Estacionadas há mais de três meses no pátio do Complexo Tático Operacional do Batalhão de Choque, na avenida Prudente de Morais, as 24 ambulâncias entregues pelo presidente Lula no dia 09 de junho para o Governo do Estado devem esperar pelo menos até o fim do mês para estarem nas ruas do Rio Grande do Norte. As ambulâncias serão utilizadas na interiorização do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu). É preciso, antes de pôr os veículos à disposição da população, estruturar o funcionamento do SAMU no interior do Estado.
Alex Fernandes
Vinte e quatro ambulâncias foram entregues pelo governo Federal
Até hoje apenas a Região Metropolitana de Natal é coberta pelo Samu. Desde junho, o Governo do Estado se esforça para levar o Serviço para o interior do Estado. As ambulâncias chegaram antes da infraestrutura mínima para o funcionamento do Samu. “O prazo para a entrega das ambulâncias pelo Ministério da Saúde era outro. Não podíamos deixar de receber ou iríamos perder os veículos”, diz Selma Santiago, diretora do Consórcio Intermunicipal de Saúde do RN, que irá gerir o SAMU no interior.
A expectativa do Consórcio é dar início às atividades do Samu em cidades fora da Região Metropolitana de Natal no fim de outubro. O prazo inicial era setembro, mas não pôde ser cumprido. Nesse primeiro momento, as ambulâncias irão atender uma região de 60 municípios, fixada pelo Consórcio, que vai de Macau a Baía Formosa. Trata-se de uma ampliação na área atual do Samu, restrita aos municípios da Região Metropolitana de Natal. A central de regulação, em Macaíba, será ampliada, ao mesmo tempo em que bases de apoio serão criadas em 20 dos municípios da região.
As outras duas regiões – o Estado foi dividido em três para interiorizar o Samu – ficarão sob a influência das centrais em Mossoró, englobando o Alto Oeste, e de Currais Novos, responsável pelo Seridó e arredores. Em Mossoró, já existe uma central de regulação, que também será ampliada. Já em Currais Novos, será preciso criar uma central de regulação nova. O segundo passo será dado em Mossoró e, por último, em Currais Novos. Em 53 municípios do Estado haverá bases de apoio.
Outro ponto muito importante está em andamento: a seleção e capacitação dos profissionais. Segundo cálculos de Selma Santigado, serão necessários 900 profissionais para colocar o serviço em funcionamento. Uma seleção temporária, enquanto não é feito o concurso público, está em andamento, com o edital a ser publicado nos próximos dias. “Tão ou mais importante do que ter estrutura é ter pessoal qualificado”, diz Selma Santiago.
Mesmo assim, a estrutura é motivo de preocupação. Como se sabe, os hospitais regionais do Rio Grande do Norte não estão preparados para dar conta de um grande volume de urgências. Há um déficit de médicos e equipamentos. Será necessário levar os pacientes para Natal? “Sabemos que a “ambulancioterapia” é algo institucionalizado no RN. Mas precisamos de uma estrutura mínima”, diz.
Essa estrutura mínima é avaliada como um atendimento de urgência, com mínimas condições de receber e acompanhar os pacientes, em cada um dos 53 municípios que servirão como base para o Samu ao longo do Rio Grande do Norte. Caso isso não seja possível, os hospitais natalenses continuarão abarrotados de pacientes do interior. “Esperamos diminuir significativamente o número de mortalidade e de pessoas com sequelas no interior do Estado”, encerra.
As 24 ambulâncias paradas no pátio do Complexo Tático Operacional do Batalhão de Choque são apenas uma parte das 77 a ser entregues ao Consórcio. O investimento total para a implantação do SAMU no interior é de R$ 21 milhões, dos quais R$ 13 milhões são de responsabilidade do Governo Federal e o restante do Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário