Com o lançamento de "Tropa de Elite 2", é natural que alguns fabricantes tentem pegar carona no sucesso com produtos que remetam ao filme. Mas é apropriado transformar uma história tão violenta em brincadeira de criança?
Foi o que fez a empresa Roma Brinquedos, fabricante do Roma Tático Blindado, apelidado de "Caveirão", por ser claramente inspirado no veículo usado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia do Rio de Janeiro para invadir favelas à caça de traficantes.
Marcos Jensen, diretor de marketing da empresa, diz não ver um conflito ético em dar a uma criança um brinquedo que remete à violência. "Eu e meus irmãos constumávamos brincar de 'polícia e ladrão'. Quando vimos o Caveirão (na TV), tivemos a inspiração (de fabricar o brinquedo)."
Jensen não informa quantos já foram produzidos, mas a expectativa é boa. "Se o mercado continuar no mesmo ritmo, esperamos boas vendas."
Questionado sobre como espera que as crianças se sentiriam ao receber um Caveirão de presente no próximo dia 12 de outubro, Jensen respondeu que elas adorariam, "pois remetem elas ao realmente brincar no sentido da palavra (sic)".
Mas tem gente que não achou graça. O Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária) já suspendeu uma propaganda do Caveirão feita para a TV. "A Roma Brinquedos completou 50 anos e sempre nos pautamos pela ética, então acatamos a decisão do Conar em retirar do ar a propaganda, mas estamos recorrendo", diz Jensen.
A representação contra a propaganda do Caveirão foi feita pelo Instituto Alana, ONG que atua pela regulamentação da publicidade direcionada para crianças. "Nós soubemos desse comercial que estimulava um comportamento agressivo para crianças e fizemos a denúncia ao Conar, que concedeu liminar recomendando a suspensão da veiculação da propaganda no dia 27 de agosto", conta Isabela Henriques, advogada do Instituto Alana. "O Conselheiro Relator do caso, João Roberto Vieira da Costa, entendeu que havia uma dramatização associada à violência. A propaganda mostrava dois meninos fardados, brincando como se estivessem numa ação policial."
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