sexta-feira, 11 de junho de 2010

PMs são indiciados por tentativa de homicídio na zona Norte


Ciro Marques - Repórter

Pouco mais de 90 dias depois, a Divisão Especializada no Combate ao Crime Organizado (Deicor) entregou ao Ministério Público os inquéritos sobre a morte do policial militar José Nelson Fernandes, conhecido como J. Fernandes, 36 anos, e a tentativa de homicídio contra o pedreiro Jackson Michel da Silva, 21. Neste, mais dois PMs, além dos dois que já estão presos, foram indiciados.

No inquérito criado para investigar a morte de J. Fernandes, Jackson Michel foi indiciado por homicídio. No outro, que tem ele como vítima, foram indiciados os policiais militares Wendel Fagner Cortez de Almeida, Rafael de Souza, que já estão presos, e Marcos Antônio da Silva e Cristiano Tavares da Rocha, que continuam em liberdade.

Todos são lotados no 4º Batalhão da Polícia Militar, localizado na zona Norte de Natal. Com a conclusão das investigações, ocorrida na quarta-feira, agora o caso será analisado pelo MP e é dele a responsabilidade por pedir ou não o mandado de prisão à Justiça.

“Wendel e Rafael já se encontram presos temporariamente, mas fiz dois pedidos de prisão preventiva junto com a conclusão do inquérito para eles. Marcos Antônio e Cristiano Tavares também foram indiciados, mas ainda não foram presos", afirmou o delegado Ronaldo Gomes, que comanda a Deicor.

Além de envolvimento na tentativa de homicídio contra o pedreiro, Wendel é suspeito de agressão adolescentes no final de 2009, enquanto Rafael de Souza é acusado de agressão contra a mulher – Lei Maria da Penha. Os dois estão presos no Quartel da PM, na zona Norte. 

Jackson Michel também já está em poder do sistema penitenciário, no entanto, ainda não se sabe onde. “Nem mesmo eu sei onde ele está, porque conseguiu o programa de proteção a testemunha, da Polícia Federal, e agora recebe escolta policial", afirmou o delegado. Na última vez que foi divulgado o paradeiro de Jackson Michel, ele estava internado no Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, se recuperando do tiro que sofreu no fêmur - ele sofreu três disparos, os outros foram no abdômen e no braço.

Investigação continua
Apesar de já concluídos os inquéritos - com mais de 700 páginas os dois - sobre a morte de J. Fernandes e da tentativa de homicídio contra Jackson Michel, a Deicor continua trabalhando no referente ao homicídio da doméstica Francisca Lúcia Lopes Dantas, 30 anos. Ela era companheira de Jackson Michel e foi morta também no dia 5 de março, pouco tempo depois de deixar a Delegacia de Plantão da Zona Norte, onde havia prestado depoimento sobre o homicídio do policial.

Entre os possíveis envolvidos no homicídio da doméstica, está o agente penitenciário Jackson Souza Alves, que foi preso no dia 9 de abril, junto aos PMs Wendel e Rafael de Souza. “Essa investigação ainda está sendo feita e, até o momento, ainda não foi confirmado o envolvimento do agente penitenciário na morte. Até por isso, não fizemos o pedido de renovação da prisão temporária e ele deve ser solto em poucos dias", afirmou o delegado.

Somente com a investigação desses casos já foi possível perceber uma diminuição dos registros de execução ocorridas na zona Norte de Natal. Pelo menos, é o que aponta o delegado da Deicor, Ronaldo Gomes. “Os homicídios com características de execução diminuíram graciosamente, porque perceberam que o trabalho de investigação estava sendo feito", afirmou.

Memória
Segundo o inquérito policial, no início da madrugada do dia 5 de março de 2010, na rua Wilma de Faria, localizada no loteamento Dom Pedro II, no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, os policiais militares identificados como J. Fernandes, Talles e Jerry, de serviço na viatura 410, invadem a residência onde Jackson Michel e Francisca Lúcia moram com mais quatro menores de 18 anos - dois filhos da doméstica, um bebê que ela cuidava e mais uma amiga.

A intenção dos PMs no local é extorquir. “Não havia nada na casa de Jackson que o caracterizasse como traficante, por isso, ele não pode ser suspeito de tráfico de drogas, como acusaram os PMs na época". A porta da frente é arrombada, os policiais entram e começam a ameaçar Jackson Michel, que pega o revólver escondido no quarto e atira contra um dos invasores: J. Fernandes. A bala entra por um espaço no colete à prova de balas, e atinge o coração do soldado, que morre em alguns instantes.

Jerry e Talles chamam reforços, outras viaturas chegam ao local. Jackson Michel é desarmado, jogado no chão e atingido por três disparos. Na residência, os PMs atiram aproximadamente 50 vezes. Encaminhado para o hospital Santa Catarina, Jackson Michel é internado em estado grave, enquanto a mulher dele, Francisca Lúcia, é conduzida pelos PMs para a Delegacia de Plantão da Zona Norte, onde presta depoimento e fica até às 9h30.

Ao deixar a DP e ir em direção ao ponto de ônibus, para voltar para casa, a doméstica é abordada por dois homens em uma moto e atingida quatro vezes na cabeça por disparos de pistola calibre .40, de uso exclusivo das Forças Armadas. Francisca Lúcia cai morta em via pública. Ninguém consegue ver a identidade dos atiradores.

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/pms-sao-indiciados-por-tentativa-de-homicidio-na-zona-norte/150931

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