quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Impedimento da posse foi fabricado para encobrir escândalos, diz Siqueira


Suplente alega que o impedimento de sua posse serviu para desviar o foco da operação Via Ápia, da Polícia Federal, e da morte do jornalista F.Gomes.

Por Débora Ramos

O ex-vereador de Natal e suplente de deputado do Partido Verde, Sargento Siqueira, que teve a posse impedida na última terça-feira (9), em razão de uma ação cautelar deferida pelo Tribunal de Justiça, atribuiu o episódio ao desejo do deputado Nélter Queiroz (PMDB) de desviar o foco dos atuais escândalos que abalaram a classe política estadual. “

Segundo ele, o parlamentar teria encaminhado um ofício ao Ministério Público solicitando a anulação da posse sob a “denúncia fabricada” de que Siqueira – réu no processo da Operação Impacto - seria beneficiado pelo foro privilegiado caso passasse à condição de deputado. 

O objetivo de tal denúncia, ainda segundo Siqueira, seria uma tentativa de diminuir o impacto da recente operação Via Ápia, da Polícia Federal, que resultou na prisão do diretor regional do Dnit, o engenheiro Gledson Maia, sobrinho do deputado João Maia (PR) e do ex-diretor do Senado Agaciel Maia. 

Siqueira levantou ainda a hipótese de que o fato de ter sido impedido de assumir o mandato deixado pelo companheiro de partido Gilson Moura também teria o propósito de “camuflar” a morte do jornalista F.Gomes, assassinado em outubro após denunciar candidatos a deputado de trocar votos por crack na região seridó do Estado. 

“Ele [Nelter Queiroz] calou perante todas estas denuncias. Qual seria o seu interesse em querer levar a Operação Impacto à Assembleia Legislativa com argumentos chulos e incompetentes, senão diminuir a força destes escândalos?”, questionou o suplente na manhã desta quinta-feira, durante entrevista concedida ao jornalista Diógenes Dantas noJornal 96, da 96 FM.

Siqueira criticou a preocupação de Nelter com os supostos benefícios que seriam por ele obtidos ao receber o foro privilegiado ao lembrar do convite feito ao então vereador de Natal Júlio Protássio (PSB) – também réu no processo da Operação Impacto – para assumir a Secretaria Estadual de Esporte e Lazer (SEEL), em abril deste ano. “Por que o deputado Nélter não demonstrou nenhuma insatisfação quando da posse de Júlio Protássio na SEEL?”, ironizou.

O argumento de que seria favorecido pelo julgamento especial também foi desqualificado pelo suplente, que observou que mesmo em foro privilegiado os processos podem ser julgados em instâncias superiores da Justiça não escapando, assim, de uma sentença. “Além disso, o fato de um dos indiciado [Júlio Protássio] já possuir foro privilegiado por si só já me dava o direito, bem como ao restante dos réus, ser julgado de maneira especial; portanto, não havia motivo para criar mais essa celeuma”, cometou.

Sobre as acusações de que a renuncia de Gilson Moura havia partido de uma decisão prévia, tomada ainda durante a campanha em troca de seu apoio, ele comentou: “Não existe razão para dizer que o afastamento foi uma manobra política. A renúncia foi uma decisão unilateral de Gilson Moura. Falam que isso foi exigência de apoio durante a campanha, mas eu rechaço qualquer argumento a esse respeito”. 

De acordo com Siqueira, o motivo que fez Moura decidir pelo abandono do mandato foi familiar e que o fato do deputado Nélter Queiroz distorcer o acontecimento de maneira a criticar tal decisão foi um ato “covarde e mesquinho”. O deputado [Gilson Moura], pela sua simplicidade optou por não expor sua família; é ser muito cruel querer sugerir que ele tinha um acordo prévio. Isso foi uma insinuação maldosa”.

Ainda durante a entrevista, Sargento Siqueira comentou o constrangimento com o qual tomou conhecimento do fato de que não seria empossado no último dia 9. Na presença de mais de 300 convidados, entre os quais seu pai, de 82 anos, o suplente afirmou que recebeu a decisão da Justiça “com muita tranquilidade” e disse que pretende recorrer.

Operação Impacto
Ex-vereador de Natal, Sargento Siqueira é um dos réus no processo da Operação Impacto. A operação, deflagrada em julho de 2007, provocou um dos maiores escândalos envolvendo vereadores de Natal. Oito parlamentares foram citados nas investigações sobre um suposto esquema de pagamento de propina, dentro da Câmara Municipal, durante a votação do Plano Diretor da capital do estado.

Quando questionado sobre os efeitos danosos das acusações em sua carreira política, Siqueira confirmou que o caso realmente promoveu um impacto em sua imagem. Apesar disso, ele espera que a Justiça se apresse em julgar o processo “para que possa, enfim, provar sua inocência”. “Acredito na isenção da Justiça, assim como acredito na minha absolvição. Não tenho nenhuma condenação, apenas um processo, por isso ando com a cabeça erguida”.


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