O Ministério Público Estadual se reunirá hoje com os representantes das Secretarias de Mobilidade Urbana (Semob), Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Prefeitura e Ongs para discutir o projeto de remoção das árvores localizadas na Avenida Salgado Filho entre as Avenidas Alexandrino de Alencar e Antônio Basílio. O projeto, de acordo com o secretário adjunto de Trânsito da Semob, Haroldo Maia, não sofreu alterações desde que foi apresentado pela primeira vez ao Ministério Público, no início deste ano. Para a promotora do Meio Ambiente, Rossana Sudário, a remoção das árvores não impedirá que novos pontos de congestionamento surjam nas avenidas em questão ou em outros pontos da cidade.
Emanuel Amaral
Projeto prevê retirada das árvores na avenida Salgado Filho
O projeto encaminhado à promotora visa remover as árvores e alargar a via, criando mais uma faixa de escoamento no sentido Centro-zona Sul. “Nosso projeto visa acertar a geometria viária daquele ponto com o alargamento da via em 1,5m e recuo do canteiro”, afirma Haroldo Maia. Além da criação da faixa extra (aumentando para três), as árvores retiradas dos canteiros seriam replantadas em outros locais da cidade e duas passarelas seriam construídas para o tráfego dos pedestres que circulam no shopping e para acesso, principalmente, dos estudantes ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN). No projeto, as passarelas seriam construídas ligando o Midway Mall à calçada do IFRN, cruzando a Av. Salgado Filho e a outra sairia da calçada do Instituto para a Av. Bernardo Vieira, no sentido oposto à passarela que existe atualmente. O fluxo de veículos circulando naquele trecho aumentaria em 50%, de acordo com informações da Semob.
Para Haroldo, a questão da segurança dos pedestres e o fim dos congestionamentos naquele trecho são os pontos mais importantes a serem defendidos pela Prefeitura e suas secretarias durante a reunião de hoje. Sobre a remoção das árvores - um dos pontos questionados pelo Ministério Público e por Ong´s de proteção ao meio ambiente - Haroldo Maia comenta que elas estão num estado de saúde crítico e são um risco à integridade física dos pedestres que circulam diariamente naquele entorno.
Mesmo diante de melhorias pontuais, Rossana Sudário, recomendou a suspensão do projeto e solicitou à Prefeitura e às secretarias envolvidas, um novo e mais complexo estudo no qual deve haver um detalhamento da condição do trânsito em Natal. “Não adianta retirarmos árvores e alargarmos avenidas em apenas um ponto. Os problemas de congestionamentos em Natal são generalizado”. Ela aponta, ainda, que aquelas árvores são de suma importância para a redução da sensibilidade térmica na cidade, além do conforto paisagístico. Uma das soluções, segundo a promotora, seria transformar avenidas como a Prudente de Morais e Salgado Filho, em vias de mão única.
No início do ano, um grupo de estudantes do IFRN fez uma mobilização no cruzamento das Avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, contra a derrubada das árvores. Rossana aponta que a sociedade é consciente de que não será a repaginação daquela área que acabará com os problemas de trânsito em horários de pico. Além disso, todo o custo da obra seria de responsabilidade do shopping Midway Mall, devido à necessidade de ampliar o fluxo de veículos que circulam pelo complexo comercial. Durante a reunião, a promotora irá propor aos envolvidos a desistência do projeto.
Como parte da sua argumentação, Rossana Sudário irá apresentar um estudo realizado pelo professor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sobre o estado de saúde e os impactos da retirada das árvores. “O Ministério Público fez uma proposta que a prefeitura ainda não analisou, não recebi resposta (em referência ao estudo do trânsito na cidade). O MP quer entrar num consenso. Caso contrário, entraremos com uma ação civil pública e caberá ao Judiciário decidir a questão da retirada ou não das árvores e a cobrança do estudo detalhado sobre o trânsito em Natal”.
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