COMBATE AO CRIME
Um duro golpe nas finanças do tráfico no Alemão
Do GLOBO
Prejuízo do tráfico foi de R$ 50 milhões
Quadrilha perdeu armas, imóveis, veículos e 42 toneladas de drogas
Por Antônio Werneck, Daniel Brunet e Taís Mendes
Um cálculo aproximado feito ontem pela cúpula da Polícia Civil estimou que a quadrilha dos traficantes do Complexo do Alemão teve um prejuízo de R$ 50 milhões. A soma é resultado da apreensão de 42 toneladas de maconha, cerca de 300 quilos de cocaína, centenas de motocicletas e mais de 15 automóveis. Foram ainda apreendidos centenas de fuzis, pistolas, dinheiro e imóveis. O delegado Eduardo Clementino, que representa a Polícia Civil no comando das operações e fazia os cálculos, lembra que os números não estão fechados e podem aumentar nos próximos dias, já que agentes buscam drogas e armas.
— Também estamos atingindo o centro nervoso do traficante: sua economia. E isso é muito melhor, mais eficiente — afirmou Ronaldo Oliveira, diretor do Departamento de Polícia Especializada da Polícia Federal.
Agentes vasculham cerca de 30 mil casas Após a retomada do Alemão, agentes de diferentes forças de segurança vasculham as cerca de 30 mil casas em busca de armas, drogas e traficantes. Até a noite de ontem, 13 pessoas — entre elas, uma mulher — tinham sido presas. Segundo a Polícia Militar, foram apreendidos ontem 15 pistolas, cinco revólveres, 12 fuzis, cinco submetralhadoras, uma metralhadora .30, três espingardas e 48 granadas, além de munição. Houve ainda apreensão de 73 quilos de cocaína e certa quantidade de maconha e crack.
Uma equipe da Coordenadoria de Operações Especiais (Core), com o auxilio de três cães farejadores, subiu o Morro da Grota para vasculhar casas e fazer possíveis apreensões. No caminho até o alto, na estação do teleférico, os policiais vistoriaram casas.
— Bom dia! Dá para o senhor abrir a porta? Pode ficar tranquilo que o cachorro não morde
— disse um dos policiais a um senhor que observava a movimentação no portão de casa.
Em geral, os moradores não criam resistência. Em uma casa, porém, uma jovem começou a chorar quando um rapaz foi algemado por policiais — ele foi liberado após os agentes confirmarem, pelo rádio, que não tinha passagem na polícia. Em algumas casas, pequenos panos brancos pendurados nas por-
tas anunciam o desejo de paz.
Policiais localizaram uma casa abandonada com um cachorro no quintal. A residência de dois cômodos estava toda revirada. O portão foi aberto por uma vizinha, que acabou ficando com o cachorro.
— Com certeza era a casa de algum traficante que, na fuga, deixou o cachorro para trás — comentou um policial.
Um policial contou ter encontrado um bilhete em uma das portas, onde o morador explicava que tinha ido trabalhar, mas que deixara a porta aberta para o caso de uma visita policial. Ele pediu apenas que a tropa tives se cuidado na entrada, já que seus filhos estavam dormindo.
O calor forte obrigou os policiais a fazerem paradas no trajeto até o alto do morro. Uma das principais preocupações era com os cães farejadores, e não faltaram moradores oferecendo água para refrescá-los.
Os presos pela PM, ontem, foram levados para o 16 BPM (Olaria). O grupo ficou durante todo o tempo dentro de um micro-ônibus da corporação, enquanto os policiais verificavam documentos e confirmavam o
envolvimento deles com o tráfi-
co. Policiais do 3 BPM (Méier) prenderam um jovem que fora flagrado, há três meses, empunhando um fuzil de mira telescópica. Após ser informado das imagens, ele disse que largou o tráfico há dois meses.
À noite, a polícia apresentou Marcele Otaviano, de 25 anos, mulher de Marcus Vinícius de Souza Barreto, o Rambo, que seria segurança do traficante Pezão. Ela foi presa em casa, na Fazendinha, onde a polícia encontrou um revólver, material para embalar drogas e fotos de Rambo, mostrando notas de R$ 100 e fazendo o símbolo de uma facção criminosa.
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