sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Traficantes diversificam seus negócios e aumentam ainda mais os lucros

Traficantes diversificam seus negócios
e aumentam ainda mais os lucros

Criminosos chegam a cobrar 10% do valor da venda de imóveis nas favelas
Marcelo Bastos e Mario Hugo Monken, do R7 | 24/12/2010 às 11h25
André Mourão/Agência O Dia
André Mourão/Agência O Dia
Central de TV a cabo clandestina encontrada na favela Vila Cruzeiro, na Penha

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Além dos lucros astronômicos com a venda de drogas, os traficantes do Rio viram nas favelas dominadas por eles um grande mercado consumidor e, assim como as milícias, passaram a explorar serviços e a ganhar ainda mais dinheiro.
Um dos serviços mais explorados são as centrais clandestinas de TV por assinatura, as chamadas "gatonet". Com mensalidades que giram em torno de R$ 20 e pacotes completos das principais empresas do setor, a TV por assinatura está presente em praticamente todas as casas das favelas no Rio. Todo o dinheiro arrecadado vai para o tráfico.
Recentemente, também foi muito popularizado nas favelas os ‘gatos’ de sinais de internet por banda larga, chamados de "gatovelox". O controle sobre a revenda de gás nas favelas também saiu das mãos de pequenos empresários para as mãos do tráfico, exatamente como nas comunidades dominadas por milícias. Esses depósitos clandestinos também vendem água mineral. Sobre cada botijão e garrafão d’água, uma taxa vai para o tráfico.
Outro serviço que rende muito dinheiro para os traficantes é o transporte alternativo, que circula dentro das favelas onde não há transporte público regular. Em cada comunidade, há centenas de mototaxistas e dezenas de kombis transportando moradores e pagando taxas semanais ao tráfico. No morro do Dendê, na Ilha do Governador, na zona norte, os topiqueiros têm que pagar R$ 200 toda semana para o traficante Fernandinho Guarabu, o dono do morro.
Na maior parte das comunidades, a venda de imóveis também precisa passar pelo aval dos traficantes, que precisam saber quem será o novo morador. Normalmente, o tráfico cobra 10% do valor da venda do imóvel.
Manobrista de água e investimento em imóveis
Com o abastecimento de água precário na maior parte das favelas, uma pessoa chamada de manobrista de água fica responsável por não deixar faltar água em nenhuma parte da comunidade. Ele manobra o sistema de forma que todos os moradores recebam água durante um determinado período de tempo. Para este serviço e para a entrega de cartas, via associação de moradores, é cobrada taxa de R$ 10 em algumas favelas.
Como forma de lavar o dinheiro do tráfico e da exploração de serviços ilegais, muitos criminosos investem na compra de casas para alugar na própria comunidade. Como os imóveis não têm documentos reconhecidos pela prefeitura, eles não correm risco de perdê-los, nem mesmo se a comunidade receber uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), que combate, por exemplo, as "gatonets".
Os bandidos também investem em estabelecimentos comerciais. A maior parte das lojas, como mercadinhos, de material de construção, confecções, entre outros, são de propriedade dos traficantes.
Além disso, os traficantes lavam o dinheiro da venda de drogas em bens fora das comunidades e colocam em nomes de laranjas. O chefão do tráfico na Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, por exemplo, tinha lojas de acessórios de veículos e de venda de gelo, uma gráfica, além de bares. Tudo estava em nome de terceiros. 

http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/traficantes-diversificam-seus-negocios-e-aumentam-ainda-mais-os-lucros-20101224.html

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