua do nodo precisa ser menor que 4,6° para um eclipse lunar, e menor que 10,3 ° para um eclipse solar, o que estende a temporada de eclipses para 31 a 38 dias, dependendo dos tamanhos aparentes e velocidades aparentes do Sol e da Lua, que variam porque as órbitas da Terra e da Lua são elípticas, de modo que pelo menos um eclipse ocorre a cada 173 dias.
Entre dois e sete eclipses ocorrem anualmente. Em cada temporada usualmente acontece um eclipse solar e um anular, mas podem acontecer três eclipses por temporada, numa sucessão de eclipse solar, lunar e solar novamente, ou lunar, solar e lunar novamente. Quando acontecem dois eclipses lunares na mesma temporada os dois são penumbrais. As temporadas de eclipses são separadas por 173 dias [(1 ano - 20 dias)/2].
Data | Tempo Dinâmico | Latitude | Longitude | Tipo de |
(centro) | (centro) | (centro) | Eclipse | |
15 Jan 2010 | 07:07:39 | 2 N | 69 E | Anular do Sol |
11 Jul 2010 | 19:34:38 | 20 S | 122 O | Total do Sol |
4 Jan 2011 | 08:51:42 | 65 N | 21 E | Parcial do Sol |
1 Jun 2011 | 21:17:18 | 68 N | 47 E | Parcial do Sol |
1 Jul 2011 | 08:39:30 | 65 S | 29 E | Penumbral do Sol |
25 Nov 2011 | 06:21:24 | 69 S | 82 O | Parcial do Sol |
20 Mai 2012 | 23:53:54 | 49 N | 176 E | Anular do Sol |
13 Nov 2012 | 22:12:55 | 40 S | 161 O | Total do Sol |
10 Mai 2013 | 00:26:20 | 2 N | 175 E | Anular do Sol |
3 Nov 2013 | 12:47:36 | 3 N | 12 O | Total do Sol |
29 Abr 2014 | 06:04:33 | 71 S | 131 E | Anular do Sol |
23 Out 2014 | 21:45:39 | 71 N | 97 O | Parcial do Sol |
20 Mar 2015 | 09:46:47 | 64 N | 7 O | Total do Sol |
13 Set 2015 | 06:55:19 | 72 S | 2 O | Parcial do Sol |
9 Mar 2016 | 01:58:19 | 10 N | 149 E | Total do Sol |
1 Set 2016 | 09:08:02 | 11 S | 38 E | Anular do Sol |
26 Fev 2017 | 14:54:33 | 35 S | 31 O | Anular do Sol |
21 Ago 2017 | 18:26:40 | 37 N | 88 O | Total do Sol |
15 Fev 2018 | 20:52:33 | 71 S | 1 E | Parcial do Sol |
13 Jul 2018 | 03:02:16 | 68 S | 127 E | Parcial do Sol |
11 Ago 2018 | 09:47:28 | 70 N | 174 E | Parcial do Sol |
6 Jan 2019 | 01:42:38 | 67 N | 154 E | Parcial do Sol |
2 Jul 2019 | 19:24:07 | 17 S | 109 O | Total do Sol |
26 Dez 2019 | 05:18:53 | 1 N | 102 E | Anular do Sol |
21 Jun 2020 | 06:41:15 | 31 N | 80 E | Anular do Sol |
14 Dez 2020 | 16:14:39 | 40 S | 68 O | Total do Sol |
Data | Tempo Dinâmico | Tipo de |
(centro) | Eclipse | |
26 Jun 2010 | 11:39:34 | Parcial da Lua |
21 Dez 2010 | 08:18:04 | Total da Lua |
15 Jun 2011 | 20:13:43 | Total da Lua |
10 Dez 2011 | 14:32:56 | Total da Lua |
04 Jun 2012 | 11:04:20 | Parcial da Lua |
28 Nov 2012 | 14:34:07 | Penumbral da Lua |
25 Abr 2013 | 20:08:38 | Parcial da Lua |
25 Mai 2013 | 04:11:06 | Penumbral da Lua |
18 Out 2013 | 23:51:25 | Penumbral da Lua |
15 Abr 2014 | 07:46:48 | Total da Lua |
08 Out 2014 | 10:55:44 | Total da Lua |
04 Abr 2015 | 12:01:24 | Total da Lua |
28 Set 2015 | 02:48:17 | Total da Lua |
23 Mar 2016 | 11:48:21 | Penumbral da Lua |
16 Set 2016 | 18:55:27 | Penumbral da Lua |
11 Fev 2017 | 00:45:03 | Penumbral da Lua |
07 Ago 2017 | 18:21:38 | Parcial da Lua |
31 Jan 2018 | 13:31:00 | Total da Lua |
27 Jul 2018 | 20:22:54 | Total da Lua |
21 Jan 2019 | 05:13:27 | Total da Lua |
16 Jul 2019 | 21:31:55 | Parcial da Lua |
10 Jan 2020 | 19:11:11 | Penumbral da Lua |
05 Jun 2020 | 19:26:14 | Penumbral da Lua |
05 Jul 2020 | 04:31:12 | Penumbral da Lua |
30 Nov 2020 | 09:44:01 | Penumbral da Lua |
A diferença entre o Tempo Dinâmico e o Tempo Universal, devido principalmente à fricção causada pelas marés, aumenta de 67s em 2010 para 74s em 2020.
Saros
O Sol e o nodo ascendente ou descendente da Lua estão na mesma direção uma vez cada 346,62 dias. Dezenove de tais períodos (=6585,78 dias = 18 anos 11 dias) estão próximos em duração a 223 meses sinódicos. Isto significa que a configuração Sol-Lua e os eclipses se repetem na mesma ordem depois deste período. Este ciclo já era conhecido pelos antigos Babilônios, e por razões históricas, é conhecido como Saros, que significa repetição em grego.
Modificada em 3 jun 2012
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